PME

Irmãs abandonam carreira para investir em ração natural para pets

As irmãs Fernanda e Mariana Mine abandonaram carreiras promissoras para investir um mercado apaixonante: o dos bichinhos de estimação.

Fernanda e Mariana Mine, do Simple Dog: empreendedoras abandonaram carreiras promissoras para seguirem paixão (Simple Dog/Divulgação)

Fernanda e Mariana Mine, do Simple Dog: empreendedoras abandonaram carreiras promissoras para seguirem paixão (Simple Dog/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 20 de novembro de 2016 às 08h00.

Última atualização em 20 de novembro de 2016 às 08h00.

São Paulo – As irmãs Fernanda e Mariana Mine iam muito bem nas suas respectivas carreiras. Fernanda era publicitária em uma grande agência e atendia contas como McDonald’s e Natura. Já Mariana trabalhava na área de vendas e tinha no currículo empresas como Ambev e Unilever.

Apesar da tranquilidade profissional, esse não era o sonho das futuras empreendedoras. Então, em 2012, elas se uniram em prol de uma paixão mútua: cuidar da alimentação de cachorros, fornecendo uma comida natural e com diversos benefícios ao pet.

“Nós duas temos cachorros desde muito pequenas, e trabalhar com eles sempre foi um sonho para a gente. Nós já estávamos pensando em abrir um negócio e olhamos para o mercado pet: ele continuou crescendo, mesmo na crise”, explica Fernanda. “Então, investimos em um setor que, além de apresentar resultados muito bons, também era algo pelo que somos apaixonadas faz tempo.”

O negócio criado pelas sócias, chamado Simple Dog, deu muito certo: o produto já está em 250 pontos de venda e faturou 1,7 milhão de reais neste ano. Para 2017, o empreendimento quer crescer seu faturamento em 72%.

Começo

A inspiração para o Simple Dog veio do mercado internacional. “Começamos a ver uma explosão muito grande no setor de alimentação natural para pets em outros países. Além disso, víamos no Brasil duas tendências: a de cuidado com a saúde humana e a de considerar o bichinho de estimação um membro da família. Então, achamos que era apenas uma questão de tempo para que a alimentação natural para pets surgisse por aqui”, explica Fernanda.

As empreendedoras investiram na alimentação natural desidratada: além de ser mais concentrada e precisar de caixas menores para armazenamento, esses produtos não enfrentam problemas de logística vistos em alimentos congelados, por exemplo.

Fernanda e Mariana começaram a comprar alimentos desidratados e naturais para pets em outros países e a testar a reação de seus próprios cachorros. Com a resposta positiva, decidiram que este seria mesmo seu empreendimento.

A Simple Dog começou a ser idealizada em 2012, mas o negócio só passou a operar mesmo dois anos depois. “Até largarmos tudo, em 2014, fazíamos um segundo turno para estruturar a empresa e o produto. Fomos atrás de especialistas em desenvolvimento, porque era uma fraqueza das duas sócias. Esse time nos ajudou a criar nossa ração, com base nas receitas que procuramos antes, e com o balanceamento necessário para a dieta de um cão.”

O empreendimento está localizado na Vila Sônia, em São Paulo. O investimento inicial foi de cerca de 1,5 milhão de reais, incluindo o desenvolvimento do produto e a construção de uma fábrica própria.

A negociação para revenda em grandes mercados e pet shops não foi complicada, diz Fernanda. “A alimentação natural já é algo que está no radar das grandes redes. Elas compraram a ideia muito rápido e acreditaram junto com a gente. Já em locais menores temos um trabalho de consultoria mesmo: explicamos por que essa alimentação é melhor para o cachorro e como o vendedor justificará o preço mais alto para um cliente. Não adianta colocar o produto numa gôndola e esperar ele vender.”

Produtos

Por que comprar uma alimentação desidrata e natural no lugar de uma ração comum? Segundo Fernanda, a comida da Simple Dog não possui aditivos, corantes ou palatabilizantes – usados em rações comuns para dar melhor aparência e sabor, além de aumentar o prazo de validade. A ração desidratada e natural também não possui os chamados “subprodutos”: restos de carne de frango ou boi não aproveitados para a alimentação humana e que possuem baixo aproveitamento pelo organismo. É um alimento mais concentrado, no qual só ficam os minerais, os nutrientes e as vitaminas.

