A revolução das tarifas
Iniciativas como Pix e Open Banking vão popularizar ainda mais os serviços financeiros. E os brasileiros só têm a ganhar com isso
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(Getty Images/Getty Images)
Publicado em 24 de setembro de 2020, 05h58.
O Banco Central vem preparando uma série de medidas para modernizar o setor financeiro no Brasil. Duas das principais iniciativas dessa agenda estão prestes a sair do forno. O Pix e o Open Banking entram em vigor em novembro com potencial disruptivo para transformar o cenário bancário brasileiro e decretar o fim de uma era de tarifas absurdas e serviços ineficientes.
A começar pelo Open Banking. A ideia por trás desse movimento é estimular a competição do mercado. A nova plataforma cria um padrão de comunicação entre as instituições financeiras e permite aos clientes escolher com quem compartilhar seus dados. Em outras palavras, os bancos tradicionais não vão mais ter a vantagem de deter décadas de informações de clientes. Até porque essas informações nunca foram dos bancos (apesar de eles agirem como se fossem), e sim dos próprios clientes.
Imagine todo o histórico de crédito construído ao longo da vida em posse de um único banco — contas pagas em dia, salários depositados, prestações quitadas, empréstimos e todo o seu perfil de gastos. Com o Open Banking, o cliente conseguirá pegar todas essas informações e levá-las para onde quiser. Os brasileiros poderão comparar com mais facilidade produtos e serviços financeiros, e escolher a melhor oferta ou a que faz mais sentido para seu momento de vida. Adicionalmente, com mais informações sobre o histórico do cliente, as instituições concorrentes poderão oferecer melhores tarifas e juros, em benefício do consumidor.
O Pix, por sua vez, torna o ato de transferir ou pagar muito mais rápido, ágil e gratuito — algo que fazemos no Nubank desde o dia zero. Nossas equipes estão debruçadas nisso há mais de dois anos e participamos de todas as conversas e grupos de trabalho que o Banco Central realizou com o setor privado. Muitos players do mercado reagiram com ceticismo à proposta ambiciosa de construir um sistema de pagamentos instantâneos. O Nubank, não. Sempre acreditamos que era nosso papel apresentar nossa forma de construir sistemas e resolver problemas de tecnologia. Algumas das sugestões que levamos foram muito bem recebidas pelo regulador. Por exemplo: desde o início das conversas com o Banco Central, nós defendemos uma infraestrutura flexível que permitisse qualquer caso de uso. E, hoje, esse é um dos atributos mais relevantes do Pix.
Além disso, incluímos no debate boas práticas de segurança na construção de sistemas e sugerimos que eles levassem em consideração um princípio que garante que o pagamento não seja duplicado por causa de alguma instabilidade do sistema. Essa questão foi resolvida com a criação de um identificador universal das transações e com a garantia de que as instituições envolvidas conseguiriam consultar em um mesmo local o status final de cada pagamento. Esse é um grande diferencial em relação a DOC e TED, pois vai trazer mais segurança e rastreabilidade aos sistemas.
O Pix vai resolver todas as "dores" dos brasileiros em relação ao sistema atual de transferência. As transações serão imediatas e poderão ser feitas 24 horas por dia, o ano todo, sem precisar preencher um monte de informações. Transferências e pagamentos passam a ser gratuitos para o consumidor. No Nubank, nunca cobramos pelo pagamento de boletos ou transferências para outros bancos. Em sete anos, estimamos que nossos clientes tenham economizado o equivalente a 11,5 bilhões de reais com todos os serviços gratuitos que oferecemos.
Nos bancos tradicionais, o custo de uma simples transferência pode superar 20 reais. Essa cobrança, que já não se justificava, será intragável depois do Pix. O impacto dessa mudança pode ser de pelo menos 1 bilhão de reais em estimativas conservadoras para os cofres dos bancões — que deixariam de ganhar com as tarifas de TED e DOC, segundo simulação da Bain & Company apresentada na última edição da EXAME. Ruim para os bancos, mas ótimo para o bolso dos brasileiros.
Observando algumas experiências no mundo, a tendência é que o Pix reduza drasticamente o volume de dinheiro em espécie em circulação no país. Na Suécia, país altamente bancarizado em que o sistema de transferência instantânea, o swish, entrou em vigor em 2012, já há lojas e restaurantes que não aceitam mais pagamentos em dinheiro vivo. Em economias semelhantes à brasileira, com parcelas maiores de informalidade e de desbancarizados, observou-se um movimento similar. Quatro anos depois de seu lançamento, o sistema de pagamentos instantâneos indiano — o UPI — atingiu o recorde de mais de 1,3 bilhão de transações em um mês.
A exemplo do que ocorreu em lugares onde o uso de pagamentos digitais explodiu na pandemia, o número também foi impulsionado pelo isolamento social e pela aversão ao dinheiro em espécie. Mas, mesmo antes da quarentena, em 2019, o número de transações por UPI representava 25% de todos os pagamentos digitais, segundo o BC indiano. A redução da circulação do dinheiro traz uma série de benefícios. Sociedades mais digitais tendem a ser mais produtivas, visto que a estrutura de custos de toda a cadeia econômica é menor. E isso torna a vida de pessoas e empresas mais prática e eficiente.
Há sete anos, quando fundamos o Nubank, a ideia de quebrar o oligopólio dos grandes bancos era praticamente impensável. Conseguimos provar que era possível. Agora, o Pix e Open Banking vão levar a competição a outro patamar. A consequência será demanda maior por serviços financeiros simples, sem burocracia, melhor atendimento e custos justos. Quem ganha é o consumidor final, que terá cada vez mais poder de decisão e controle sobre o próprio dinheiro.

- (Divulgação/Divulgação)
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