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Público poderá fiscalizar fabricação da Zara por smartphone

Etiquetas de roupas feitas no Brasil terão código que dá acesso a informações sobre seus fabricantes. Medida é resposta a casos de trabalho escravo

Loja da Zara: grife quer melhorar imagem com projetom de responsabilidade social (Alexander Joe/AFP)

Luísa Melo

Publicado em 23 de maio de 2014 às 10h11.

São Paulo - A partir do lançamento da próxima coleção de verão, consumidores poderão fiscalizar, através do smartphone, a cadeia de produção das roupas da Zara fabricadas no Brasil.

As etiquetas das peças da grife começarão a vir com um código que, lido por um programa instalado em dispositivo móvel, levará a um site contendo informações não só sobre o próprio item, mas também sobre o fornecedor que o confeccionou.

A novidade faz parte do programa de responsabilidade social "Fabricado no Brasil", adotado pela empresa.

Na próxima campanha o projeto ainda funcionará em fase piloto, mas deve abranger todos os produtos confeccionados no país no decorrer de 2015.

No site, estarão disponíveis o nome do fornecedor, sua localização, o número de funcionários, os contatos e a classificação que ele recebeu nas auditorias realizadas pela Zara.

"Não é marketing, é um processo de transparência", garantiu o presidente da companhia no Brasil, João Braga, em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, em São Paulo.

Segundo ele, a iniciativa irá, basicamente, partilhar o processo de rastreabilidade das roupas que já existe dentro da companhia com o cliente. A empresa não revelou quanto está investindo na ideia.

Trabalho escravo

O investimento em transparência vem como uma resposta do Grupo Inditex, dono da Zara, aos escândalos que ligaram a companhia a trabalhadores mantidos em situação análoga à de escravo no país, em 2011.

Em um deles, pelo qual a Justiça considerou a Zara responsável no mês passado —contrariando a tentantiva de anulação do processo por parte da grife—16 bolivianos foram encontrados costurando para a marca sob condições insalubres, em São Paulo.

Os trabalhadores, que haviam sido subcontrados pela então fornecedora da Zara AHA Indústria e Comércio de Roupas, receberiam 2 reais por item fabricado.

Por conta desse caso, o Grupo Inditex firmou com o Ministério Público do Trabalho um termo de ajustamento de conduta que previa o pagamento, por parte da empresa, de 3,4 milhões de reais em "investimentos sociais".

A partir do acordo, a Zara desembolsou, de 2012 até agora, cerca de 14 milhões de reais em ações de responsabilidade social. A cifra é maior que o dobro do valor investido entre 2003 (quando a organização começou a ter projetos desse tipo) e 2012: 6 milhões de reais.

O dinheiro foi gasto em medidas como auditorias em fornecedores; um projeto para a capacitação e desenvolvimento dos fabricantes; o apoio a instituições sociais; e o financiamento (no valor de 6,2 milhões de reais) de projetos do Centro de Integração à Cidadania do Migrante.

As auditorias

O termo de ajustamento de conduta da Zara com o Ministério Público do Trabalho teve fim em 2012 e, portanto, o "Fabricado no Brasil" é um projeto espontâneo da empresa. Porém, ele tem como um dos pilares as auditorias em fornecedores, que começaram a ser feitas como parte do acordo.

De acordo com a Zara, entre 2011 e 2013, já foram realizadas mais de 1.200 inspeções junto aos seus 32 fornecedores (que empregam cerca de 11 mil trabalhadores).

Nelas, segundo a companhia, não foi encontrada nenhuma irregularidade semelhante às que ocorreram há três anos.

As averiguações são realizadas internamente pela Zara e também por consultorias internacionais.

Segundo João Braga, a legitimidade dessas investigações poderá ser checada (e cobrada) pelos próprios consumidores quando o "Fabricado no Brasil" estiver funcionando, por meio das informações disponibilizadas no site.

Esclarecimentos

Apesar dos esforços da Zara em mostrar que busca a transparência e está em processo de "melhoria contínua", a empresa foi convocada a compararecer à CPI do Trabalho Escravo na Assembleia Legislativa de São Paulo, na quarta-feira (21).

O deputado Carlos Bezerra Júnior, autor do requerimento, diz em seu site que quer " saber se houve mudança num esquema global de exploração de pessoas ou se a empresa se esforça só para fugir da responsabilidade e da lista suja do trabalho escravo".

Segundo João Braga, presidente da companhia no Brasil, a Zara estaria presente na reunião ainda que não fosse convidada, pois tem interesse em falar das medidas que tem tomado, as quais "acredita que sejam boas para todo o setor".

