Revista Exame

Conheça o empresário que tem 8.700 pares de tênis (e que valem R$ 60 milhões)

Rodrigo Clemente, CEO da JVMC Participações, tem calçados suficientes para não repetir nenhum modelo por 24 anos e transformou o escritório em um museu de sneakers

Rodrigo Clemente: preferências vão de Nike a Bamba (Leandro Fonseca/Exame)

Rodrigo Clemente: preferências vão de Nike a Bamba (Leandro Fonseca/Exame)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 14 de setembro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 15 de setembro de 2023 às 14h52.

Imagine ter pares de sapatos o suficiente para não repetir nenhum modelo por 24 anos. Nike, Adidas, Puma, Reebok, Vans, Converse, Gucci, Louis Vuitton. A lista dos tênis que Rodrigo Clemente, CEO da JVMC Participações, coleciona  é imensa. Mais do que uma dúzia de sapateiras ou um grande closet, é necessário um apartamento inteiro para guardar parte dos calçados. No bairro de Santa Cecília, em São Paulo, Clemente transformou um de seus escritórios em um santuário dos tênis. Por lá, é possível encontrar desde lançamentos recentes, como o Nike Air Force em colaboração com a Tiffany, até peças da Louis Vuitton de diferentes cores assinadas pela artista plástica Yayoi Kusama. São mais de 3.800 pares dispostos nas paredes.

Jogador de basquete na adolescência, Clemente muitas vezes usava calçados dos outros jogadores. “Recebia tênis usados tamanho 46 e precisava usá-los com meias dentro para caberem nos meus pés 44”, lembra. Em 2017, o armário de Clemente contava com 60 pares de tênis. A vontade de investir nos sneakers surgiu quando foi doar um par do modelo Dream Team, da Nike, usado pela seleção de basquete americana, e descobriu que a peça custava mais de 10.000 dólares. Em seis anos, a coleção cresceu mais de 14.900%, e até o fim do ano Clemente espera ter 9.000 pares de tênis em seu acervo.

Com uma coleção avaliada em 60 milhões de reais, Clemente não se considera um sneakerhead e prefere ser chamado de colecionador de tênis. “Muitas vezes os sneakerheads se resumem a fãs de alguns tênis específicos, como as peças desenvolvidas por Kanye West para a Adidas. Mas essas pessoas provavelmente não conhecem, por exemplo, a trajetória de Pharrell Williams, que não começou agora na moda, até substituir Virgil Abloh na Louis Vuitton. Há muita história para contar, e esse mercado é magnífico.” A relação de Clemente com a moda se resume aos calçados. No corpo ele prefere vestir apenas roupas básicas, como camisetas brancas e pretas e calças confortáveis. “Até com terno em casamento eu uso tênis”, diz.

Uma equipe de três pessoas garimpam os tênis

As compras dos itens não são feitas apenas por Clemente, que conta com uma equipe de três pessoas no Brasil que vão atrás dos sneakers e conferem se não são falsificados. Amigos também o ajudam a completar o acervo. Recentemente, durante uma viagem à China, um amigo de Clemente o avisou sobre o lançamento de um Air Jordan exclusivo no país. “Paguei 1.400 reais, e hoje o tênis vale uns 50.000 reais”, diz. Em média, são adicionados 250 pares por mês à coleção, o que Clemente considera uma quantidade razoá-vel, visto que são lançados em torno de 20 tênis por dia.

Porém, se engana quem pensa que os tênis ficam apenas à mostra nas paredes e guardados em caixas. Usá-los faz parte da rotina de Clemente, que vai todos os dias ao acervo e escolhe um par para usar. Com o escritório no mesmo edifício, o empresário passa em média 12 horas por semana no ambiente dos tênis, escolhendo exemplares para usar, apreciando a coleção, descansando ou levando amigos para visitas.

“Eu sou um apaixonado por inteiro, sou um colecionador e ponto”, diz o empresário, que tem entre seus favoritos para os pés um Bamba nacional, que retornou recentemente ao mercado. “A molecada de hoje precisa saber o que é amarrar o cadarço na canela”, afirma. Hoje, os tênis que mais usa são os da New -Balance, mas, como quem escolhe um time de futebol para levar para a vida, Clemente diz que a Nike é sua marca do coração.

Entre as 8.700 peças ainda falta um exemplar não conquistado: o Nike SB Dunk Low Freddy Krueger. Produzido em 2007, o sneaker homenageia um dos personagens mais famosos dos filmes de terror. Clemente chegou a encontrar um dos 200 exemplares disponíveis por 100.000 dólares, mas não aceitou pagar a quantia. O valor máximo que aceita investir em um par de tênis é 10.000 dólares. “Eu tenho um teto porque depois o tênis pode desvalorizar”, comenta.

Para quem quiser ver de perto a coleção, em breve será inaugurado o museu Mundo Sneaker. Com agendamento prévio será possível entrar no santuário de Clemente, ver e tocar as peças. Também haverá QR codes em cada tênis contando sua história. “Eu tenho os tênis para usar. A minha história é repleta de conquistas e paixão por tênis. Tudo aquilo que você tem em demasia vem de alguma frustração lá de trás. E hoje transformei o meu hobby em um negócio. Quero que as pessoas possam vir ao museu e cultuar os sneakers.”

Neste ano, Clemente iniciou o Festival SneakerX, com vendas e leilões de produtos exclusivos e de edições limitadas, apresentações de música e talks. Mais de 5.000 pessoas participaram do evento, que teve um giro de mais de 500.000 reais. Uma segunda edição está programada para 2024.

Os negócios de Clemente incluem distribuição de bebidas, gastronomia, fintech, reciclagem e marketing, com as marcas Better Drinks, Carnívoros Steak Burger, BLZ Bank, BLZera, BLZ distribuidora e Grão Malte. O investimento em sneakers nao é contabilizado como um braço da empresa. Pelo menos não até agora.


5 dicas para colocar os pés no mercado de sneakers

Troque figurinhas
“Não conhece o mercado? Há muita informação online para aprender sobre esse universo”

Tênis para os pés
“Não adianta você comprar algo que vai estragar com o tempo e não ter a história dele calçada nos seus pés”

Bons investimentos
“Adquira peças que fazem bem a você, e não para os outros verem”

Nada sóbrio
“Coloque cores nos pés, sempre vale a pena”

Mundo Sneaker
“Em breve abriremos o museu, que terá muita informação e histórias sobre o universo dos sneakers”


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