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Sérgio All, o banqueiro que veste as luvas de goleiro aos finais de semana

Para All, a posição do goleiro se relaciona com o cargo de CEO

Sérgio All em ação: partidas aos sábados e pós-jogos regados a pastel e caldo de cana (Leandro Fonseca/Exame)

Sérgio All em ação: partidas aos sábados e pós-jogos regados a pastel e caldo de cana (Leandro Fonseca/Exame)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 22 de março de 2024 às 06h00.

As manhãs de sábado de Sérgio All, fundador e co-CEO da Conta Black, são dedicadas ao futebol. Mais especificamente às traves do gol em um campo no bairro do Mandaqui, na zona norte de São Paulo. “Meu ex-sócio costumava jogar com esse grupo e um dia fui conhecê-los. Fiz as minhas defesas e me convidaram para jogar. Isso foi há sete anos. É um grupo familiar com mais de 30 anos, que agora já está na segunda e terceira gerações”, conta o executivo, que tem o apelido “Aranha” no time.

Ainda que hoje o futebol seja um hobby, muito antes de fundar a Conta Black Sérgio All considerava se profissionalizar no esporte. Durante a adolescência, aos 16 anos, o torcedor do São Paulo foi convidado a treinar profissionalmente.

“Cresci no Jardim Santo Eduardo, no Embu das Artes, e lá tinha um professor que fazia intercâmbio de futebol do Brasil com outros países, como Alemanha e França. Fui chamado para sair do futebol de salão e treinar no campo”, conta. Na época, All trabalhava como office boy e passava os dias carregando malas com cheques para protestar em dez cartórios de São Paulo, o que lhe rendeu tendinites. Dessa forma, seu sonho de uma carreira no futebol se encerrou. “Não foi uma frustração, acabei entendendo que não era para mim.”

Na família de All o esporte sempre esteve presente. O irmão mais velho jogava basquete, vôlei, handebol e futebol, e Sérgio o acompanhava. Os seis irmãos, cinco homens e uma mulher, tinham agenda fixa aos fins de semana.

“Todo sábado à tarde saíamos para jogar bola com meu pai”, lembra All. O patriarca trabalhava como metalúrgico e ia trabalhar todos os dias às 4 da manhã. Mas os sábados eram dedicados ao futebol. “Depois ele ia para o churrasco com os companheiros de trabalho. Na volta ficávamos em casa chupando cana e depois jogávamos bola juntos”, lembra. O lazer do pai, após os jogos de sábado, era a tradicional carne na brasa. Para All, é um pastel de calabresa e um caldo de cana com gengibre na feira.

Ainda que a posição de goleiro não seja a escolha mais atraente entre os jogadores, para o executivo a escalação traz aprendizados para além do esporte.

“As pessoas não veem emoção no gol, mas no drible. O goleiro é o cara da pose, que defende, que faz as melhores defesas, e também o pior frango. É também aquele que consegue ver os buracos no campo e orientar os jogadores. O papel do goleiro é estratégico. Depois do técnico, é ele quem está vendo todo o jogo”, diz.

Para All, a posição do goleiro se relaciona com o cargo de CEO. “Gosto de ter a visão do todo. Porque o papel do CEO, por mais que ele tenha uma visão de tudo, é manter o olhar no crescimento e nos resultados da empresa. Faço muito bem esse papel, e isso me ajuda na liderança”, diz.

Além do futebol de verdade,  All joga do sofá de casa, no videogame. “No banco temos um time que se reúne online aos domingos”, conta. Antes de fundar a Conta Black, ao lado da esposa, Fernanda Ribeiro, All montou a SOS Games, um site com dicas de jogos com mais de 50.000 conteúdos online.

Mais tarde, criou a iBeats, agência de comunicação desenvolvedora de sites para clientes de segmentos diversos, como Daslu, Puma, Ford e Land Rover. Em 2017, com Ribeiro, fundou a Conta Black, banco digital voltado para a democratização dos serviços bancários para pessoas negras e periféricas.

“Agora que a Fernanda assumiu o papel de CEO, eu voltei um pouquinho para a época em que atuava na área de comunicação, um lado mais estratégico, para entender o relacionamento com os investidores e o momento do banco, identificar os players e aonde queremos chegar”, diz. “Entender e passar os obstáculos. Consigo exercer isso como se fosse no futebol, como se estivesse debaixo do travessão.”

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