Para ele, um dos principais pilares do programa de responsabilidade social da grife é a premissa de que "fugir do problema não é a solução".

Mesmo assim, a marca de roupas ainda luta para ter seu nome excluído da "lista suja" do trabalho escravo.

Para Braga, o caso não se trata de nenhuma oposição da grife ao combate à escravidão, mas de um "direito de defesa", já que "considera a medida injusta face à conduta exemplar que tem tido mediante os acontecimentos".

São Paulo – O primeiro trimestre do ano foi marcado por uma forte divergência no desempenho do lucro das varejistas brasileiras, em meio ao cenário de fraca demanda. Para a equipe de análise do HSBC Global Research , essa diferença de desempenhos nos resultados deve persistir no próximo trimestre. O banco acaba de atualizar suas estimativas às companhias do setor. Veja a seguir as opiniões dos analistas Francisco Chevez e Stewart Ragar.
  • 2. Arezzo (ARZZ3)

    2 /7(Divulgação)

  • Veja também

    Desempenho em 2014: -7,7%
    Preço alvo em 12 meses: R$ 35,00
    Potencial de valorização: +21%
    Recomendação: Overweight (alocação acima da média de mercado)
    A equipe de análise do HSBC continua a enxergar “bom valor e potencial de crescimento no longo prazo”. No entanto, os analistas se mostram cautelosos no curto prazo. “A Arezzo baixou para um crescimento de um dígito na receita em comparação ao mesmo período do ano passado, provavelmente adiando qualquer expansão significativa de margens até 2015”, justificam.
  • 3. Lojas Renner (LREN3)

    3 /7(Germano Lüders/EXAME.com)

  • Desempenho em 2014: +14% Preço alvo em 12 meses: R$ 78,00 Potencial de valorização: +17% Recomendação: Overweight (alocação acima da média de mercado) A Lojas Renner é uma das preferidas do HSBC no segmento. O preço-alvo dos papéis foi elevado de 75 para 78 reais. “A empresa tem registrado resultados operacionais sistematicamente positivos nos últimos trimestres, mesmo mantendo um ritmo agressivo de expansão”, afirmam os analistas.
  • 4. Marisa (AMAR3)

    4 /7(Marisa)

    Desempenho em 2014: -5,5%
    Preço alvo em 12 meses: R$ 18,00
    Potencial de valorização: +11,5%
    Recomendação: Neutra A recomendação às ações da Marisa foi rebaixada de overweight (alocação acima da média de mercado) para neutra. De acordo com os analistas, o lucro por ação da empresa está mais baixo, uma vez que os problemas de execução prejudicaram a visibilidade dos resultados. “O aumento nas despesas relativas a investimentos em novos canais, incluindo comércio eletrônico e vendas diretas, pode continuar a impactar a margem EBITDA da operação de varejo; porém, o crescimento mais rápido de cartões de crédito deve compensar esse efeito”, projeta o HSBC.
  • 5. Guararapes (Riachuelo) (GUAR3)

    5 /7(Divulgação)

    Desempenho em 2014: -7,11%
    Preço alvo em 12 meses: R$ 122,00
    Potencial de valorização: +27%
    Recomendação: Overweight (alocação acima da média de mercado)
    A Guararapes apresentou um desempenho destacado em 2013 e continuou acima de seus pares no primeiro trimestre deste ano, segundo a equipe do HSBC. A análise lembra que o CEO da companhia, Flávio Rocha, prometeu recentemente que a empresa expandirá seus investimentos de 400 milhões de reais no ano passado para 500 milhões de reais neste ano – e quer dobrar sua área de vendas e sua receita até 2016.
  • 6. Hering (HGTX3)

    6 /7(ELIANA VIEIRA/Divulgação)

    Desempenho em 2014: -24%
    Preço alvo em 12 meses: R$ 27,00
    Potencial de valorização: +13%
    Recomendação: Neutra O primeiro trimestre foi desafiador à companhia - em termos de receita e margens - devido a fatores como o aumento dos custos salariais e a possível receita mais fraca, pois a coleção de inverno da empresa será lançada durante a Copa do Mundo. “Este cenário contribuiu para estimativas de lucros reduzidos para 2014, que, por sua vez, alimentam o recuo em nosso preço alvo, de 30 para 27 reais por ação”, justificam os analistas.
  • 7. Veja agora as maiores empresas do mundo em valor de mercado

    7 /7(Getty Images/Matt Stroshane)

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