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UFC: o gosto pelo esporte é mais forte que a crise

Para o vice-presidente do UFC, a maior recessão da história do Brasil não atrapalha o crescimento da empresa de lutas no país

Joe Carr: “Mais brasileiros do que americanos pagam pelo ingresso vip dos eventos do UFC” (Foto/Divulgação)

Joe Carr: “Mais brasileiros do que americanos pagam pelo ingresso vip dos eventos do UFC” (Foto/Divulgação)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 27 de março de 2017 às 05h55.

Última atualização em 27 de março de 2017 às 11h18.

São Paulo – Depois de realizar em Curitiba, em maio de 2016, o terceiro maior evento da história do UFC no mundo, os executivos da empresa definiram uma estratégia: o Brasil sediaria, no mínimo, três eventos por ano. Até agora os resultados mostram que a decisão foi acertada: todos os 14 000 ingressos colocados à venda para uma noite de lutas em Fortaleza, no dia 11 de março, foram vendidos — 108 deles com preços entre 1 850 e 2 250 reais. Em visita recente a São Paulo, Joe Carr, vice-presidente internacional do UFC, falou a EXAME.

EXAME – 1) Em julho, o UFC, que há 15 anos valia 2 milhões de dólares, foi comprado pelo grupo chinês de entretenimento WME-IMG por 4 bilhões de dólares. O que explica a valorização da marca?

Joe Carr – A expansão para o mundo. A programação do UFC é vista em 156 países, em 29 idiomas. Em muitos desses países temos a segunda maior audiência nos canais que transmitem nossas lutas, depois do futebol. E, desde 2012, 30% da receita vem de fora dos Estados Unidos.

EXAME – 2) Qual é a importância do Brasil para o negócio?

Joe Carr – O Brasil está entre os cinco principais mercados para o UFC, com de 7% a 10% de nossa receita global. Mas pode crescer.

EXAME – 3) Qual é a fórmula do crescimento?

Joe Carr – Reinvestimos 20% da receita arrecadada com os ingressos no marketing do próprio evento para torná-lo ainda mais conhecido. No terceiro maior evento da história do UFC, realizado em 2016, em Curitiba, investimos 1,5 milhão de reais e vendemos 42 000 ingressos em apenas 9 horas. Foi o terceiro maior evento do UFC, atrás apenas dos realizados em Toronto, no Canadá, e em Melbourne, na Austrália.

EXAME – 4) Como a empresa mantém a marca em evidência com eventos esporádicos em cada mercado?

Joe Carr – Promovemos no mundo 38 eventos por ano, o que permite aos fãs assistir a lutas inéditas quase semanalmente pela TV. Eles também acompanham conteúdos nas redes sociais e podem adquirir produtos licenciados. Não precisam necessariamente ver toda semana uma luta ao vivo.

EXAME – 5) Qual é o foco dos investimentos em marketing?

Joe Carr – Uma pesquisa feita em 2016 revelou que temos cerca de 35 milhões de fãs no Brasil — basicamente jovens de 18 a 35 anos, de todas as classes sociais. Nesse universo, 55% são homens e 45% são mulheres. O público feminino cresceu nos últimos anos, à medida que o país passou a ter lutadoras de sucesso, como Amanda Nunes e Cris Cyborg.

EXAME – 6) Mesmo com o Brasil em crise os fãs pagam por ingressos caros na área vip dos eventos?

Joe Carr – Sim. O negócio cresceu na crise de 2008 nos Estados Unidos e agora cresce no Brasil porque esporte é algo que mexe com as pessoas. Um ingresso de 6 000 reais vale 5 horas para assistir a 13 lutas, conhecer os lutadores, tirar fotos, colocar o cinturão, comer e beber, e se sentir parte do UFC. Aqui reunimos, em média, 300 pessoas na área vip. Nos Estados Unidos são pouco mais do que 100 pessoas.

EXAME – 7) O que vocês têm feito para aumentar a base de fãs dos lutadores?

Joe Carr – Para conquistar novos públicos é essencial revelar a história de vida dos lutadores fora dos octógonos. Para isso, usamos as redes sociais, os veículos de comunicação que abordam estilo de vida e promovemos ações sociais. É um trabalho que não pode parar nunca.

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