Venda de ativos da JBS fica abaixo do esperado
Quatro ativos vendidos pela companhia, que é controlada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, renderam R$ 4,8 bilhões à empresa de alimentos.
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 09h11.
São Paulo - Sete meses depois de anunciar que iria se desfazer de parte de seus negócios para reduzir dívidas, a JBS finalizou na quarta, com a venda de parte da Five Rivers nos Estados Unidos, seu programa de vendas com receitas abaixo do previsto.
Os quatro ativos vendidos pela companhia, que é controlada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, renderam R$ 4,8 bilhões à empresa de alimentos.
O valor corresponde ao que de fato entrará no caixa da JBS. O montante ficou aquém dos R$ 6 bilhões definidos como meta pela empresa ao anunciar em junho do ano passado seu "programa de desinvestimentos" - jargão do mercado para venda de empresas e negócios. A JBS não quis comentar os números.
Quase 70% dos R$ 4,8 bilhões levantados vieram de "dentro" da JBS. É que a companhia de alimentos britânica Moy Park foi vendida para a Pilgrim's Pride, companhia americana também controlada pela JBS.
Na operação, a empresa nos Estados Unidos assumiu dívidas da Moy Park e pagou R$ 3,250 bilhões (pelo câmbio da época) a sua controladora. Para isso, pegou empréstimos no mercado - dívida que também passou a ser de sua dona, a JBS.
Com o negócio, a companhia dos Batistas conseguiu alongar sua dívida (colocou no caixa um bom dinheiro em troca de financiamentos de longo prazo e mais baratos) e pôde manter a Moy Park no portfólio.
A JBS levantou ainda R$ 786 milhões com a venda de sua fatia na companhia de lácteos Vigor e R$ 780 milhões com a venda das operações de confinamento da Five Rivers no Canadá e nos Estados Unidos. A empresa afirma que, com isso, encerrou as vendas no mercado.
O movimento foi reação à crise desencadeada pela delação dos irmãos Batistas. Com a revelação dos crimes praticados pelos empresários, os bancos restringiram o crédito à companhia, que tinha dívida líquida de mais de R$ 50 bilhões (diferença entre o que deve na praça e o que tem em caixa).
Era um valor visto como elevado pelo mercado, já que correspondia a 4,16 sua geração de caixa.
Ao fim de setembro, último resultado divulgado, a dívida líquida recuara para R$ 45,5 bilhões e a alavancagem baixara para 3,42 (dívida/EBTIDA). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.