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Da cesta aos vinhos: o executivo do mercado de bebidas que jogou na seleção brasileira de basquete

Fabiano Ruiz, diretor executivo da Henkell Freixenet no Brasil, passou pela seleção brasileira de basquete antes de fazer carreira no mundo dos vinhos

Fabiano Ruiz na quadra de sua casa: hoje, torneios na categoria acima de 45 anos. (Leandro Fonseca /Exame)

Fabiano Ruiz na quadra de sua casa: hoje, torneios na categoria acima de 45 anos. (Leandro Fonseca /Exame)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 23 de novembro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 23 de novembro de 2023 às 12h46.

Poucas carreiras começam tão cedo quanto no esporte. Seja no sonho nacional de ser um jogador de futebol, seja na direção de karts, sejam as crianças que se encontram nas quadras de basquete. Aos 8 anos, Fabiano Ruiz, diretor executivo da Henkell Freixenet no Brasil, dava seus primeiros grandes passos no basquete por sugestão de sua tia paterna. “Meu tio-avô jogou na seleção brasileira e no clube Paulistano. Como eu e meu irmão queríamos fazer um esporte, ela acabou nos colocando para jogar no clube também. Após um ano, mudei para o Esporte Clube Sírio, que era muito mais forte”, lembra.

Toda a trajetória de Ruiz está documentada com recortes de jornal, com seu nome sublinhado em caneta pelo pai, em cartas enviadas pela diretoria do clube parabenizando o jovem pelos títulos conquistados e em fotos de jogos e viagens feitas com as equipes.

Dos 12 aos 14 anos, Ruiz foi considerado o melhor jogador do campeonato paulista nas categorias míni, pré-mirim e mirim pela Federação Paulista, sempre com a camisa número 8. Além de jogar no clube, era cestinha na escola com o time Laranja Mecânica, onde ganhou bolsas de estudo por causa do desempenho no esporte.

A jornada era tripla, com treinos para duas equipes, viagens para disputar campeonatos nacionais e internacionais e, é claro, as aulas. Entre os registros guardados estão cartas enviadas pelo clube pedindo dispensa do colégio para viagens com o time. “Foi aí que começou o home office”, brinca.

A primeira viagem internacional do executivo foi para ­Milwaukee, nos Estados Unidos, para jogar pelo Pinheiros no Festival Mundial de Basquete. “Além dos jogos, conheci garotos de diferentes países, da Itália, do Canadá, da Grécia e da Lituânia, de categorias de 12 a 16 anos”, lembra.

O convite se repetiu por mais um ano e foi estendido para que Ruiz se transferisse para os Estados Unidos para jogar no país. Porém, a mudança foi vetada pelo pai. “Não tenho dúvida de que no campeonato que eu joguei em Milwaukee deve haver atletas que foram jogar na NBA.”

Além dos jogos, a imersão no basquete nas viagens era completa, com palestras com grandes jogadores. “É bom lembrar que os Estados Unidos são o país do basquete. “Nessas viagens você vive o esporte, convive por 15 dias com muitos jogadores. John Stockton, que foi campeão armador da equipe de Michael Jordan, nos deu uma aula sobre disciplina.”

De volta ao Brasil, a rotina de treinos continuava intensa, com diversas seletivas. Mas aos 17 anos, quando estava na seleção brasileira, Ruiz teve uma lesão nas duas coxas, que o levou a refletir sobre seu futuro no esporte. “Estava em Oruro, na Bolívia, e voltei já meio desanimado. Para mim, já tinha chegado no meu auge”, diz. Na época, seu irmão mais velho despontava na noite paulista com boates itinerantes no Guarujá, em Barretos e em Campos do Jordão, e Ruiz foi convidado a trabalhar com ele.

Nas festas ele passou a conhecer o mercado de bebidas e se especializou na área trabalhando com marcas como Absolut e Pernot Ricard. Ruiz está há 14 anos à frente da Freixenet. Atualmente, a marca de vinhos e espumantes possui 35% de share do mercado brasileiro. É a marca de espumantes internacional mais vendida no país, com 3 milhões de garrafas ao ano. Para o próximo ano, a expectativa é chegar a 4 milhões. Quando ingressou na companhia, em 2009, a marca vendia 100.000 garrafas por ano no país.

O ex-capitão de times de basquete leva até hoje lições do esporte para o trabalho. “Parece clichê, mas aplico todos os dias no meu trabalho valores como trabalho em equipe, liderança, disciplina, comprometimento, espírito coletivo, foco, determinação, métodos e objetivos. Liderei um time que venceu muitas vezes, mas que também aprendeu com as derrotas.”

Três décadas depois de mudar de carreira, Ruiz ainda pratica basquete. Mais do que isso, leva o esporte a sério. “Hobby era quando eu ia para o clube no sábado, às 9 da manhã, para jogar um racha. A partir do momento que você joga um campeonato paulista, já deixa de ser passatempo”, diz o executivo, que joga na categoria +45 anos do Clube Monte Líbano. “Ganhar em quadra me dá a mesma felicidade de saber que somos a filial da Freixenet que mais cresce no mundo. É algo que me motiva a ser competitivo de novo e a lembrar o que eu tive lá atrás.”

Em casa o esporte também é presente com o filho Fernando, de 12 anos. Com ele, Ruiz costuma bater bola aos fins de semana na pequena quadra que tem no quintal de casa. “Na pandemia, um técnico de basquete vinha em casa para treinar o Fernando e depois jogar um racha comigo”, conta. Pai e filho também costumam assistir a jogos juntos. “Quero muito levá-lo para assistir a um jogo da NBA, ainda não tive uma oportunidade. Já fui a pelo menos oito partidas, vi o LeBron James jogar na prorrogação. Mas alcancei meu maior sonho, mesmo, ao representar a seleção brasileira.”

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