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Risco cambial pesa pouco para multinacionais, diz pesquisa

Consultoria americana conclui que lucratividade de mercados e riscos políticos pesam mais que a taxa de câmbio nas decisões de investimento

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O risco cambial pesa menos do que se supõe nas decisões de investimento das multinacionais, tanto em países desenvolvidos, como nos em desenvolvimento. É o que mostra uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (17/6) pela empresa americana de consultoria Conference Board. Os pesquisadores constataram que outras variáveis, como o risco político, a lucratividade dos mercados em análise, e o arcabouço legal dos países contam muito mais que a variação das moedas.

A pesquisa baseou-se em questionários enviados para 400 multinacionais em 38 países; 372 companhias responderam. Desse total, apenas 20% consideram que o risco cambial é muito importante para decisão de investimentos fora de seu país de origem. Em contrapartida, 80% das empresas apontaram as oportunidades de negócios nos eventuais mercados como o item mais importante. Mais de 60% destacaram o risco político. A situação legal do país (marcos regulatórios, por exemplo) foi citada por 50% dos participantes. A pesquisa permitia apontar mais de um fator.

No documento, a pesquisadora Marina Whitman afirma que "quase dois terços das empresas indicaram que o risco cambial é relativamente importante, mas as empresas globais parecem buscar, primeiro, mercado lucrativos. A gerência do câmbio fica por conta delas". De acordo com a pesquisa, a principal colaboração da taxa de câmbio é na precificação das oportunidades de mercado, mas a Conference Board ressalta que as variações das moedas não são, em si, um requisito eliminatório para os investidores, exceto em situações de crise cambial extrema.

Segundo Marina, as multinacionais consideram os métodos tradicionais de proteção contra variações cambiais, como o hedge e o ajuste de preços conforme o câmbio, complicados demais para deixar que eles modelem seus planos de expansão internacional, mesmo nos países emergentes.

Discordância

O Conference Board também constatou que não há consenso entre as empresas sobre a melhor forma de enfrentar os riscos cambiais. Cerca de 36% dos entrevistados consideraram o hedge um instrumento muito importante de proteção. Outros 34% afirmaram que esse mecanismo possui apenas importância relativa. A discordância é mais intensa entre as multinacionais americanas. Nesse grupo, 28% das companhias estimaram que o hedge é muito importante, enquanto 17% disseram que ele não tem nenhuma relevância.

Também chama a atenção a reduzida porcentagem de empresas que atrelam suas tabelas de preço ao câmbio para evitar prejuízos. Menos de 20% dos os consultados afirmaram que adotam essa prática e menos ainda (7%) declararam que este é um método importante de proteção.

O uso de uma estratégia bem definida de gestão de riscos cambiais foi declarada por 62 participantes. Cerca de 40% desse grupo atuam em mercados emergentes. Como comparação, apenas 25% da amostra total da pesquisa possui negócios nessas regiões. Os que informaram possuir um plano claro de gestão de câmbio são duas vezes mais propensos a usar mecanismos de hedge, conforme a Conference Board.

Concentração

Os pesquisadores supreenderam-se ainda com outro dado: a concentração dos negócios em torno de poucas moedas de referência. Mais de metade das multinacionais de origem não americana utilizam o dólar como parâmetro de preço e pesquisa de mercado. Cerca de 25% das empresas não européias adotam o euro com o mesmo fim. Segundo a Conference Board, mais espantoso é o fato de que as companhias japonesas são as únicas praticamente a usar o ien como referência.

O estudo constatou que mais de 60% das empresas recorrem a, no máximo, cinco moedas estrangeiras para análises de riscos. Além disso, a concentração das reservas das em poucas moedas, sobretudo o euro e o dólar, agrega e concentra os riscos cambiais.

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