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Risco de inadimplência prejudica resultado do Bradesco

Um cliente específico foi responsável por R$ 1,2 bilhão da despesa de provisionamento no semestre


	Bradesco: Um cliente específico foi responsável por R$ 1,2 bilhão da despesa de provisionamento no semestre
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Bradesco: Um cliente específico foi responsável por R$ 1,2 bilhão da despesa de provisionamento no semestre (Paulo Whitaker/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 28 de julho de 2016 às 16h06.

São Paulo - A queda de 7,6% do lucro do Bradesco no 2º trimestre tem um motivo: o aumento do risco de calote.

A inadimplência acima de 90 dias cresceu de 4,22% no 1º trimestre para 4,6%. O índice entre as grandes empresas de 0,43% para 0,79%.

Por isso, esse trimestre o banco aumentou suas provisões. O provisionamento é um valor que o banco reserva para diminuir os riscos e se proteger de eventuais calotes. No balanço, esse valor é listado como despesa.

No segundo trimestre do ano, as despesas com provisões atingiram R$ 10,47 bilhões, 46,9% a mais em relação ao mesmo período do ano anterior.

Um cliente específico foi responsável por R$ 1,2 bilhão dessa despesa no semestre. No 1º trimestre de 2016, a despesa em relação a esse cliente foi de R$ 836 milhões e, no 2º trimestre, foi de R$ 365 milhões, por conta de seu agravamento de rating.

O banco não menciona quem é esse cliente nem a qual setor ele pertence.

No primeiro semestre, duas grandes empresas entraram em recuperação judicial: a empresa de sondas de exploração de petróleo Sete Brasil, fornecedora da Petrobras, e o grupo de telecomunicações Oi, com dívidas que somam R$ 65,4 bilhões.

Para se adequar ao novo cenário, o Bradesco ampliou a projeção de despesas para perdas com inadimplência de clientes para o ano. A projeção anterior de 16,5 bilhões a 18,5 bilhões de reais foi elevada para entre 18 bilhões e 20 bilhões.

“Não tínhamos previsto o caso desse cliente específico no início do ano e tomamos a decisão de repassar o provisionamento para o resultado”, afirmou Luiz Carlos Angelotti.

O Santander, que divulgou o resultado trimestral ontem, 27, também mencionou que aumentou suas provisões por conta de um cliente específico. Em relação aos últimos seis meses, o valor das provisões cresceu 7,6%. Em comparação com o trimestre anterior a alta foi de 3,7%, para R$ 2,51 bilhões.

O Bradesco espera recuperação do crédito apenas no início do próximo ano, com a volta do consumo nas famílias e investimento de empresas.

Operação Zelotes

No mesmo dia da divulgação de resultados do banco, a Justiça Federal em Brasília aceitou denúncia contra o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco e outros nove investigados por envolvimento em esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

A informação é da Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo. Angelotti, Domingos Figueiredo de Abreu, diretor vice-presidente do Bradesco e Mário da Silveira Teixeira Júnior, ligado ao conselho de administração do Bradesco também estão entre os investigados.

A operação investiga a ação de grupos suspeitos de negociar decisões positivas no Carf, que avalia dívidas de grandes empresas com a Receita Federal.

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