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Onde estão os recursos para a sua startup

Investidor anjo ou estrangeiro, capital semente, venture capital ou subvenção econômica - qual é a melhor opção de investimento para sua empresa?

Dinheiro dentro de caixa segurada por executivo Salário (Arquivo/Você SA/EXAME.com)

Dinheiro dentro de caixa segurada por executivo Salário (Arquivo/Você SA/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2011 às 11h37.

São Paulo - Se você tem uma ideia inovadora de negócio, esta é a hora de tirá-la do papel. Nunca houve no Brasil um interesse tão grande da parte de investidores - tanto brasileiros quanto estrangeiros - em colocar dinheiro em empresas nascentes com alto grau de inovação e grande potencial de crescimento, as chamadas “startups”.

O modelo que deu origem empresas como Google e Facebook, e que está na base do sucesso do Vale do Silício, começa a ganhar força no Brasil, impulsionado pelo amadurecimento do mercado de capital de risco no País.

Segundo dados do centro de estudos de capital de risco (GVCepe) da FGV, no ano passado foram investidos 3,1 bilhões de dólares em empresas brasileiras, sendo que, deste total, quase metade foi para empresas em estágio inicial de desenvolvimento. E mais: o volume total de recursos comprometidos pela indústria de capital de risco no País subiu de 8 bilhões de dólares em 2005 para 36,1 bilhões de dólares no ano passado.

A boa notícia para os pequenos empreendedores é que cada vez mais os fundos começam a se interessar não só por empresas em fase de consolidação, com resultados expressivos para mostrar, mas também por aquelas que dão os primeiros passos rumo ao crescimento.

Das 502 empresas brasileiras investidas pelos fundos atualmente, mais de 41% são empreendimentos em estágio inicial. Segundo o professor Cláudio Furtado, do GVCepe, esse segmento deve continuar crescendo à taxa anual de pelo menos 35% nos próximos anos.

Um dos vetores do desenvolvimento do setor tem sido a atuação da FINEP que, por meio do programa Inovar, repassou mais de 3 bilhões de reais em recursos a 25 fundos nos últimos 10 anos. Estes, por sua vez, investiram em 70 empresas inovadoras, sendo 64 delas de pequeno e médio porte. “O foco grande é cada vez mais no apoio nos estágios iniciais”, destaca Patrícia Freitas, superintendente da área de investimentos da FINEP. 

Segundo os especialistas, a presença de investidores atuando nos vários estágios de desenvolvimento das empresas é um passo necessário para o amadurecimento do mercado de capital de risco do País. Mais do que isso, é o que garantirá a existência de um ecossistema poderoso o suficiente para que a inovação cresça e prospere no Brasil. E esta é a variedade que começa a aparecer, com a multiplicação dos investidores anjos e o surgimento de novos fundos de capital semente no País, além das missões que trazem investidores estrangeiros para conhecer as startups nacionais.

Confira a seguir os principais tipos de investimento disponíveis hoje no mercado brasileiro e saiba como tirar proveito deles:


Subvenção econômica
 
A subvenção econômica é um dos recursos mais interessantes para empresas que estão bem no início da sua trajetória, pois em muitos casos os recursos investidos não precisam ser devolvidos.

Este é o caso do programa PRIME, da FINEP, que entra em sua segunda etapa em 2011. Na primeira fase, iniciada em 2008, foram apoiadas 1331 empresas com até dois anos de vida. Cada uma delas recebeu 120 mil reais não-reembolsáveis para investir no aprimoramento da gestão e dos seus produtos.

“Em geral, o dinheiro é investido em serviços de consultoria financeira ou técnica. O objetivo é que a empresa se organize e fique apta a produzir”, explica Murilo Azevedo Guimarães, superintende de subvenção e cooperação da FINEP.

O processo de seleção das empresas contempladas é feito por meio de incubadoras, que atuam como agentes do programa, que contou com orçamento de 165 milhões de reais na sua primeira edição. O edital para seleção das incubadoras que atuarão como agentes do PRIME II deve ser publicado ainda este ano e o processo de seleção das novas empresas apoiadas deve começar até o final do próximo semestre.

A FINEP também concede recursos para projetos inovadores por meio de outras iniciativas, como o Pappe Subvenção (Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas), que já investiu mais 150 milhões de reais desde a sua criação, em 2006. O programa funciona em parceria com as fundações de amparo à pesquisa de cada Estado ou com outras entidades locais de apoio ao empreendedor, como o SEBRAE. Em geral, cada projeto pode receber de 1 a 10 milhões de reais - o acesso é via editais dos parceiros locais da FINEP.

Uma variação do mesmo programa é o Pappe Integração, focado nas regiões Norte, Nordeste, Centro Oeste e Distrito Federal, e com orçamento de 100 milhões de reais. Os editais estão em andamento e cada projeto recebe em torno de 400 mil reais.

Mais informações sobre os programas de subvenção podem ser encontradas no site da FINEP.

