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App que te ajuda a economizar R$ 750 por mês recebe aporte

Benjamin Gleason e Thiago Alvarez perceberam por que os brasileiros não conseguem economizar e montaram um negócio que chamou a atenção até do Banco Mundial.

GuiaBolso: aplicativo computa automaticamente o extrato do usuário e categoriza as receitas e despesas (Divulgação)

GuiaBolso: aplicativo computa automaticamente o extrato do usuário e categoriza as receitas e despesas (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2016 às 11h51.

São Paulo – Existem vários aplicativos para controlar as finanças no mercado. O GuiaBolso é um deles, e aposta na simplicidade como diferencial: além de ser gratuito, exporta e categoriza automaticamente todos as receitas e despesas da conta bancária do usuário. Num país em que a população costuma ter dificuldades na hora de organizar as finanças, sua proposta de ajudar os brasileiros a economizar já atraiu 2 milhões de usuários.

A ideia chamou a atenção até mesmo do Banco Mundial. Neste mês, a International Finance Corporation (IFC), ligada ao banco, e outros investidores dos fundos Kaszek Ventures, Ribbit Capital e QED Investors aportaram 60 milhões de reais no negócio. Saiba como tudo começou – e o que o GuiaBolso pretende fazer com o investimento.

História

Benjamin Gleason e Thiago Alvarez já trabalharam em consultoria para grandes bancos, e tomaram essa experiência como ponto de partida para seu negócio. “O que ficou muito evidente é que a indústria dos bancos é extremamente lucrativa, mas os consumidores não entendem bem sobre suas transações e seus investimentos”, diz Gleason.

Depois, quando foram diretores da rede de cupons Groupon, os dois empreendedores perceberam que havia muitas pessoas confortáveis com compras online. “Foi um momento propício para lançar uma solução que ajudasse os consumidores com as finanças de forma digital. Sabíamos que o negócio daria certo se conseguíssemos resolver o problema da falta de entendimento.”

Eles começaram a pensar em como poderia ser a empresa em 2012 - no final do ano, o empreendedor Inajá Azevedo se juntou ao negócio, como diretor de tecnologia.

“Houve uma explosão da inadimplência no Brasil, principalmente com carros, cartão de crédito e cheque especial. Decidimos investigar por que isso acontecia e descobrimos que a principal razão para a falta de pagamentos é que as pessoas não entendiam bem o que entrava e o que saía de suas contas – segundo nossos estudos, elas superestimam sua renda líquida em cerca de 8%, todos os meses. É um problema sistêmico, que afeta todas as classes econômicas”, explica Gleason.

Por isso, o GuiaBolso adotou como diferencial puxar automaticamente todas as transações contidas no extrato bancário e fazer as categorizações, sem precisar que o usuário faça o trabalho manualmente. O aplicativo faz desde esse controle mais simplificado até definição de metas (quanto quer gastar por categoria).

“O usuário informa a conta e a senha do internet banking. Com isso, puxamos o extrato da conta corrente, os investimentos, os empréstimos e os pagamentos do cartão de crédito. Criamos um algoritmo de classificação: assim já dá para saber qual a categoria de cada gasto. Colocamos em um formato bem simples o quanto ele gastou em cada categoria. Tudo isso fazemos automaticamente, sem nenhum esforço por parte do usuário, já que esse é o maior problema que verificamos.”

O site do GuiaBolso foi lançado em abril de 2014, junto com um aplicativo para iOS (já há, atualmente, o aplicativo para Android). No primeiro final de semana, obtiveram 10 mil downloads. “Percebemos logo que o mobile seria o canal, já que os brasileiros usam muito o celular. Hoje, 95% dos nossos usuários acessam o serviço de forma mobile”. Hoje, há 2 milhões de usuários.

Segundo Gleason, quem entra no GuiaBolso economiza uma média de 300 reais no primeiro mês. Após quatro meses de uso, a economia sobe para 750 reais. “Uma coisa que motivou muito o IFC foi nosso impacto positivo no desenvolvimento do país e nas finanças dos usuários, que pode ser mensurado. Esse indicador real de economia, que pegamos a partir do extrato dos usuários, é um exemplo.”

Investimentos anteriores

Antes do investimento do Banco Mundial, o GuiaBolso já havia recebido outros três aportes. Em 2013, receberam uma rodada semente liderada pelos fundos E.bricks e Valor Capital. Para o empreendedor, o foco dessa rodada foi adquirir mais conhecimentos da área de bancos e finanças, com um conselheiro e investidor do Santander Brasil.

No ano de inauguração do negócio, o GuiaBolso recebeu um investimento de série A do fundo Kaszek Ventures, ligado ao MercadoLivre. Dessa vez, o conhecimento trazido estava ligado às áreas de marketing e estratégica. Em 2015, veio o terceiro investimento, de série B. Quem aportou foi o fundo especializado em fintechs de países emergentes Ribbit Capital, localizado no Vale do Silício.

Planos

Até hoje, o GuiaBolso não se monetizou. “Decidimos desde o início não cobrar do usuário, porque somos um serviço que o ajuda a economizar mais. Nós seguimos o conceito do Facebook: ele chegou a 100 milhões de usuários e só então passou a monetizar”, diz Gleason. “Também tivemos aportes de investidores muito bons, que estão alinhados com a nossa missão e aceitaram postergar um pouco o foco em monetização. Agora, podemos investigar formas de fazer isso que não incluam a cobrança do usuário.”

Além da proposta de monetização, o GuiaBolso pretende incluir mais serviços de economia, como o de consultoria financeira e curadoria de investimento. A meta para 2016 é dobrar o número de usuários: ou seja, chegar a 4 milhões de pessoas.

Atualizado às 10h para incluir os outros investidores da rodada de aportes atual.

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