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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
A Volkswagen do Brasil conversa com os sindicatos sobre uma eventual redução da jornada de trabalho em suas fábricas. "Sem flexibilizar os contratos, vai sobrar mão-de-obra", afirmou o presidente da montadora no país, Thomas Schmall em encontro com jornalistas nesta terça-feira (16/12). Segundo o executivo, a redução do IPI sobre carros novos é bem-vinda, mas pode não ser suficiente para conter a queda de vendas em 2009. A montadora estima que o mercado mundial de automóveis caia 20% no próximo ano, ficando abaixo de 50 milhões de unidades produzidas. Schmall preferiu não fornecer uma expectativa de vendas para a Volks brasileira, mas afirmou "2009 será um ano difícil."
Em novembro, as vendas de veículos leves, que incluem carros de passeio e pequenos utilitários, caíram 26,5% em relação a outubro, e 28% sobre novembro do ano passado, totalizando 140.097 unidades, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O licenciamento de veículos da Volks (incluindo a marca Audi) somou 33.296 unidades no mês passado, uma queda de 24,4% sobre outubro e de 29,9% sobre novembro de 2007. "Não esperávamos uma desaceleração tão rápida", disse Schmall.
É certo que o corte do IPI para veículos novo, anunciado pelo governo na quinta-feira (11/12), fez as vendas reagirem no último fim de semana. A Volks registrou 4.400 carros vendidos, um salto de quase 30% sobre o sábado e domingo retrasados. Schmall, porém, afirma que ainda é cedo para comemorar. Anunciada em meados do mês, a redução do IPI se mistura a outros fatores que dificultam uma melhor análise da situação. Alguns são favoráveis, como o pagamento do 13º salário, que leva parte dos consumidores a trocar de carro. Outros são negativos, como o menor número de dias úteis devido às festas natalinas. "É preciso esperar janeiro para avaliar melhor o cenário", disse o executivo.
Jornada mais flexível
Para Schmall, o IPI menor pode não ser suficiente para sustentar as vendas, e o desafio do governo seria adotar medidas que fomentem a demanda no médio e longo prazo. Algumas sugestões são a redução da carga tributária e dos juros para o financiamento de automóveis. Enquanto essas ações não são anunciadas, a Volks busca negociar um acordo para flexibilizar a jornada de trabalho em suas fábricas. De acordo com o executivo, as conversas ainda estão em andamento e parte dos sindicatos já está mais aberta à proposta.
Uma possibilidade seria cortar em quatro horas semanais a carga de trabalho nos meses de menor movimento do setor - caso do primeiro semestre, tradicionalmente mais fraco no Brasil. Em troca, a carga horária seria aumentada nas épocas de mais demanda. A principal resistência dos sindicatos seria a perda de renda dos trabalhadores. Embora o salário pago por hora não fosse reduzido, o ganho final cairia, pois a maior parte dos funcionários que trabalha na produção recebe por hora.
Apesar do cenário mais difícil em 2009, a Volks vai manter os planos de investimentos - que somam 3,2 bilhões de reais até 2011 - e pretende realizar 16 lançamentos no próximo ano. "Só quem apresentar novidades vai crescer em 2009, por isso, vamos manter os investimentos", disse Schmall.