Não há beleza que resista à falta de bem-estar físico e psicológico. O Programa Saúde Integral da Mulher, mantido pela Avon, parte desse princípio. Desenvolvido oficialmente há quatro anos, ele vem transformando revendedoras de cosméticos em agentes de informação. Além de dominar dicas sobre tons de batom, essas profissionais foram orientadas para falar de métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis, aids, camisinha, câncer, menopausa, violência doméstica. Temas distantes das rodas de conversa de muitas brasileiras. A maior tarefa dessas 700 mil mulheres é propagar e estimular o auto-exame para a prevenção do câncer de mama, apontado nas pesquisas da Avon como uma das principais preocupações do público feminino. A utilização desse exército de revendedoras/agentes de informação, treinadas, motivadas e espalhadas por alguns dos pontos mais remotos do Brasil, é a grande força do projeto. Estima-se que, nos últimos quatro anos, 1,5 milhão de mulheres foram beneficiadas com esse serviço.

A empresa investiu 600 mil reais na implantação do programa e anualmente reaplica outros 500 mil reais para ampliá-lo. Já financiou oficinas e material de orientação para 5 mil revendedoras em Brasília e sete estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pará, Paraná, Minas Gerais e Pernambuco). O kit inclui cartilha e cd com dicas sobre saúde, que são distribuídos às consumidoras da marca. O trabalho é acompanhado pelo Conselho Nacional de Direitos da Mulher e por organizações não-governamentais. O programa envolve todos os escalões da companhia. Além da tarefa de administrar negócios que rendem faturamento bruto de 1,9 bilhão de reais, o nicaragüense Amílcar Meléndez, diretor-geral da Avon no Brasil, acompanha os avanços do projeto de seu escritório, em São Paulo, como parte das metas anuais. Nossa missão é satisfazer as necessidades da mulher inclusive no que diz respeito à saúde , diz ele.

A mesma visão orienta o trabalho de Maria Sabóia, gerente do setor de vendas de Sobral, no interior do Ceará. Suas 1,2 mil revendedoras, espalhadas por 40 localidades, são, em muitos casos, a única fonte de informação para a grande maioria das mulheres que vivem em áreas rurais, castigadas pela seca e pela desinformação. A prevenção é muito importante aqui , diz Maria. Muitas mulheres não teriam dinheiro para comprar remédio se ficassem doentes. Outras não vão ao médico porque os maridos acham que isso é bobagem.