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Investidor anjo

O investimento anjo é uma modalidade que começa a crescer no Brasil. “É um investimento de alto risco, mas, quando dá certo, de alto retorno”, define Yuri Gitahy, investidor anjo e conselheiro de startups.

Em geral, os investidores anjos colocam até 1 milhão de reais em empresas em estágio embrionário de desenvolvimento, em troca de uma participação do negócio. Além do apoio em dinheiro, os investidores anjo normalmente têm um papel ativo no desenvolvimento do negócio, promovendo sessões de mentoring, consultoria e aproximando a empresa de potenciais parceiros e clientes.

“São empresas que precisam de apoio no networking e na gestão. Quanto mais inicial o negócio, mais suporte ele requer”, diz Gitahy. Este é o papel da sua empresa, a Aceleradora, que ajuda as startups a se desenvolverem ao mesmo tempo em que as aproxima de potenciais investidores.

Como este mercado ainda engatinha no Brasil, um dos principais desafios de quem quer burca um investidor anjo é saber onde ele está. “Lá fora, você sabe quem é ele. Aqui o cara não aparece porque no Brasil falar que tem dinheiro é risco”, explica Gitahy.

Apesar dos riscos, alguns deles começam a mostrar sua cara. É o caso da Gávea Angels, uma das pioneiras no setor. Fundada em 2002, a associação conta hoje com 10 investidores ativos que já colocaram dinheiro em seis empresas desde sua criação, com valor médio de 300 mil reais aplicados em cada uma delas.

Para se ter uma ideia de quão grande ainda é a demanda por investimentos no Brasil, somente no ano passado, a associação analisou mais de 100 projetos. O grupo deve fazer novos investimentos no próximo ano, com valores entre 200 mil e 1 milhão de reais. O alvo são empresas do Rio de Janeiro e proximidades. Entre as empresas que já receberam apoio da Gávea Angels estão a Publit, de edição de livros e publicações sob demanda; a Bizvox, de sistema de reconhecimento de voz; e a Descomplica; de vídeos educacionais para ensino médio e vestibular.

Criada em 2007, a São Paulo Anjos tem 43 associados ativos. Dos 22 projetos aposentados em fóruns promovidos pelo grupo, 70% receberam investimentos de diversas fontes. Os projetos podem receber investimentos de até 1 milhão de reais cada. No próximo ano, a associação deve promover dois fóruns, cada um com a apresentação de quatro projetos, gerando um potencial de investimento de até 8 milhões de reais.
 
Também com três anos de vida, a Floripa Angels tem 15 investidores, a maioria executivos de grandes empresas multinacionais com idade entre 35 e 45 anos. Até o momento, realizou apenas um investimento - na Bookess, uma plataforma editorial digital - mas já tem duas outras negociações em estágio avançado. O grupo investe até 1 milhão de reais e espera trazer, no mínimo, mais duas empresas para o portfolio em 2007.

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Capital semente

O capital semente é uma boa fonte de recursos para empresas que ainda não estouraram, mas que já tem produtos ou serviços lançados no mercado e algum faturamento. No Brasil, a maioria dos fundos de capital semente coloca dinheiro em empresas que faturaram até 2,4 milhões de reais no ano anterior ao investimento. Em média, os recursos oferecidos são de 1 milhão a 5 milhões de reais por empresa.

“Investimos em empresas que já tem tração de receita, que não estão mais na fase de se provar”, explica Marcus Regueira, sócio fundador da FIR Capital, que pretende investir 80 milhões de reais em empresas em desenvolvimento no primeiro semestre de 2011, sendo 20% deste montante capital semente e o restante para negócios mais consolidados. Os fundos da gestora se concentram em Brasília, Recife e Santa Catarina.

Outra fonte de capital de semente é a Performa Investimentos, que tem interesses que variam desde empresas desenvolvendo cura de câncer até negócios “da moda”, como mídia e redes sociais. O fundo tem 26 milhões de reais e deve investir em pelo menos quatro empresas até o meio do ano que vem. Segundo Humberto Matsuda, sócio da gestora, mais de 600 startups brasileiras em busca de recursos já passaram pelo radar da Performa.

Além de capital, o fundo apóia a empresa investida com assessoria para internacionalização, assessoria jurídica, contabilidade especializada em empresas S/A, publicidade, marketing, mentoring e coaching. “A cereja do bolo são os nossos PhDs, que trabalham nas startups para ajudar a fazer upgrades em tecnologia”, destaca Matsuda.

“O fundo deve ajudar no networking, abrir oportunidades”, concorda Miguel Perroti, sócio diretor da Invest Tech, que investe um terço dos seus recursos em capital semente (empresas que faturam até 10 milhões de reais). O fundo, que já tem seis empresas investidas no portfólio, deve selecionar novos investimentos para o ano que vem. O foco são empresas que trabalham com tecnologia aplicada a vários segmentos, como biotecnologia, agronegócio e e-learning, entre outros.

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Venture capital

O venture capital é a etapa seguinte no ciclo de investimentos de uma empresa – ou pelo menos é assim que deveria ser. Em mercados mais maduros, como o norte-americano, uma startup em geral começa suas atividades com um investimento anjo ou capital semente e vai atrás do venture capital quando está pronta para se consolidar – ou seja, para deixar de ser startup.

