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Por que até a Natura está de olho nos empreendedores

Grandes empresas, como a Natura, estão cada vez mais em busca de profissionais ativos e voltados para a inovação

Rafael Compolina posa para foto na sede da empresa Natura: perfil empreendedor é essencial para ambições e desafios da empresa (Divulgação/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)

Mariana Fonseca

Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 10 de janeiro de 2019 às 06h00.

Buscar oportunidades, ser persistente e assumir riscos calculados são algumas das características do comportamento empreendedor indispensáveis para quem quer ser dono do próprio negócio. A novidade é que essas habilidades também estão na mira dos caça-talentos das grandes empresas. Em setembro, a Natura lançou um processo seletivo voltado para empreendedores, com o objetivo de contratar 20 pessoas para compor um grupo multidisciplinar de trabalho que vai atuar nas frentes de inovação da empresa.

O único pré-requisito para o programa – chamado CorageN – era que o candidato tivesse mais de 18 anos e perfil empreendedor. O anúncio da seleção foi um sucesso e atraiu mais de 21 mil inscrições para o início do trabalho dentro da Natura ainda em novembro. Os 20 selecionados atuarão juntos por 20 meses, nos moldes de uma startup , em projetos especiais dentro de um ambiente de aceleração na empresa e não estarão conectados às estruturas formais de áreas e cargos. Além disso, eles terão à disposição mais de 200 mentores da Natura e do mercado em geral.

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A ideia é que o grupo atue em projetos que contribuam com a Natura no processo de inovação da empresa, como na área de novos projetos e de remodelagem de negócios. “Estamos em um momento de transformação, de inovação, nos reinventando em vários sentidos e buscando novas formas de fazer negócios”, diz o coordenador de marca empregadora da Natura, Rafael Campolina. “Uma dessas mudanças consiste em trazer pessoas de perfis diferentes para dentro da nossa rede e o perfil empreendedor pode agregar muito para esse movimento de mudança, essencial para as nossas ambições e desafios para os próximos anos”, diz.

Outro aspecto desse programa, segundo Campolina, é que de fato funcione a lógica de que as pessoas se realizem no trabalho, e possam encontrar espaço e ambiente adequados para fazer coisas que as deixam felizes. “Sabemos que para o empreendedor isso é indispensável, porque ele quer sempre deixar a assinatura dele no que faz”, completa.

Movimento

O caso da Natura não é isolado. Atualmente, já existe um movimento importante das empresas de buscarem profissionais com perfil empreendedor, mesmo que isso não seja comunicado diretamente nos processos seletivos. Para Wilma Dal Col, diretora do ManpowerGroup no Brasil, empresa líder mundial em recursos humanos, em algumas posições, as empresas têm até dificuldade de encontrar esse profissional.

“A dificuldade está no fato de que as empresas esperam um candidato com uma postura mais ativa, mais empreendedora, aquela pessoa que não se conforma com o processo se ele é improdutivo, que tem inconformismo de querer fazer as coisas melhor”, afirma.

Para a executiva, um profissional com esse perfil agrega valor para a organização. “Ele questiona o que é improdutivo, tem senso de colaboração porque entende que ele fez parte do negócio, isso o torna mais efetivo porque tem um trabalho mais focado no resultado, onde ele está altamente compromissado”, explica.

Na prática, um profissional com perfil empreendedor pode interessar às empresas por trazer para dentro delas um comportamento típico de startups. Para Guilherme Arradi, coordenador do Centro de Referência em Economia Criativa do Sebrae-SP, as grandes empresas buscam alternativas para inovar e para se manter mais competitivas em um mundo cada vez mais dinâmico.

“Nas startups, o empreendedor se diferencia em dois aspectos: técnicas e comportamentos. O startupeiro aplica diariamente processos ágeis de testar, validar e implementar produtos e serviços, com equipes compostas por habilidades complementares, os chamados squads ”, diz Arradi. “Ao atuar em mercados inovadores, esses empreendedores desenvolvem a capacidade de resolver problemas complexos, trabalhar de maneira colaborativa com criatividade, flexibilidade, entre outras qualidades que interessam a qualquer modelo de negócio que quer ser competitivo no futuro”, completa.

E como as empresas – e os próprios profissionais – conseguem saber quem tem o perfil empreendedor? De acordo com o consultor de marketing do Sebrae-SP Leandro Reale, das dez características essenciais do empreendedor, cinco são baseadas em atitudes. “A busca por oportunidades, persistência, comprometimento com o que faz, por exemplo, são pontos fundamentais para que apareça aí um empreendedor de sucesso”, afirma.

De acordo com o consultor, esse perfil exato de empreendedor não existe. “Quando tratamos de inovação, ao reunir pensamentos diferentes fazemos com que a heterogeneidade traga mais ideias e o processo seja ainda mais inovador. Nesse ambiente é que a criatividade surge como uma busca real de resultado, que vai ser o que vai manter esse negócio lucrativo”, destaca.

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