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Inclusão digital tornou-se a salvação para ataques cibernéticos

A pandemia e as mudanças climáticas mostraram quanto as novas tecnologias são essenciais para ajudar a reduzir os danos causados por tragédias

Novas tecnologias no trabalho rural: o acesso digital tem se mostrado essencial para moradores de áreas afastadas (Edwin Tan/Getty Images)

Novas tecnologias no trabalho rural: o acesso digital tem se mostrado essencial para moradores de áreas afastadas (Edwin Tan/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2022 às 06h00.

Em períodos de crise, as tecnologias digitais fornecem uma tábua de salvação que mantém as pessoas, comunidades e os negócios funcionando. Da pandemia de covid-19 aos conflitos violentos e desastres naturais, estarmos conectados nos permitiu continuar trabalhando, aprendendo e nos comunicando.

A forma como os formuladores de políticas responderam a essas emergências desempenhou um papel muito importante. Em particular, como mostra o novo documento do Comitê de Desenvolvimento do Grupo Banco Mundial, uma regulamentação mais ágil acelerou a digitalização e desencadeou a inovação. No contexto global de hoje de várias crises sobrepostas, isso precisa se tornar norma. A infraestrutura da internet segura e resiliente é uma necessidade fundamental.

Leia também: Como o investimento em tecnologia evita ataques hackers a criptoativos

Durante a pandemia, à medida que cada vez mais nossa vida ficava online, o uso da internet aumentava em todo o mundo. Em 2020, 800 milhões de pessoas ficaram online pela primeira vez, e 58 países de baixa e média renda usaram pagamentos digitais para fornecer auxílio às vítimas da covid-19.

Para gerenciar esse aumento, governos e reguladores em mais de 80 países agiram rapidamente para mudar as regras, incluindo aquelas que regem a alocação do espectro de rádio — as ondas eletromagnéticas usadas para comunicações sem fio.

Em Gana, os reguladores atribuíram espectro de rádio temporário a redes com alta demanda, e todos os provedores de serviços móveis receberam permissão para expandir a cobertura. Isso resultou em um serviço de melhor qualidade para mais de 30 milhões de assinantes de telefonia móvel, permitindo que “fossem trabalhar”, aprendessem online e acessassem serviços essenciais.

As ágeis regulamentações também ajudaram as tecnologias digitais a oferecer suporte crítico a pessoas em situações frágeis e de conflito. Na Ucrânia, a presença de uma forte conexão à internet por meio de links de satélite, mesmo quando a infraestrutura terrestre estava sob ataque, permitiu que o governo se comunicasse com seus cidadãos em tempo real.

No início da guerra, havia previsão de bombardeios e ataques cibernéticos para derrubar a internet, mas inovações como as conexões de satélite mantiveram o país online. Assim, também, o governo ucraniano agiu rapidamente para acelerar permissões e adaptar regras.

Mas uma tábua de salvação digital só é eficaz se for protegida contra ataques cibernéticos, algo que a Ucrânia conhece bem. Por muitos anos, o país tem sido um campo de testes para greves em infraestrutura. ­Hackers realizaram ondas de ataques que atingiram centros de distribuição, call centers e rede elétrica da Ucrânia. 

E não é só a Ucrânia. Todos os países estão vulneráveis a essas incursões. Os Estados Unidos foram vítimas de ataques cibernéticos no ano passado que derrubaram seu maior oleoduto de combustível, deixando muitos americanos em longas filas para encher o tanque de gasolina. E, na África, os quenianos usuários de internet sofreram mais de 14 milhões de incidentes de malware em 2020.

Assim como os ataques cibernéticos, a natureza pode causar danos à infraestrutura de comunicações que exijam uma reação ágil. Uma erupção vulcânica em janeiro deste ano colocou a nação insular de Tonga na escuridão digital. A erupção cortou o único cabo submarino de telecomunicações de Tonga e deixou o país durante 38 dias isolado da internet e de grande parte do mundo exterior. Essa crise gerou discussões sobre como fortalecer a rede e os sistemas de resposta a emergências, para que os tonganeses não corram o risco de apagão digital novamente.

Para mitigar essas vulnerabilidades, liberar a digitalização precisa ser uma alta prioridade, mesmo em períodos de calma relativa. Tecnologias potencialmente transformadoras, mas de rápida evolução, exigem que formuladores de políticas promovam financiamento, regulamentações e instituições que facilitem o teste de novas ideias na vida real.

Alguns países estão começando a fazer progressos. O Cazaquistão está usando uma ágil regulamentação para digitalizar, descentralizar e descarbonizar suas vitais operações de energia. Países como São Vicente e Granadinas e Malásia oferecem planos de baixo custo para usuários mais pobres. 

O acesso digital é essencial para as pessoas em todo o mundo, especialmente os moradores de áreas rurais pouco conectadas, os pobres, as mulheres e os deslocados. Na Nigéria e na Tanzânia, as taxas de pobreza caíram 7 pontos percentuais em áreas com conexão à internet.

Com o mundo enfrentando múltiplas emer­gências, neste momento a inovação está se movendo tão rápido que muitos funcionários, especialmente nos países em desenvolvimento, estão achando difícil acompanhá-la. Mas não deveríamos precisar de uma crise para acelerar a transformação. Agora é a hora de construir uma tábua de salvação digital — antes que o próximo desastre aconteça.

(Arte/Exame)

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