Deloitte Brasil alertou para;irregularidades da Parmalat antes da crise
Um auditor da operação brasileira da Deloitte Touche Tohmatsuin alertou que havia irregularidades na Bonlat, a empresa financeira da Parmalat nas Ilhas Cayman tida como o centro da fraude bilionária do grupo de alimentos, quase três anos antes do escândalo vir à tona. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (29/3) pelo jornal americano The Wall Street Journal, que […]
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.
Um auditor da operação brasileira da Deloitte Touche Tohmatsuin alertou que havia irregularidades na Bonlat, a empresa financeira da Parmalat nas Ilhas Cayman tida como o centro da fraude bilionária do grupo de alimentos, quase três anos antes do escândalo vir à tona. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (29/3) pelo jornal americano The Wall Street Journal, que teve acesso a e-mails de funcionários da auditoria.
Com esses documentos, foi levantada a possibilidade de que a Deloitte pode ter ignorado a oportunidade de expor o maior escândalo financeiro do mundo corporativo europeu, além de ter evitado um prejuízo bilionário para os acionistas da empresa.
A versão do WSJ é de que em março de 2001 e, de novo, no mesmo mês do ano seguinte, um funcionário da empresa de auditoria no Brasil teria levantado suspeitas sobre transações irregulares na Bonlat para seus pares na Itália. A Deloitte & Touche, responsável por auditar as finanças do grupo de 1999 a 2004, entretanto, não só não conseguiu mapear as supostas irregularidades, como ficou preocupada com o fato de que sua operação brasileira pudesse vir a investigar as atividades da Bonlat e prejudicar seus negócios com a Parmalat.
A crise do grupo de alimentos veio à tona em novembro de 2003. Até dezembro, no entanto, nenhuma fraude havia sido descoberta. Foi no dia 19 de dezembro que o escândalo financeiro foi deflagrado com a descoberta de que uma conta no valor de 3,9 bilhões de euros em nome da Bonlat no Bank of America não existia. A conta fora falsificada e utilizada como ativo nos balanços do grupo Parmalat para facilitar a obtenção de crédito.
Desde o início do imbróglio, a Deloitte tem se defendido das acusações dizendo que agiu de acordo com a legislação financeira da Itália. Ela também afirma que a responsável pelo balanço da Bonlat era a empresa de auditoria Gran Thornton, que também está sendo investigada pelas autoridades italianas.