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Dez anos após a privatização, a Usiminas mantém e reforça os laços entre a empresa e a comunidade a seu redor

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O Brasil ainda mantém um dos piores índices de incidência de cáries dentárias do mundo. Estima-se que, em média, cada brasileiro tenha 4,9 problemas desse tipo à espera de tratamento. A cidade mineira de Ipatinga, no Vale do Aço, contrasta com essa realidade nacional. Com 220 mil habitantes, tem um dos menores índices de dentes cariados, perdidos ou obturados do mundo, segundo o anuário estatístico da Organização Mundial da Saúde. A média, na cidade, é de 0,3 problema por habitante. (Na Finlândia, país com a melhor média mundial, o índice é de 1,2.)

Por trás da discrepância entre o Brasil e Ipatinga está a atuação da Usiminas, uma das maiores siderúrgicas do país, privatizada em outubro de 1991. A cidade, localizada a 220 quilômetros de Belo Horizonte, é o berço da empresa e vive em torno de sua atividade econômica. Atualmente, 33 mil pessoas trabalham lá. Esses funcionários e todos os seus dependentes recebem, há anos, tratamento dentário gratuito. Cuidar da saúde geral e bucal dos funcionários também é um exercício de cidadania , diz o engenheiro metalúrgico Rinaldo Campos Soares, presidente da Usiminas. A metodologia de tratamento bucal desenvolvida nos consultórios da empresa foi cedida à prefeitura de Ipatinga e vem sendo empregada no atendimento à população de baixa renda.

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A Usiminas é a mantenedora da Fundação São Francisco Xavier, que controla o Centro Integrado de Odontologia e administra o Hospital Mário Cunha, referência na região. Seus 400 leitos atendem 69% de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), o que gera um déficit da ordem de 7 milhões de reais anuais, coberto com recursos próprios e outros repassados pela empresa.

A ligação entre a Usiminas e a comunidade vem da década de 50, época da fundação da companhia. Quando o governo federal decidiu construir a siderúrgica, ficou também estabelecido que uma nova cidade teria de nascer para abrigar a ela e a população atraída para a região. A empresa teria de fazer tudo. E assim foi, da construção das casas até a estrutura para lazer e esportes.

Funcionários e ex-funcionários estão espalhados pela administração de entidades e associações comunitárias locais. Nos orgulhamos de fabricar campeões , diz João Wanderley Costa, gerente de meio ambiente e urbanismo da Usiminas e presidente do Usipa, um dos 20 clubes de lazer construídos pela empresa. O tatame do Usipa já amorteceu muitas quedas dos adversários dos judocas Rogério dos Santos e Edilene Andrade, campeões brasileiros que disputaram medalhas olímpicas. De suas pistas surgiram Lucimar Aparecida e Euzinete Maria Reis, recordistas nacionais e internacionais no atletismo. Depois da privatização, todos os clubes foram entregues à comunidade. Isso marcou uma nova etapa, a do abandono do assistencialismo, na política de relacionamento com a população.

Ela nada perdeu com isso. Ipatinga continua tendo um dos melhores índices de qualidade de vida do interior brasileiro. Isso se manifesta, por exemplo, na área cultural. Nos últimos cinco anos a Usiminas investiu 19 milhões de reais em cultura. Cerca de 10 milhões foram direcionados para o Instituto Cultural Usiminas, o Usicultura. A cidade já conta com um teatro. Agora outro, para 800 espectadores, e uma galeria de artes anexa estão sendo finalizados pelo Usicultura. Em convênio com a Fundação Clóvis Salgado, mantenedora do Palácio das Artes de Belo Horizonte, os espetáculos teatrais que são apresentados na capital também chegam à cidade. Há ainda, em caráter permanente, apresentações de balé e música erudita. Hoje o Vale também é das Artes, e não só do Aço , diz Rômel Erwin de Souza, gerente-geral da usina.

Além disso, verbas da empresa foram destinadas a aumentar o espaço físico do Museu Abílio Barreto, de Belo Horizonte, a reconstruir o Palácio das Artes e a reformar a Biblicoteca Pública Luiz Bessa, uma das mais importantes de Minas Gerais.

Outro ponto de destaque é a educação. A Fundação São Francisco Xavier é a dona do colégio de mesmo nome. Ele tem mais de 3 mil alunos, filhos de funcionários e crianças da comunidade, e é certificado pela ISO 9002. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília com 1 006 escolas do Brasil, a São Francisco Xavier é a 69a melhor do país. Neste departamento, a Usiminas construiu 28 escolas-padrão em Ipatinga e repassou os edifícios para o poder público. O importante não é o quanto se gasta , diz o presidente Soares. São as idéias e o retorno que elas trazem.

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