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Santander negocia acordo para entrar em transação de cartões

Banco fica mais perto de fechar parceria com a gaúcha Getnet para atuar no mesmo mercado de Redecard e Cielo

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

O banco Santander anunciou que está em ''negociações avançadas'' com a empresa gaúcha de serviços tecnológicos Getnet a fim de atuar no mercado de captura e processamento de transações de cartões de crédito e débito. Em comunicado ao mercado, o banco afirma que está em fase de finalização dos contratos necessários para que a parceria se concretize.

A Cielo, controlada pelo Bradesco e Banco do Brasil, perderá a exclusividade de operar com a bandeira Visa no final de junho de 2010. Dessa forma, a companhia passará a credenciar diversas bandeiras como Mastercard, Diners, American Express (Amex), entre outras.

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Apesar da ameaça de novos rivais com a maior abertura do mercado, o presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias, não está muito preocupado com isso.  "Esse negócio não é trivial. É um negócio de escala, que envolve uma série de expertises e nem é tão rentável como todos pensam. Não vai ser fácil para grandes redes de varejo entrarem neste negócio".

Os analistas de mercado também enfatizam a tendência de queda sobre as taxas cobradas pelas credenciadoras.

Mello não descartou essa possibilidade. "Isso vai depender da reação do mercado, mas a escolha do cliente não é baseada somente no preço". Atualmente, a média da taxa cobrada pela Cielo por transação é de 2,5%. Para se ter uma base de comparação, nos EUA, a média paga pelos estabelecimentos é de 1,9%.

Tanto a Redecard como a Cielo acreditam que o mercado brasileiro de cartões ainda tem muito espaço para crescer e isso, de certa forma, compensaria as possíveis perdas com novos concorrentes.

Concorrente agressivo

Caso o Santander concretize sua entrada no mercado de credenciamento, pode se tornar um rival de peso para as atuais líderes do setor. Em relatório divulgado nesta quarta-feira (18/11), o banco britânico Barclays afirma que o Santander "poderia conquistar uma porção significativa de mercado". O trunfo do banco espanhol é deter uma parcela relevante das contas correntes dos lojistas que hoje operam com as atuais credenciadoras. Segundo o Barclays, são cerca de 5% dos que trabalham com a Redecard e 10% dos atendidos pela Cielo. Com isso, no médio prazo, o Santander poderia conquistar uma fatia de 10% a 15% do mercado.

Ao se tornar um credenciador, o principal interesse do Santander não é o de lucrar com as margens dessa atividade, representada pela taxa de desconto que os credenciadores cobram sobre as transações feitas pelos lojistas, de acordo com o Barclays. A entrada seria um modo de aprofundar o relacionamento com os varejistas, e, assim, oferecer outros produtos e serviços de melhores margens, como a antecipação de recebíveis. "A possível entrada do Santander nesse mercado é menos orientada por manter as margens desse mercado elevadas, e mais por ganhar com os vários serviços relacionados ao credenciamento", diz a instituição britânica.

Capitalizado pelo IPO bilionário realizado recentemente - e que bateu o recorde brasileiro -, a filial brasileira do Santander poderia sacrificar as margens do credenciamento, em troca de maior fidelidade dos varejistas. Mas, para a Redecard e a Cielo, cujo foco do negócio é esse, a entrada de um novo competidor com essas características preocupa. A possível perda de mercado, que traria menores receitas decorrentes de aluguel de terminais e redução das margens, leva o Barclays a declarar que não vê potencial de alta para esses papéis no curto prazo. Os analistas britânicos também afirmam que podem rebaixar as recomendações dos papéis no longo prazo, se o novo rival conseguir mesmo conquistar uma parcela razoável do mercado.

A notícia de um potencial concorrente para as credenciadoras foi mal recebida pelo mercado, que castigou os papéis das empresas. Por volta das 16h10, as ações ordinárias da Redecard (RDCD3, com direito a voto) caíam 2,59%, negociadas a 27,42 reais. Já as ordinárias da Cielo (VNET3) recuavam 3,86%, a 16,18 reais. No mesmo instante, o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, operava em baixa de 0,21%, a 67.285 pontos.

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