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As lições de Wizard e mais 5 empreendedores sobre sucesso

O que um piripaque, um cheque e o Bill Gates têm em comum? Todos eles foram pontos de “virada” na vida desses empreendedores brasileiros.


	Carlos Wizard Martins: ele deixou de ser professor para ser empreendedor
 (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

Carlos Wizard Martins: ele deixou de ser professor para ser empreendedor (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2016 às 10h39.

Você já deve ter vivido algo assim. Um momento de coragem, em que você desafiou a razão para fazer o que realmente acreditava. Quem via de fora poderia até chamá-lo de louco. Provavelmente, surgiu quando você menos esperava: um acontecimento que o obrigou a se reinventar, aquela oportunidade que não ia aparecer duas vezes ou uma conversa que o inspirou a fazer o que parecia impossível: estava aí o seu Day1.

Parece loucura, mas o Day1 2016 chegou para contar histórias como esta, de empreendedores que carregam a loucura como motivo de orgulho e fonte de inspiração.

Empreender tem muito disso: olhar o que ninguém vê e acreditar nisso com todas as suas forças. E é isso que você vai encontrar nas histórias de empreendedores como Nizan Guanaes, fundador do Grupo ABC, um dos maiores grupos de comunicação do mundo; Carlos Wizard, fundador da Wizard e da Sforza Holding; e Renato Saraiva, fundador do CERS, maior portal de cursos preparatórios online para a OAB.

Se você não conseguiu acompanhar o evento, não deixe de conferir o vídeo com as histórias na íntegra, no pé desta matéria. Mas, para dar um gostinho de tudo que aconteceu no palco, veja agora os melhores momentos do Day1 2016:

Cristina Boner e Bill Gates

Até onde você iria para chamar a atenção de alguém que admira muito? Cristina Boner contratou um avião para passar o dia inteiro sobrevoando prédios à procura de Bill Gates. Mas não vamos começar uma história pelo final.

Durante muitos anos, o que tirou o sono de Cristina era sua situação financeira. E foi dessa busca por crescer financeiramente e profissionalmente que ela jogou toda sua formação fora e mergulhou de cabeça em um tecnólogo. No começo, ela nem sabia direito como os computadores funcionavam, mas foi com a cara e coragem mesmo assim.

Depois de formada, Cristina foi contratada por uma grande empresa e, por mais louca que a rotina de trabalho fosse, ela finalmente estava melhorando de vida. Depois de seis anos, a futura empreendedora mudou de emprego e foi explorar a área de vendas. Durante esse tempo, também chegou ao mercado a Microsoft.

Curiosa como era, Cristina escreveu à empresa e falou que queria ser uma parceira beta para testar o programa. Em menos de dois meses, ela recebeu uma carta de confirmação e começou o projeto. Quando viu o potencial da iniciativa, uma ideia surgiu em sua mente: iria abrir seu próprio negócio. A Microsoft cresceu e a nova empresa de Cristina também e foi aí que ela descobriu que Bill Gates viria para o Brasil.

Como não a deixavam chegar perto do empreendedor, ela comprou uma faixa e pediu para um amigo passar pela cideade com "Welcome Bill Gates" nela, junto com o nome da empresa.

Por mais improvável que possa parecer, no dia seguinte, ela finalmente o conheceu! E essa não foi a única loucura da empreendedora. Ela também foi até a Índia vender sua ideia e saiu com um sócio e muitas novas fábricas. Não deixe de conferir o vídeo na íntegra para saber mais sobre as suas aventuras.

Renato Saraiva e a revolução dos cursos online

Ao relembrar sua infância e juventude, Renato conta um dos fatos que mudou sua vida: a entrada na aeronáutica. Depois de terminar um curso para professores, Renato estava andando de ônibus pela cidade quando viu, na frente de uma casa, uma faixa com o anúncio da prova para sargento da aeronáutica. Por muitos motivos, aquela frase fez todo sentido para o empreendedor que, no mesmo instante, se inscreveu para o curso preparatório.

O pouco tempo até a prova fez com que Renato não passasse, mas esse não foi o fim da história. O empreender conta que não desistiu: Eu queria vencer e a única maneira de fazer isso era estudando. Então comecei a me dedicar e estudar 14–16h por dia.

Depois de encarar 16 mil candidatos e quatro dias de prova, o resultado finalmente saiu: Renato era o 11º do Brasil, 5º do Rio e 2º do curso.

