Empreendedora fatura R$ 4 milhões vendendo chocolates pelo WhatsApp
Alyne Mundt Bill começou seu negócio focando em lembrancinhas esporádicas, mas percebeu uma oportunidade maior atendendo outros confeiteiros
Mariana Fonseca
Publicado em 21 de abril de 2019 às 08h00.
Última atualização em 21 de abril de 2019 às 08h00.
A maioria conhece o WhatsApp como uma ferramenta para se comunicar com amigos e parentes -- mas mais de cinco milhões de pequenas e médias empresas usam a versão corporativa do mensageiro para falar com seus clientes mensalmentes. Um desses casos é o da empreendedora Alyne Mundt Bill, o aplicativo se tornou uma fonte crescente de receita.
Sua empresa, a Feito Chocolate, faturou quatro milhões de reais no ano passado e vende 15 toneladas de chocolate mensalmente. Nove a cada dez vendas são feitas pelo WhatsApp.
Um começo de erros e aprendizados
A Feito Chocolate é a primeira empreitada de Bill no universo do empreendedorismo e da gastronomia. Formada em Pedagogia, a curitibana decidiu ter o próprio negócio para mais liberdade ao definir seus horários de trabalho. Em 2014, comprou um negócio de doces como lembranças para datas comemorativas.
Logo percebeu o desafio da sazonalidade. “Alguns meses rendiam e outros não. A previsibilidade das entregas também era muito difícil -- de repente o bebê de uma cliente nascia e eu precisava correr para terminar os doces a tempo”, conta a empreendedora.
Em sua empreitada pelas lembrancinhas, Bill foi aprendendo mais sobre como fazer bons doces e se deparou com a marca belga Barry Callebaut. Seus chocolates e granulados eram difíceis de encontrar em Curitiba (Paraná). “Só uma loja vendia; às vezes tinha e às vezes não. Depois começamos a comprar de São Paulo, mas o frete era proibitivo. No fim, decidimos importar diretamente da Callebaut”. Qualquer um com CNPJ pode negociar com o grupo belga, mas existe uma quantidade mínima e é preciso esperar a chegada da mercadoria. “Nem todos os empreendedores possuem caixa para isso.”
No começo de 2015, passou a revender o estoque de chocolates e granulados de porte industrial para outras empresas com consumo mediano. Além da matéria-prima, oferecia consultorias sobre administração de mercadoria e sobre quais produtos eram melhores para diferentes doces.
“Mudamos nosso modelo e finalmente começamos a ter lucro. Basicamente, nosso negócio é ter um estoque alto para gerenciar o estoque do meu cliente. Projetamos o giro de produto, geralmente de 15 a 20 dias, e reservarmos uma carga para que ele não passe por apuros.Se a empresa dele está saudável, a nossa também estará”, explica. Nasceu uma oportunidade de negócio maior do que a venda de doces prontos para consumidores finais.
O WhatsApp como estratégia
A empreendedora começou a usar o WhatsApp como forma de se comunicar com os clientes no mesmo ano. “Ficou muito mais simples para enviar catálogos e responder dúvidas no momento da produção. Isso me aproximou muito dos clientes.”
Logo a Feito Chocolate passou para a versão desktop, que facilitou a gestão das mensagens. Outra facilidade veio com a versão corporativa. Lançado em janeiro do ano passado, o WhatsApp Business possui funcionalidades como perfis empresariais, mensagens automatizadas e acesso a estatísticas. Segundo a empresa, 87% das PMEs que usam o WhatsApp acreditam que o app ajuda na comunicação com os clientes e 81% acreditam que ele auxilia no crescimento de seus negócios.
Nove a cada dez vendas da Feito Chocolate passam pelo WhatsApp. A empreendedora começou atendendo sozinha e hoje tem três telefones, cada um com seu funcionário responsável: uma linha para clientes de Curitiba; outra para Londrina, também no Paraná; e a última voltada a encomendas para eventos. O negócio, que começou no apartamento da empreendedora, possui 11 funcionários e uma loja física para pronta entrega e experimentação, em Curitiba.
A principal estratégia da Feito Chocolate para vender pelo WhatsApp é variar entre atendimentos proativos e reativos. Fora de datas com demanda orgânica, como a Páscoa e o Natal, a comunicação e o marketing ficam mais incisivos para captar encomendas. No mês desses eventos, o foco muda para atender bem as encomendas já realizadas.
Páscoa e expansão
A Feito Chocolate vende 15 toneladas de chocolate para cerca de 500 clientes mensalmente, tendo como carros-chefes barras de um a cinco quilos de chocolate amargo e ao leite, além dos granulados quadrados característicos da Callebaut. Neste mês, as 15 toneladas foram superadas nos primeiros dez dias.
Em 2018, a empresa faturou quatro milhões de reais, realizando entregas principalmente em Curitiba, Londrina, Maringá e algumas cidades do estado de Santa Catarina. A meta para este ano é crescer 20%, chegando a 4,8 milhões de faturamento. Uma segunda loja física será inaugurada em maio, em Londrina, facilitando a logística para a região norte do Paraná. “Mas os clientes só costumam visitar a loja uma vez, para conhecer os produtos. Depois, é tudo pelo WhatsApp.”