Esta startup já fez 1 milhão de consultas via telemedicina na pandemia
Focada em telemedicina, a Conexa viu a demanda por seus serviços explodir na pandemia: antes eram 50 pacientes atendidos por dia, agora são 15.000
Mariana Desidério
Publicado em 21 de agosto de 2020 às 06h00.
Última atualização em 21 de agosto de 2020 às 23h17.
A startup Conexa faz parte do seleto grupo de empresas que cresceram em meio à pandemia de covid-19. Há três anos no mercado, oferece serviços de telemedicina para operadoras de saúde, hospitais e clínicas. Antes da atual crise global, atendia em média 50 pacientes por dia. Agora são 15.000. Desde janeiro, a Conexa fez 1 milhão de consultas, enquanto a população usuária de telemedicina subiu de 150.000 para 3,5 milhões no país.
“Sabíamos que o mundo de saúde digital chegaria e nos preparamos para isso”, diz Guilherme Weigert, presidente da empresa, que ampliou recentemente o quadro de funcionários de 40 para 170 e conseguiu um aporte de 40 milhões de reais de investidores, como o fundo de private equity americano General Atlantic.
A expectativa da empresa era de que o mercado de saúde digital tivesse uma alta após a definição de novas regras para a telemedicina, previta para o segundo semestre de 2020. Mas o crescimento vindo com a pandemia foi muito além. Para dar conta da demanda, a equipe da Conexa teve que se desdobrar. "Foram noites em clar e fins de semana 100% focados no trabalho até ajustar os processos", lembra o executivo.
Fundada pelo empreendedor Fernando Domingues, a Conexa começou em 2016 como clínica de atenção primária, partindo do princípio de que a atenção primária é a porta de entrada para um cuidado com a saúde mais sustentável. No ano seguinte, o negócio mudou para o ambiente digital no formato que permanece até hoje. “Nada melhor do que uma porta de entrada com a capilaridade que a telemedicina permite. É um modelo muito mais escalável”, afirma Weigert.
Nessa modalidade, a startup oferece serviços para empresas, hospitais e operadoras de saúde. Pelas consultas virtuais com um médico generalista, é possível identificar o perfil do paciente e encaminhá-lo para uma linha de cuidado de acordo com suas necessidades. O atendimento está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana.
A Conexa também oferece o atendimento com especialistas, que ajudam na tomada de decisão em casos específicos. Faz ainda um serviço de tecnologia para atendimentos remotos para outras empresas, num modelo white label. Ao todo, a Conexa tem mais de 80 clientes institucionais, dentre eles Dasa, Prevent Senior, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Droga Raia e Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Com a pandemia, a empresa passou a oferecer também uma modalidade voltada ao consumidor final, focada no público que não tem plano de saúde. O momento também gerou procura por parte de médicos que, com o isolamento social, precisavam de uma alternativa para continuar atendendo.
Para esse público, a Conexa desenvolveu um consultório virtual, plataforma que pode ser usada tanto para atendimentos via telemedicina quanto para gerenciar o contato com o paciente em consultas presenciais, através de prontuário eletrônico, registro de informações e emissão de receita médica. Nessa modalidade, a startup tem 4 mil médicos cadastrados.
“Há muitos problemas na saúde no Brasil. A digitalização da saúde é uma forma de começar uma medicina nova, sem desperdícios. Hoje, o investimento que é feito não é proporcional ao cuidado recebido pelo paciente”, afirma Weigert. As mudanças no setor de saúde impulsionadas pela pandemia e pelo maior uso da tecnologia foram tema de reportagem desta edição da EXAME.