Saraiva ficou 2 anos na escola, como sargento da aeronáutica. Com o saldo, conseguiu pagar a própria faculdade de direito. Passou no concurso para oficial de justiça do trabalho no RJ e depois em um concurso para trabalhar em Recife.

Quando fui pra Recife, comecei a dar aula em curso preparatório para concurso. Comecei a ficar famoso, meus livros vendiam, mas mesmo depois de tudo eu sentia que faltava algo.

O modo como as escolas lidavam com educação não parecia o correto para Renato. Ele queria fazer um curso do seu jeito, com foco nas pessoas e professores e, principalmente, acreditando nos alunos do curso. E foi com esse pensamento na cabeça que surgiu o CERS.

O sonho tomou forma quando Renato passou na frente de uma casa que caia aos pedaços, mas parecia chamar o empreendedor. E foi assim que Renato juntou todas suas economias e comprou o local.

"Contra tudo e contra todos, esse foi o meu Day1. Eu juntei tudo e investi no curso. Fui procurar meu sonho, foi difícil para caramba."

Ele conta que na época vendeu tudo que tinha e investiu mais de um milhão de reais no negócio. Mas, mesmo assim, a empresa enfrentava muitos desafios. Foi nesse período que uma professora deu a Renato uma ideia: por que você não monta o curso online? E aí a empresa começou a decolar.

A história da CERS é cheia de desafios e surpresas, mas, nas palavras do empreendedor: Empreender é correr riscos, mas isso é muito bom. Você sabe quanto vale uma ideia? Não vale nada. Mas uma ideia executada, essa sim vale muito.

As aulinhas de inglês de Carlos Wizard

A fé de Wizard não moveu montanhas, mas encurtou distâncias e fez com que sua rede de ensino se espalhasse por todo o mundo. Claro, a isso podemos acrescentar uma pitada de sonho grande, uma porção de pessoas certas e muita resiliência.

Por mais que sua história seja cheia de surpresas, de uma coisa temos certeza: quando Wizard, ainda jovem, abriu a porta para três mórmons, ele não fazia ideia que estava acolhendo o sonho que guiaria sua jornada.

Com 17 anos, Wizard saiu de Curitiba com uma mochila nas costas e 100 dólares no bolso, com destino a NY. Ele ficou 2 anos estudando nos EUA, mas nunca conseguiu uma faculdade já que ainda não tinha completado o ensino médio no Brasil. Depois de muitas aventuras Wizard voltou para Curitiba, mas ele ainda não se sentia satisfeito. Resolveu juntar dinheiro e fazer uma faculdade fora.

Ele se formou em computação e, ao voltar para o Brasil, começou a trabalhar como analista de sistemas até que um amigo perguntou se ele podia dar aulas de inglês. E foi nesse momento que Wizard começou a se perguntar: será que eu deveria abrir uma escola?

Eu tinha um negócio embrionário nas mãos, mas não sabia onde eu ia fazer minha fortuna.

Muito se passou até que a ideia finalmente tomasse forma, mas, depois de passar por um túnel escuro e cheio de surpresas a cada esquina, Wizard deixou de ser professor para ser empreendedor.

Os diferentes lados de Gustavo Ziller

Depois de apagar em seu carro, Ziller resolveu mudar de vida e retomar seus Gustavos de muitos anos atrás. Com a ideia de aplicar um truque em sua própria mente, o empreendedor reviveu sua história e separou aqueles momentos em que mais se sentiu feliz consigo mesmo.

Eu sempre tive prazer de ficar rodando por ambientes criativos e viver novas experiênicias. Esse era o Gustavo que eu queria resgatar.

Além do Gustavo que alimentava sua mente com inovação e criatividade, Ziller também sentia falta do Gustavo que morou em Londres em 95. Ele queria resgatar aquele menino que recebia todo dia uma dose de criatividade diferente e tinha grandes oportunidades na vida.

Mas esse também não era o único perfil que Ziller sentia falta. Ele queria ser o homem pelo qual sua esposa se apaixonou, aquele que dizia mais sim do que não e tinha muito contato com as pessoas.

Conhecer gente o tira do lugar. Esse terceiro Gustavo estava esquecido bem lá no fundo da minha memória.

O quarto Gustavo era aquele que sempre inspirava as pessoas. Ziller queria voltar a ser um garoto do rock and roll. Uma pessoa que questiona mais do que pergunta, que está sempre inquieto em busca de algo novo. Depois de muito trabalho, Ziller conseguiu fazer essa disrupção e conta que esse 4º Gustavo é como um bicho de estimação que nunca mais sai do lado dele.

