Vodafone e Verizon desistem da telefonia celular na América Latina

Duas das maiores empresas de telefonia do mundo, a americana Verizon Communications e a britânica Vodafone Group, estão deixando o mercado latino-americano - onde investiram, juntas, 2 bilhões de dólares. As companhias anunciaram na última sexta-feira (13/6) a venda da Iusacell, a terceira maior operadora de telefonia celular do México. As informações são do The Wall Street Journal.

O Grupo Iusacell SA foi vendido para o milionário mexicano Ricardo Salinas por 10 milhões de dólares. Salinas - que controla a segunda maior rede de televisão do México, a TV Azteca, e o grupo de varejo Elektra - assumiu a dívida da empresa, no valor de 814 milhões de dólares.

De acordo com o Wall Street, o negócio não era inesperado, mas marca uma "impressionante reversão da sorte para o que já foi uma das mais atraentes oportunidades de investimento dos mercados emergentes". Em 1993, quando investidores estrangeiros invadiam o México às vésperas da assinatura do Acordo de Livre Comércio da América do Norte, o Nafta, com os Estados Unidos e o Canadá, a americana Bell Atlantic Corp. pagou 1 bilhão de dólares por cerca de 40% da empresa de telefonia celular da família. A Bell Atlantic depois se fundiu com a GTE Corp. para formar a Verizon. A Vodafone chegou em 2001, quando o grupo britânico comprou a fatia de 35% na Iusacell por 973,4 milhões. Pouco tempo depois, em maio de 2002, a Vodafone deu baixa contábil de sua participação na Iusacell.

Salinas planeja transformar a Iusacell numa holding, a Movil@ccess SA, cujo portfólio incluiria outra empresa de telefonia celular, a Unefón SA, atualmente a quarta no mercado. Combinadas, a Iusacell e a Unefón terão menos de 4 milhões de assinantes, o que é cerca de um quinto do mercado da maior telefônica de celular do México, a Telcel, da Telmex SA (que no Brail é a dona da Telecom Americas).

"Uma fusão da Iusacell e da Unefón não irá criar uma empresa mais forte", disse Rogelio Urrutia, analista de telecomunicações do Santander Investment, ao Wall Street. "Elas não têm o dinheiro para crescer e ambas estão altamente endividadas."