“São empresas que já têm um produto de mercado e levantam recursos para acelerar o crescimento”, diz Fábio de Paula, diretor de investimentos para América Latina da Intel Capital, que investe, em média, de 2 milhões e 10 milhões de dólares em empresas neste estágio de desenvolvimento em todo o mundo. A brasileria Boo Box, especializada em publicidade para mídias sociais, foi uma das selecionadas neste ano para receber recursos do braço de investimento da gigante dos microchips. “Algumas precisam de investimentos para crescer mais rapidamente, outras para adquirir alguma competência específica”, complementa Flávio Carazato, responsável por relações com investidores da IBM, que também tem uma divisão de investimentos.

Ao contrário do investimento anjo e do capital semente, que começaram a se desenvolver no país nos últimos cinco anos, o investimento em venture capital já está mais maduro no Brasil, atraindo investidores estrangeiros como a Intel e a IBM, entre outros. “Este mercado já está na sua adolescência”, destaca o professor e diretor executivo do GVCepe, Cláudio Furtado.

Segundo o censo de capital de risco da FGV, o investimento médio de venture capital no Brasil é de 4,4 milhões de dólares (ou 7,5 milhões de reais, em valores atuais) por empresa. Cerca de 31% dos investimentos realizados no Brasil se concentram nesta modalidade. Em geral, muitos dos fundos que investem em capital semente – como a Invest Tech e a FIR Capital – também têm investimentos em venture capital. “Dividir a carteira é um importante para minimizar o risco”, explica o professor Furtado.

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Investidores estrangeiros

O entusiasmo gerado pela resistência da economia brasileira à crise financeira global colocou o Brasil ainda mais em evidência junto aos investidores internacionais. Nos últimos meses, delegações do Reino Unido, Holanda e Estados Unidos estiveram no País prospectando investimentos em startups brasileiras.

“Os investidores estão querendo entender onde estão as oportunidades. Eles querem saber se já é o momento certo de colocar dinheiro aqui”, conta Bedy Yang, responsável pela Brazil Innovators, organização criada neste ano para aproximar investidores do Vale do Silício de empreendedores brasileiros. De acordo com Bedy, eles querem investir entre 3 milhões e 5 milhões de dólares por empresa.  A organização traz missões de investidores ao Brasil, mas também leva empreendedores brasileiros para lá.

Com um propósito similar, a Tech Valley Brasil também faz a ponte entre o empreendedor brasileiro e investidores do Vale do Silício, que buscam investimentos a partir de 5 milhões de dólares no Brasil. “Investidores do calibre de Timothy Draper [que colocou dinheiro em negócios como Skype e Hotmail] estão de olho nas startups brasileiras”, conta Graciane Martins, fundadora da organização, que vai selecionar até 10 projetos brasileiros entre fevereiro e março para levar aos investidores no ano que vem.

Para ela, o contato com os investidores estrangeiros representa uma janela de oportunidade para empresas com negócios realmente inovadores e ousados. “O investidor brasileiro é conservador, ainda prefere um modelo de negócios com crescimento orgânico. No Vale do Silício, eles buscam crescimento acelerado”, destaca.

Ao mesmo tempo em que organizam eventos de aproximação e missões comerciais, organizações como a Brazil Innovators e a Tech Valley também buscam desenvolver a cultura empreendedora no Brasil, que ainda é deficitária entre as startups brasileiras. “O Brasil tem talentos, mas está tudo muito concentrado na pesquisa, nas universidades. O modelo de startups tem que entrar na agenda. O empreendedorismo tem que ser fomentado”, enfatiza Bedy.

Mesmo com os desafios que ainda estão pela frente, os primeiros resultados dessa aproximação começam a aparecer. Neste ano, o grupo sul-africano Naspers – que em 2009 comprou 91% do grupo Buscapé por 342 milhões de dólares – investiu 15 milhões de dólares no site comércio eletrônico brasileiro BrandsClub, em uma rodada que contou com mais 2 milhões de dólares do fundo europeu Trayas.

Em março, a especialista em aluguel para férias HomeAway arrematou a a equivalente brasileira AlugueTemporada.com.br, por valor não revelado. Em maio, foi a vez da gigante da publicidade WPP comprar duas agências de marketing digital brasileiras em uma tacada só, a Midia Digital e a I-Cherry, que juntas faturaram 5,3 milhões de dólares em 2009.

No final de novembro, a Vostu - que não é brasileira, mas tem foco quase total no mercado local, desenvolvendo alguns dos aplicativos mais populares do Orkut – recebeu 30 milhões de dólares em aporte da Accel Partners e da Tiger Global Management. E a especilsita em publicidade para mídias sociais Boo Box – que já tinha recebido recursos da Monashees Capital no passado – voltou a receber investimentos do fundo extrangeiro, desta vez com o apoio da Intel Capital, que anunciou investimento de 77 milhões de dólares em 18 startups de 11 países.

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