O 5º era um lado que aceitava as oportunidades sem pensar duas vezes. Esse foi o momento em que o empreendedor percebeu que podia estar mais do que ser. Esse 5º Gustavo me arremessou para o mais legal, aquele que que é viciado em loucura.

Ziller começou a pensar em como pessoas comuns fazem coisas incríveis e foi aí que ele entendeu que a sua meritocracia era de gente, que ele era, na verdade, um empreendedor de gente. O seu Day1 foi o dia em ele percebeu o poder de inspirar pessoas.

Nizan Guanaes e o despertar do sonho

Março de 90 é uma data que Nizan não vai esquecer tão fácil. Logo depois de conseguir um investimento de muitos dígitos para sua ideia, o governo Collor congelou seus recursos. O choque de realidade foi tão grande que o empreendedor ficou um dia inteiro deitado na cama, até que algo estalou em sua mente:

A solução não vai vir até mim, eu tenho que levantar. O empreendedorismo é a gestão dos seus sonhos, é a resiliência e a capacidade de aprender com seus erros e com os dos outros."

E essa não foi a única pedra no sapato do empreendedor. Quando ainda era jovem, Nizan queria ser o melhor redator publicitário do Brasil. Seu sonho grande era fazer uma das melhores agências do mundo e ele conseguiu isso ainda muito novo, mas a conquista veio em uma época em que ele ainda precisava desenvolver suas habilidades.

Eu me achava o onipotente. Peguei meu dinheiro e fui investindo em tudo que via pela frente, achando que podia ser bom em tudo
Isso tudo dispersou completamente o caminho do empreendedor. Por causa da sua incapacidade em aprender com os erros, Nizan perdeu tempo e dinheiro.

Tudo isso mudou depois dele ser o CEO do IG com Jorge Paulo Lemann, Marcel e Beto Sucupira. De toda trajetória e lições, o que mais aprendemos com Nizan é a renovação dos sonhos e inspiração.

Empreender é o que você faz do momento em que acorda até a hora que vai dormir. É a gestão do seu sonho. O empreendedorismo é o problema que você tira da cama. Quando levaram o meu dinheiro, o sonho ficou. E um sonho não se faz sozinho.

Os 6 conselhos que Salim Mattar não seguiu

Abrir uma empresa nem sempre foi o sonho de Salim. Quando pequeno, encantado pelos sons do piano que um amigo sempre tocava, ele queria ser pianista. O sonho não foi muito longe depois que Salim contou para sua família o que ele queria ser quando crescesse.

Meu pai ficou tão bravo que me olhou nos olhos e disse: você vai crescer, ganhar dinheiro, comprar uma casa e comprar os discos de pianistas que quiser, mas você vai abrir um negócio.

Passaram-se os anos e Salim foi ser office boy de uma exportadora de Minas. Na sua primeira semana de trabalho, seu chefe pediu para que ele pagasse uma conta. Chegando na empresa onde ele deveria entregar o dinheiro, seus olhos saltaram ao ver o valor escrito no cheque. Salim começou a fazer as contas e percebeu que aquele negócio dava certo. Eu paguei uma conta e defini a minha vida. Esse foi meu Day1.

Com 23 anos, o empreendedor começou seu negócio. Mas, como bom menino do interior, antes de tudo Salim foi se aconselhar com pessoas mais velhas. O primeiro choque foi saber que todo mundo era contra sua ideia. Na verdade, quase todos. O sócio do empreendedor era tão louco quanto ele e apostou no projeto. Esse foi o primeiro conselho que Salim ignorou.

A empresa cresceu, ganhou investimentos e parecia não precisar de mais nada, até que Salim teve a ideia de expandir o negócio. Nessa hora ele foi chamado de louco pela segunda vez, agora pela pessoa que cuidava das suas finanças.

Mais uma vez, ele desafiou a razão e foi em frente. Nos anos 80, eles já eram líderes de mercado. E o empreendedor não parou por aí. Movido pela inovação, Salim queria trazer o sistema de franchising para o Brasil.

Mais uma vez, lá foi ele pedir conselhos para os mais experientes. O que ele ouviu, agora sem surpresas, era que a ideia não tinha como dar certo. Contrariando o terceiro conselho, Salim criou a Localize-se.

Nos anos seguintes, ele quebrou paradigmas ao vender carros diretamente para seus consumidores finais e abriu o capital da empresa. Foram vários conselhos ignorados, mas muitas lições aprendidas e uma história que faz muitos empreendedores acreditarem no impossível.


Texto publicado em Endeavor.

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