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In Loco, de Recife, usará R$ 80 mi para levar privacidade rentável aos EUA

A startup de localização para marketing e outros serviços a negócios móveis captou uma rodada de investimento Série B, no valor de 20 milhões de dólares

Sócios da In Loco: negócio está presenta em 60 milhões de celulares brasileiros por meio de 200 aplicativos (Leo Caldas/Exame)

Sócios da In Loco: negócio está presenta em 60 milhões de celulares brasileiros por meio de 200 aplicativos (Leo Caldas/Exame)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 13 de junho de 2019 às 11h43.

A In Loco é mais uma startup que entrou para a lista de investimentos em negócios inovadores neste mês -- como os feitos nos agora unicórnios Gympass e Loggi. A empresa de tecnologia de localização que está em 60 milhões de celulares brasileiros anunciou uma captação de 20 milhões de dólares (cerca de 80 milhões de reais) para acelerar planos que já estavam acontecendo desde 2017: a expansão aos Estados Unidos e a inclusão de serviços com foco em privacidade rentável.

O investimento série B foi liderado pelos fundos Valor Capital Group (CargoX, Gympass, Pipefy e Stone Pagamentos) e Unbox Capital (fundo de Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza), mas o Naspers continua sendo o maior investidor da In Loco em termos de participação. Antes do aporte atual, a In Loco tinha recebido cerca de 5 milhões de dólares em investimentos.

A importância da privacidade

Criado em 2011, o Valor Capital Group é um fundo focado nas oportunidades entre Estados Unidos e Brasil. Seu feito mais conhecimento foi ter acompanhado a fintech Stone Pagamentos até sua estreia no mercado acionário americano.

“O Brasil tem o mais maduro ecossistema de tecnologia e inovação da região e chegou a um importante momento de virada”, afirma Scott Sobel, sócio-fundador da Valor Capital Group. “Vamos trabalhar com o time de André [Ferraz, cofundador] e ajudar a acelerar o crescimento da empresa no Brasil e nos Estados Unidos.”

A In Loco nasceu de um projeto dos alunos de ciência da computação na Universidade Federal de Pernambuco (Recife) André Ferraz, Alan Gomes, Dennysson Messias, Airton Sampaio, Gabriel Falcone e Lucas Queiroz, além dos designers Eduardo Martins e Júlio Rangel. Os estudantes se inspiraram na teoria da computação ubíqua -- momento tecnológico em que os computadores não estarão mais restritos a determinados ambientes e nem precisarão ser ligados e desligados ou programados por nós. Em 2013, o Naspers entrou como sócio da empresa e ela se expandiu para cidades como São Paulo.

A startup pernambucana cresceu com uma oferta de anúncios geolocalizados: cruzando dados emitidos por dispositivos do próprio telefone, como sensores de wi-fi, acelerômetro (avalia a posição relativa do aparelho ao medir a aceleração), giroscópio (usa a gravidade da Terra para determinar a posição do celular) e magnetômetro (mede o campo magnético da Terra, funcionando como uma bússola), sua tecnologia consegue determinar a localização do smartphone do usuário com uma precisão de 1 a 3 metros. A margem de precisão do GPS, por exemplo, é de 9 metros.

Para a publicidade digital, isso significa entregar o anúncio certo na hora certa para a pessoa certa -- quando ela está na frente da loja, por exemplo. Alguns clientes atendidos pela In Loco são O Boticário, Nissan, Oi, OLX, Santander e Zap Imóveis e sua solução é usada em 200 aplicativos.

Desde 2017, a In Loco investe em uma nova frente atuação: a criação de protocolos de autenticação anônimos para o uso de equipamentos dotados de internet das coisas (IoT). Caso você esteja perto de um ar-condicionado público, por exemplo, pode controlá-lo por meio de seu celular sem fornecer login e senha ou conectar seu perfil em redes sociais.

“Teremos um grande volume de dispositivos disponíveis em casa e em espaços públicos, suscetíveis a invasões e riscos à identidade pessoal. Hackers poderão ter seu nome, data de nascimento, e-mail e até endereço”, explica Ferraz. “Nosso protocolo permitirá que as pessoas interajam da maneira mais personalizada, mas sem computadores saberem quem elas são. Você será atendido por seu comportamento e localização atual, e não por seu CPF.”

A solução começou a operar em 2018. A In Loco já atende aplicativos móveis de bancos e de delivery com sua frente de privacidade. Ela pode validar o endereço de residência do cliente bancário verificando quanto tempo ele passa em determinado local. O serviço de entrega tem acesso aos restaurantes que um comensal frequenta e pode recomendar estabelecimentos similares. Tudo sem as empresas precisaram saber quem o usuário realmente é.

A frente de tecnologia para apps já representa uma contribuição de 30% no faturamento negócio. Até o final do ano, deverá ultrapassar o marketing de geolocalização.

Expansão americana

Também em 2017, a In Loco passou a apostar no mercado americano. Escândalos de privacidade em grandes empresas de tecnologia, como a rede social Facebook, deram força à tese da startup brasileira de aliar rentabilidade das empresas à privacidade dos usuários.

“Hoje, três em cada dez casas americanas possuem ao menos um dispositivo dotado de internet das coisas. Ao mesmo tempo, privacidade virou uma preocupação”, diz Ferraz.

Hoje, a In Loco está em 60 milhões de celulares brasileiros e 5 milhões de celulares americanos. Nos próximos 18 meses, há a agressiva meta de chegar a 50 milhões de smartphones apenas nos Estados Unidos.

Para cumprir as metas de produto e de expansão, o negócio de 180 funcionários deve abrir mais 100 vagas neste ano, a maioria em tecnologia. A sede permanece no Recife -- e é uma mostra de como startups brasileiras em diversos estados podem se tornar competidoras globais.

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