Conheça a startup que arrecadou US$ 10 mi em menos de um mês
Pebble arrecadou o dinheiro com internautas através de um site de crowdfunding para fabricar relógios inteligentes que exibem dados e se conectam aos smartphones
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2012 às 12h43.
São Paulo – Tirar o smartphone do bolso para ver a hora ou checar mensagens nunca fez sentido para Eric Migicovsky. Atrapalha na hora de fazer exercícios, e pega muito mal para quem está no meio de uma reunião no trabalho ou em aula. O engenheiro americano teve então a ideia de criar um relógio inteligente que exibe dados e se conecta a iPhones ou celulares com Android. Nascia o Pebble.
A princípio, os investidores não se animaram e o projeto quase foi engavetado. A história começou a mudar quando Migicovsky decidiu tentar uma última cartada: colocar a ideia no Kickstarter. Deu certo. Em menos de um mês, o Pebble amealhou 10 milhões de dólares com internautas de todo o mundo. É o maior caso de sucesso do site de crowdfunding.
O projeto da Pebble Technology não era ambicioso. Seu objetivo era conseguir 100 mil dólares para fabricar mil relógios. Essa quantia foi arrecadada nas primeiras duas horas. Em pouco mais de um dia, a empresa conseguiu 1 milhão de dólares. No fim, encheu os cofres com mais de 100 vezes o valor inicial.
O sucesso inesperado levou a uma mudança de planos. O aparelho não será mais feito nos Estados Unidos, porque a fábrica escolhida em San José, na Califórnia, não daria conta das 85 mil unidades prometidas. A produção foi transferida para a China. Com as doações generosas, será possível melhorar o produto, cuja nova versão será resistente a água e ganhará Bluetooth 4.0, que consome menos bateria.
Quem olha para o bom momento da empresa não imagina que, no início do ano, a situação era desoladora. Para tirar o projeto do papel, Migicovsky recorreu a fundos de venture capital atrás de recursos e só recebeu respostas negativas. “Não conseguimos dinheiro”, disse Rahul Bhagat, diretor de operações da Pebble Technology.
Essa não era a primeira vez que a startup se arriscava a fabricar um gadget. Seu primeiro relógio inteligente foi o inPulse, que se comunicava com smartphones BlackBerry. “Foram vendidas 1,5 mil unidades, o que é muito bom como primeira tentativa”, afirma Bhagat. Nem assim os investidores decidiram se arriscar.
Uma explicação para isso é cultural. No Vale do Silício, startups de hardware têm mais dificuldade para conseguir recursos do que as empresas de software. As margens de lucro são menores, pois criar um produto físico envolve uma série de custos que o desenvolvimento de software não tem.
Há preocupações com logística, fornecedores, pesquisa e desenvolvimento, controle de qualidade e garantia para os consumidores. “Quando os fundos de venture capital analisam o projeto, verificam o perfil de risco e tentam prever quantas pessoas estão interessadas em comprar o produto”, afirma Bhagat. “Eles sabiam que o risco conosco era alto. Não tinham como provar que havia um apetite no mercado por relógios inteligentes.”
Em sites de crowdfunding como o Kickstarter, a dinâmica é outra. Por meio do serviço, artistas e inventores apresentam ideias e pedem apoio financeiro. Vale qualquer coisa: de um documentário sobre a história de velhinhas estilosas a um jogo de cartucho para Atari. A campanha é divulgada em redes sociais como Facebook e Twitter.
Você na embalagem
Quem colabora financeiramente recebe uma recompensa, que vai desde ter o nome estampado na embalagem, para quem paga menos, até receber um número determinado de unidades do produto. No caso do Pebble, 66 mil pessoas doaram quantias de 99 dólares ou mais, que serão trocadas por 85 mil relógios. O dispositivo ainda não saiu da prancheta e chegará aos colaboradores em setembro.
Depois do sucesso do Pebble no Kickstarter, os investidores resolveram procurar Migicovsky. Foi a vez de eles ouvirem um não. “Temos todo o dinheiro de que precisamos para a primeira remessa de produtos”, afirma Baghat.
Eles pretendem procurar financiamento apenas para fabricar o segundo lote, previsto para 2013. Antes disso, Migicovsky e sua equipe querem se concentrar em fazer o Pebble sair do papel. A expectativa agora é saber se o relógio será tão incrível quanto na campanha. Se der certo, vai confirmar o crowdfunding como uma maneira eficaz de produzir inovação.