“Essa alimentação natural estimula a maior ingestão de água, reduzindo problemas renais, pode ajudar casos de alergia aos químicos presentes nas rações comuns, gera pelos mais fortes e brilhantes e traz a imunidade para o nível adequado”, explica a empreendedora. “Além disso, nossa ração não precisa de refrigeração, não é perecível, tem preparo simples e pode ser enviada a todos os estados brasileiros.”

Os alimentos desidratados são mantidos frescos até a hora do preparo: o dono do pet coloca água morna junto da quantidade de ração desejada, mexe e espera dez minutos. A ração já está pronta.

Há tanto rações de carne quanto de frango. O pacote de 440g custa 54,90 reais, enquanto o de 1,8 kg sai por 164,90 reais.

Fernanda conta que a comida desidratada permite colocar mais alimentos dentro da caixa: assim, o pacote de 1,8 kg de ração da Simple Dog corresponde a 7,2 kg de comida natural e não desidratada. Isso é importante também por uma questão de sustentabilidade: há um menor uso de caixotes de papelão ou embalagens plásticas de tamanho grande.

A Simple Dog vendeu 5 mil unidades nos seus pouco mais de dois anos de operação. É possível comprar em um dos 250 pontos de vendas em que a marca está presente – como as redes Petz e St. Marche – ou online, por meio de site próprio.

Rações do Simple Dog

Rações do Simple Dog: alimentos estão desidratados e basta colocar água para que fiquem frescos (Simple Dog/Divulgação)

Planos

Para o próximo ano, a Simple Dog pretende trazer três inovações: expandir o e-commerce, aumentar seus pontos de venda e promover novidades nos produtos.

No site do empreendimento, já há produtos de parceiros, como palitinhos e petiscos. Agora, a ideia é fazer com que a loja virtual passe de um centro de alimentação natural para produtos naturais em geral para pets, incluindo brinquedos para acalmar o cachorro, itens de higiene e repelentes, por exemplo. “Vamos incorporar a noção de que a saúde não está só na alimentação, mas também no exercício e no cuidado com a saúde física e mental”, diz Fernanda.

Outra expansão está nos pontos de venda: a Simple Dog está negociando a entrada em novas redes para aumentar a capilaridade da presença dos produtos. Por enquanto, não há como meta ter lojas próprias. “Queremos focar em distribuição para outras redes mesmo. Ter lojas próprias é um investimento muito alto e ainda não está nos nossos planos. Os pontos de venda atuais já suprem a nossa oferta.”

Por fim, a Simple Dog está trabalhando na elaboração de novos produtos alimentares, ainda não divulgados. Ao mesmo tempo, está aprimorando a ração atual. “Teremos ingredientes que trazem novos benefícios. Ainda está em desenvolvimento, mas temos como objetivos trazer uma resposta imunológica ideal e também acrescentar antioxidantes naturais, como cúrcuma e extrato de mirtilo.”

A empreendedora ressalta que o negócio sentiu os efeitos da crise nos últimos anos, e que a Simple Dog esperava um faturamento maior para este ano. Mesmo assim, houve crescimento. “No meio de julho, já começamos a sentir uma melhora no contexto econômico. Aqui, o mercado de alimentação natural para pets ainda é de nicho, voltado para pessoas muito cuidadosas com seus cães. Mas vemos uma oportunidade de sermos um mercado que saia do nicho, com base em quanta expansão vimos lá fora, nos Estados Unidos e na Europa.”

Acompanhe tudo sobre:CachorrosEmpreendedoresEmpreendedorismoIdeias de negóciopet-shops

Mais de PME

ROI: o que é o indicador que mede o retorno sobre investimento nas empresas?

Qual é o significado de preço e como adicionar valor em cima de um produto?

O que é CNAE e como identificar o mais adequado para a sua empresa?

Design thinking: o que é a metodologia que coloca o usuário em primeiro lugar

Mais na Exame