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Jeff Bezos participa de aporte milionário na fintech brasileira Stark Bank

Banco digital focado em empresas foi a primeira startup brasileira a receber investimentos do Bezos Expedition, fundo familiar do dono da Amazon. Rodada, que somou US$ 45 milhões, foi liderada pelo Ribbit Capital

Rafael Stark: o engenheiro formado pelo ITA decidiu fundar a startup ao perceber a dificuldade de uma empresa realizar pagamentos via bancos tradicionais  (Stark Bank/Divulgação)

Rafael Stark: o engenheiro formado pelo ITA decidiu fundar a startup ao perceber a dificuldade de uma empresa realizar pagamentos via bancos tradicionais (Stark Bank/Divulgação)

Jeff Bezos, dono da Amazon e um dos homens mais ricos do mundo, fez seu primeiro investimento em uma startup brasileira. A escolhida foi a fintech Stark Bank, banco digital focado em soluções para empresas. 

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O fundo familiar do bilionário, o Bezos Expeditions, integrou uma rodada Series B liderada pela empresa de capital de risco Ribbit Capital que aportou 45 milhões de dólares na Stark Bank. Também fizeram parte do investimento os fundadores do Airbnb, Kavak, Visa, Coinbase, alguns executivos da DST, o investidor Lachy Groom e o fundo K5 Global. 

Rafael Stark, cofundador e CEO da Stark Bank, conta que essa é a terceira tentativa de atrair a atenção de Bezos. Anteriormente, o empreendedor tentou apresentar sua startup por meio dos fundadores da NotCo (a primeira startup latinoamericana investida pelo dono da Amazon) e do Maya Capital, fundo de capital de risco que tem Lara Lemann como sócia.  

“A melhor forma de você se apresentar para um fundo é por meio de quem já foi investido por ele. O problema é que o Bezos Expedition não permite apresentação direta”, diz. 

Mesmo com os dois ‘nãos’, Rafael não desistiu e, após fechar a rodada Series B com o Ribbit Capital, rumou novamente para bater na porta de Bezos. Dessa vez, tentou aproximação por meio de um dos investidores da Stark Bank, que é amigo pessoal do bilionário. “Conseguimos uma agenda com a responsável pelo Bezos Expeditions e enviamos a apresentação da Stark Bank. Ela gostou da nossa tese e enviou um memorando para o Bezos que autorizou o investimento. Foi tudo na base da insistência”, diz. 

Já com o Ribbit Capital, conhecido por ter em seu portfólio fintechs como Nubank, BREX e Robinhood, o relacionamento é mais antigo. O primeiro contato de Rafael com um dos sócios do fundo, o americano Nick Shalek, aconteceu há quase dois anos. Desde então, o empreendedor manteve contato com o Ribbit, na esperança de que um dia eles se juntassem à startup. 

“No começo eles tinham um pouco de receio de investir na Stark Bank por conta da Cora (fintech brasileira investida pelo Ribbit em 2021), por medo de um conflito de interesses. Mas depois eles viram que nós estamos focados em públicos diferentes”, diz. 

Com a quantia, a Stark Bank pretende dobrar o time de 30 para 60 funcionários, além de ampliar  portfólio de produtos, incluindo linhas crédito e serviços de adquirência, com soluções como link de pagamento. Embora não divulgue dados de faturamento, Rafael afirma que, desde junho de 2021, a startup já gera lucro e movimenta 1 bilhão de reais por mês. A meta para 2022 é crescer dez vezes mais. 

Na briga com os bancões

Engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o goiano Rafael teve a ideia de criar a Stark Bank em 2018, quando atuava desenvolvendo aplicativos para grandes empresas. 

Na época, durante um projeto que realizava para Colgate, precisou de uma API (interface de programação para integrar softwares ou plataformas da Web) para transações bancárias. Não encontrou nenhuma. “Foi aí que tive a ideia de criar a minha própria API. No começo, era tudo manual, subia as operações na mão”, diz.

A partir daí, a Stark começou a atender outras empresas e, de acordo com a necessidade dos clientes, desenvolver novas funcionalidades. Uma das primeiras a apostar na fintech foi a Buser, que pediu que a Stark desenvolvesse uma plataforma de reembolso de passagens. 

Desde então, a Stark caiu no gosto das startups. Atualmente, a fintech tem mais de 300 empresas como clientes, entre elas Quinto Andar, Loft, Daki, Isaac e a própria Colgate. Hoje, a gama de produtos oferecidos inclui câmbio, soluções de contas a pagar e receber, cartão corporativo e gestão de cobrança via boleto e Pix. 

Com nome de personagem da Marvel, Rafael também tem um desafio digno de super-herói. Isso porque, assim como o Nubank, a Stark Bank é um banco digital que quer brigar com os bancões — nesse caso, disputando o ramo corporativo. 

A estratégia de Rafael para conseguir o seu espaço em meio aos gigantes é investir em soluções customizadas, pensadas para as necessidades das grandes empresas. “Diferente dos grandes bancos, que replicam soluções que já existem pro consumidor pessoa física, nós estamos criando um banco do zero, reinventando a experiência das grandes corporações”, diz. 

O empreendedor cita, por exemplo, que na Stark há uma dashboard que mostra detalhadamente gastos, taxa de inadimplência, tíquete médio entre outras informações que podem ajudar as empresas a tomar melhores decisões de negócios. Já com o cartão corporativo, é possível limitar gastos por moeda, país, tipo de estabelecimento e até frequência de gastos, que podem ser vinculados a centros de custo. 

“Investir bastante em produto e criar cases de empresas que já usaram o nosso serviço, para convencer outras de que ele funciona, é o nosso segredo para atrair em tão pouco tempo startups tão conhecidas”, afirma. 

Fundraiser dos bilionários 

A aposta parece estar dando certo e, antes de Bezos e do Ribbit Capital, a Stark Bank já havia atraído gente de peso. Há apenas quatro meses, a fintech levantou 13 milhões de dólares (71 milhões de reais), em uma rodada Series A liderada pelo investidor-anjo Lachy Groom (ex-Stripe),  o fundo K5 Global, Iporanga Ventures, Norte Capital, além dos fundadores de empresas como Dropbox, Figma, Rappi, D.Local, Wildlife e Slack. Com a nova captação, a Stark Bank alcançou o valor de mercado de 250 milhões de dólares. 

“Tem gente que brinca comigo dizendo que descobri o fundraiser dos bilionários”, brinca Rafael. “Mas, na verdade, além de termos a nossa própria tecnologia, somos uma empresa enxuta, que não opera queimando caixa. Isso atrai o interesse dos fundos”. 

Porém, o empreendedor não esconde o entusiasmo de entrar para o seleto grupo de startups que conquistaram Bezos, enquanto anseia o momento de estar cara a cara com o bilionário. “Vim de Goiás, perdi meu pai muito cedo, quando que eu imaginaria ser sócio do Jeff Bezos? Acredito que, em breve, em algum dos eventos que a Bezos Expedition realiza, eu tenha a oportunidade de conhecer e aprender com ele”, finaliza.

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