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Como abrir uma empresa e ser empregado ao mesmo tempo? Eles mostram

Conheça a história de profissionais que trabalham em empresas tradicionais e também estão à frente do próprio negócio, uma situação cada vez mais comum

Rafael Montenegro Cruz: ele trabalha como analista das 8h às 17h e faz brigadeiros quando chega em casa. Sua empresa se chama Brigaderia Montenegro (Flávio Florido/Ricardo Yoithi Matsukawa-ME/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)

Mariana Fonseca

Publicado em 14 de agosto de 2018 às 06h00.

Última atualização em 14 de agosto de 2018 às 12h23.

O dia de Rafael Montenegro da Cruz começa bem cedo. Por volta das 6h, ele sai de Francisco Morato, na Grande São Paulo, para a região central da Capital, onde ele trabalha como analista em uma instituição financeira. São duas horas e meia para ir e mais outras duas e meia para voltar, ou até mais, dependendo do trânsito.

Mas quando chega em casa, às 19h30, não é hora de descanso. É nessa hora que começa sua jornada como empreendedor à frente da Brigaderia Montenegro. A rotina dupla dividida entre funcionário em uma empresa e dono de um negócio não é a mais recomendada pelos especialistas, mas é a realidade de muitas pessoas como Rafael.

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Na oficina do Sebrae-SP voltada para quem pretende abrir uma empresa, a Começar Bem - Formalização, de cada dez participantes, em média quatro continuam em seus empregos e buscam na capacitação a segurança para empreender . De acordo com a analista de negócios do Sebrae-SP Jurema Villa, muitas pessoas acabam conciliando trabalho e negócio, geralmente, por necessidades financeiras.

“Às vezes, isso acontece por insegurança ou pela necessidade de gerar caixa para investir no empreendimento. Elas preferem levar uma jornada dupla até que o negócio se mostre mais promissor a ponto de largarem seus empregos”, explica.

Mas, antes de empreender, a analista de negócios destaca a importância de levar em consideração alguns fatores, como a análise da viabilidade da ideia e as perspectivas de mercado para identificar se há vantagens competitivas. “Nem sempre a ideia inicial é perpetuada, por isso, colocá-la no papel é imprescindível para minimizar riscos iniciais da abertura de um negócio”, diz.

Paixão

No caso de Rafael, a gastronomia sempre foi uma paixão. “Eu me encontrei nos brigadeiros. Hoje é uma fonte de renda extra que ajuda a pagar as contas. Mas é o início para poder conseguir atingir meu objetivo principal, que é ter minha própria loja”, afirma. A ideia de começar a vender brigadeiros surgiu no trabalho. Na equipe, o aniversariante do dia tem o costume de levar um doce para retribuir os parabéns. Foi então que, em dezembro de 2015, Rafael resolveu levar os doces feitos por ele para dar para os colegas.

“O pessoal gostou e perguntou por que eu não fazia para vender”, lembra. Hoje, a brigaderia vende os doces por encomenda, a maioria para casamentos e eventos. A maior encomenda até agora foi para um casamento: 1,4 mil brigadeiros. Outro fato marcante foi quando ele recebeu três encomendas para o mesmo fim de semana. “Eu e minha esposa ficamos até duas da manhã enrolando brigadeiros”, recorda.

Entre os 23 sabores no cardápio, os que fazem mais sucesso, além do tradicional, são de churros, sensação, floresta negra, palha italiana, crème brûlée e Romeu e Julieta.

A jornada dupla também faz parte do dia a dia de Daniela Almeida de Araújo, de 33 anos. Das 8h às 18h, ela trabalha como analista de recursos humanos em uma consultoria de TI e administra paralelamente a sua empresa de moda feminina, a Side Chic.

Daniela Almeida: ela trabalha em uma consultoria de TI das 9h às 18h e também tem a Side Chic para a venda de roupas online (Reinaldo Canato/Ricardo Yoithi Matsukawa-ME/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)

“O tempo depois do meu expediente no escritório e os finais de semana são dedicados para loja. Minha vida tem sido bem corrida e tenho que aproveitar muito bem meus horários, pois todo o tempo é precioso”, afirma.

Para o futuro, os planos de Daniela são estruturar bem a loja, planejar estoque e colocar no papel o investimento para abrir um showroom.

“A rotina é bem puxada, mas como meu trabalho contribui para com as vendas, o esforço acaba valendo”, afirma.

Decisão

Existe um momento certo para deixar o emprego para tocar o negócio? De acordo com Jurema, do Sebrae-SP, o tempo certo vai depender da percepção de cada um. “É uma reflexão muito pessoal. Apesar de insistirmos na importância da elaboração de um planejamento, cada indivíduo é único e responde de forma particular às situações”, explica.

Segundo a analista de negócios, a empresa leva um certo tempo para dar lucro, portanto, é imprescindível que haja planejamento desde o começo. “O mercado é muito dinâmico e existe a necessidade de inovar sempre, em termos de produto, serviços, processos, marketing e nas tarefas organizacionais”, completa.

Empreendedores precisam de capacitação em gestão

A maioria dos candidatos a empreendedor vem do mercado ou de sua área de atuação com conhecimentos técnicos, mas com muitas deficiências em termos de gestão de negócios, avalia a analista de negócios do Sebrae-SP Jurema Villa.

Para auxiliar os empreendedores a tirar a ideia do papel, o Sebrae-SP pode começar o atendimento com um diagnóstico individual para apontar as necessidades do cliente e indicar as soluções adequadas para cada caso, como consultorias especializadas e cursos como o “Transforme sua ideia em modelo de negócios”, ou nas áreas de planejamento estratégico, marketing, finanças, gestão de pessoas – além das oficinas sobre fluxo de caixa, mercado e formalização.

Outro curso recomendado para a melhoria do desempenho empresarial é o Empretec, que trabalha o comportamento empreendedor. Os interessados podem se informar sobre as capacitações pelo telefone 0800 570 0800.

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