Aluguel de imóveis é a nova aposta das startups chinesas
Ao contrário do Airbnb – mais conhecida por fornecer aluguel de férias –, essas novas startups se dedicam ao aluguel de longo prazo.
Mariana Desidério
Publicado em 1 de fevereiro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2018 às 06h00.
Na tentativa de esfriar os preços dos imóveis , que estão entre os que sobem mais rapidamente no mundo, a China está incentivando a população a alugar , em vez de comprar. Isso está levando os capitalistas de risco a investir milhões em um setor antiquado que está sendo revolucionado pela tecnologia: a administração de aluguéis.
Tencent Holdings, Warburg Pincus e Sequoia Capital estão entre as empresas de capital de risco que apostam em startups para conquistar uma fatia desse mercado, que deve chegar a 4,2 trilhões de yuans (US$ 664 bilhões) até 2030, de acordo com estimativas da Orient Securities. O montante é quase metade das vendas totais de residências em 2017.
A iniciativa de incentivar o aluguel residencial está estimulando algumas das mudanças mais importantes nas políticas de propriedade privada desde 1988. Também está criando oportunidades para várias empresas, como Ziroom, You+ e Mofang Apartment. Como cerca de 1,2 milhão de inquilinos já usam a Ziroom em nove cidades da China, as startups estão se tornando os novos guardiões do crédito social: usam dados e tecnologia para determinar preços de aluguel, selecionar inquilinos e gerar perfis assombrosamente detalhados de seus hobbies e hábitos.
"A urbanização da China, juntamente com a demanda de mais qualidade de vida e controle dos preços dos imóveis das novas gerações, provocou um crescimento acelerado no setor de aluguel", disse Liu Xing, sócio da Sequoia Capital China, que investiu na Ziroom. "Os novos vencedores neste espaço serão aqueles que conseguirem oferecer um serviço profissional de alta qualidade, aplicando big data e tecnologia."
A China tem 190 milhões de trabalhadores que alugam, de acordo com pesquisas da agência imobiliária Lianjia. Isso representa 77,6 por cento das pessoas que moram longe de suas casas. Os maiores desenvolvedores da China, incluindo Country Garden Holdings Co., anunciaram planos para disponibilizar milhões de novos imóveis de aluguel.
Longo prazo
Ao contrário da Airbnb ou da Tujia -- mais conhecidas por fornecer aluguel de férias --, essas novas startups se dedicam ao aluguel de longo prazo, de um ano de duração em muitos casos.
A You+, por exemplo, transformou antigas fábricas em comunidades residenciais. Elas oferecem espaços compartilhados de escritório, cozinhas, academias e cinemas para inquilinos que geralmente têm menos de 45 anos de idade. Eles usam o aplicativo You+ para realizar pagamentos e criam perfis on-line para participar de grupos de interesse variados, como caminhadas e fotografia.
A You+, com sede em Pequim, estima que poderia chegar a administrar 100.000 unidades em toda a China, incluindo Pequim, Xangai e Nanjing, até meados de fevereiro. As unidades têm entre 30 metros quadrados e 50 metros quadrados e normalmente custam de 2.000 a 3.000 yuans por mês.
"Somos melhores do que os gestores de imóveis tradicionais porque estamos criando uma rede social", disse Liu Yang, que ajudou a fundar a You+. "Se replicarmos este modelo em grande escala, ele se tornará um negócio lucrativo."