Revista Exame

O Walmart agradece

Após vencer o leilão para a compra do GBarbosa, a chilena Cencosud encara o ingrato desafio de enfrentar a maior varejista do mundo

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2011 às 13h05.

A compra da rede varejista GBarbosa pelos chilenos da Cencosud causou reações distintas nos líderes do setor. Entre os executivos de Carrefour e Pão de Açúcar, a sensação reinante foi a estupefação.

Afinal, os chilenos surgiram no leilão do GBarbosa -- segunda maior varejista do Nordeste, com faturamento de 1,5 bilhão de reais -- como azarões absolutos e bateram as propostas dos rivais. Já na sede do Wal-Mart, terceira maior varejista do país, a reação foi um mis to de alívio e alegria.

Desde 2004, quando comprou o Bompreço, a rede americana é líder no Nordeste, região estratégica por seu alto crescimento. Pela primeira vez, portanto, a rede se via diante da possibilidade de ter seu reinado ameaçado com a chegada de um de seus maiores concorrentes no país -- Carrefour e Pão de Açúcar. Mas os chilenos levaram.

E o Wal-Mart agradece. "O cenário não podia ser melhor para os americanos", diz Camilo Pereira, especialista em varejo da consultoria AT Kearney.

A vitória dos chilenos foi um capítulo anormal na disputa pela liderança do varejo nacional. Hoje, Carrefour e Pão de Açúcar estão praticamente empatados na primeira posição, com faturamento aproximado de 17,5 bilhões de reais, enquanto o Wal-Mart tem receita superior a 13 bilhões de reais.

Em cada uma das principais regiões do país, pelo menos duas das empresas têm participação dominante, tornando a competição acirrada e as margens de lucro apertadas.

A exceção era o Nordeste, onde o Wal-Mart liderava. Na prática, a chegada dos chilenos mantém o status quo no mercado nordestino. O GBarbosa era uma rede exclusivamente local, sem os benefícios que surgem para uma varejista com escala nacional.


Com presença em diversos estados e faturamento maior, uma rede como o Wal-Mart pode obter melhores preços com grandes fornecedores, uma imensa vantagem em relação a um rival que só atua em uma região. Era o que acontecia com o GBarbosa -- e continuará acontecendo com a novata Cencosud.

Para os chilenos, as dificuldades serão basicamente duas. Em primeiro lugar, eles enfrentarão o imenso desafio de adaptar-se ao peculiar mercado nordestino. A Cencosud deve faturar 7 bilhões de dólares em 2007. É a segunda maior rede chilena de supermercados e atua também na Argentina e na Colômbia, onde tem shopping centers e lojas de material de construção.

"Há uma diferença profunda entre o Nordeste e os mercados onde a Cencosud atua, especialmente no que diz respeito à informalidade", diz Marcos Gouvêa de Souza, sócio da GS&MD, consultoria especializada em varejo. Justamente para amenizar esse choque, os chilenos manterão os administradores atuais do GBarbosa.

A outra dificuldade, porém, não tem nada de amena. Trata-se do apetite do Wal-Mart para manter a liderança no Nordeste. Dez lojas serão inauguradas ainda neste ano na região. Parte da estratégia prevê a construção em áreas vizinhas às unidades do GBarbosa. Um dos pontos de ataque é a loja mais rentável do GBarbosa, localizada no shopping Jardins, em Aracaju.

Segundo EXAME apurou, apenas essa loja responde por 15% de toda a geração de caixa da rede -- e o Wal-Mart está construindo um hipermercado justamente nas cercanias do shopping.

Os novos donos do GBarbosa afirmam não se incomodar com a perspectiva de competir com a maior varejista do mundo. "Conhecemos os nossos competidores, suas características e potencialidades", disse Laurence Golborne, presidente da Cencosud, na teleconferência em que anunciou a aquisição. "Não tememos nenhum deles."

Acompanhe tudo sobre:CencosudComércioEmpresasEmpresas americanasEmpresas chilenasFusões e AquisiçõesSupermercadosVarejoWalmart

Mais de Revista Exame

Cocriação: a conexão entre o humano e a IA

Passado o boom do ChatGPT, o que esperar agora da IA?

O carro pode se tornar o seu mais novo meio de entretenimento

Assistentes de IA personalizáveis ajudam a melhorar a experiência do cliente

Mais na Exame