São Paulo – Tirar o smartphone do bolso para ver a hora ou checar mensagens nunca fez sentido para Eric Migicovsky. Atrapalha na hora de fazer exercícios, e pega muito mal para quem está no meio de uma reunião no trabalho ou em aula. O engenheiro americano teve então a ideia de criar um relógio inteligente que exibe dados e se conecta a iPhones ou celulares com Android. Nascia o Pebble.
A princípio, os investidores não se animaram e o projeto quase foi engavetado. A história começou a mudar quando Migicovsky decidiu tentar uma última cartada: colocar a ideia no Kickstarter. Deu certo. Em menos de um mês, o Pebble amealhou 10 milhões de dólares com internautas de todo o mundo. É o maior caso de sucesso do site de crowdfunding.
O projeto da Pebble Technology não era ambicioso. Seu objetivo era conseguir 100 mil dólares para fabricar mil relógios. Essa quantia foi arrecadada nas primeiras duas horas. Em pouco mais de um dia, a empresa conseguiu 1 milhão de dólares. No fim, encheu os cofres com mais de 100 vezes o valor inicial.
O sucesso inesperado levou a uma mudança de planos. O aparelho não será mais feito nos Estados Unidos, porque a fábrica escolhida em San José, na Califórnia, não daria conta das 85 mil unidades prometidas. A produção foi transferida para a China. Com as doações generosas, será possível melhorar o produto, cuja nova versão será resistente a água e ganhará Bluetooth 4.0, que consome menos bateria.
Quem olha para o bom momento da empresa não imagina que, no início do ano, a situação era desoladora. Para tirar o projeto do papel, Migicovsky recorreu a fundos de venture capital atrás de recursos e só recebeu respostas negativas. “Não conseguimos dinheiro”, disse Rahul Bhagat, diretor de operações da Pebble Technology.
Essa não era a primeira vez que a startup se arriscava a fabricar um gadget. Seu primeiro relógio inteligente foi o inPulse, que se comunicava com smartphones BlackBerry. “Foram vendidas 1,5 mil unidades, o que é muito bom como primeira tentativa”, afirma Bhagat. Nem assim os investidores decidiram se arriscar.
Uma explicação para isso é cultural. No Vale do Silício, startups de hardware têm mais dificuldade para conseguir recursos do que as empresas de software. As margens de lucro são menores, pois criar um produto físico envolve uma série de custos que o desenvolvimento de software não tem.
Há preocupações com logística, fornecedores, pesquisa e desenvolvimento, controle de qualidade e garantia para os consumidores. “Quando os fundos de venture capital analisam o projeto, verificam o perfil de risco e tentam prever quantas pessoas estão interessadas em comprar o produto”, afirma Bhagat. “Eles sabiam que o risco conosco era alto. Não tinham como provar que havia um apetite no mercado por relógios inteligentes.”
Em sites de crowdfunding como o Kickstarter, a dinâmica é outra. Por meio do serviço, artistas e inventores apresentam ideias e pedem apoio financeiro. Vale qualquer coisa: de um documentário sobre a história de velhinhas estilosas a um jogo de cartucho para Atari. A campanha é divulgada em redes sociais como Facebook e Twitter.
Você na embalagem
Quem colabora financeiramente recebe uma recompensa, que vai desde ter o nome estampado na embalagem, para quem paga menos, até receber um número determinado de unidades do produto. No caso do Pebble, 66 mil pessoas doaram quantias de 99 dólares ou mais, que serão trocadas por 85 mil relógios. O dispositivo ainda não saiu da prancheta e chegará aos colaboradores em setembro.
Depois do sucesso do Pebble no Kickstarter, os investidores resolveram procurar Migicovsky. Foi a vez de eles ouvirem um não. “Temos todo o dinheiro de que precisamos para a primeira remessa de produtos”, afirma Baghat.
Eles pretendem procurar financiamento apenas para fabricar o segundo lote, previsto para 2013. Antes disso, Migicovsky e sua equipe querem se concentrar em fazer o Pebble sair do papel. A expectativa agora é saber se o relógio será tão incrível quanto na campanha. Se der certo, vai confirmar o crowdfunding como uma maneira eficaz de produzir inovação.