Programa de Valorização do Jovem - Coca-Cola

Professores costumam escolher como ajudantes os melhores alunos da classe os mais bem comportados ou com melhores notas. Mas no Programa Coca-Cola de Valorização do Jovem, implantado em 1999 no Brasil, acontece exatamente o contrário. Alunos de escolas públicas municipais que apresentam risco de evasão escolar, por fraco desempenho escolar ou comportamento inadequado, ganham, em vez de reprimendas, responsabilidades: são escolhidos para monitorar estudantes mais novos, com dificuldade de aprendizado. Cada um deles dedica quatro horas semanais cada hora vale um bônus de três reais à monitoria de três alunos da mesma classe.

Além de ajudar na melhoria do desempenho dos menores, o projeto tem como objetivos aumentar o interesse dos monitores em relação à escola, sua auto-estima, o entrosamento com colegas e professores e até mesmo mudar a forma como ele é visto por seus pais em casa. Sinto que sou importante para outros alunos. Percebi que tenho capacidade para ajudar alguém. E minha mãe tem orgulho de mim , diz Washington Nunes Damaceno, 13 anos, aluno da escola Jenny Gomes, do Rio de Janeiro. Hoje, Washington já não tem seu boletim cheio de notas vermelhas como antes. Núbia de Souza, 14 anos, estudante da 6a série da escola Armando de Arruda Pereira, em São Paulo, passou a valorizar o trabalho de seus professores. Tento mostrar a meus colegas que aprender é importante para o nosso futuro, para a profissão que queremos ter , diz ela.

O resgate da auto-estima é o foco do projeto. É por meio dele que se dá a melhoria do desempenho escolar dos alunos. Os pais percebem isso , diz o americano Stuart Cross, presidente da subsidiária brasileira da Coca-Cola. Eles dizem que seus filhos se tornaram mais responsáveis, dedicados aos estudos e que passaram a apoiar o ensino de irmãos menores. Desde o início do projeto, a assiduidade dos alunos envolvidos aumentou de 67% para 79%. O desempenho passou de 36% para 75%. Uma vez por semana os monitores fazem reuniões de acompanhamento com coordenadores e, eventualmente, visitam empresas e conversam com personalidades. No primeiro ano de funcionamento, o programa envolveu apenas duas escolas municipais. Este ano, 13 colégios do Rio de Janeiro e de São Paulo foram beneficiados. O orçamento de 500 mil reais em 2001 chegará a 750 mil no próximo ano. No total, 25 escolas farão parte do projeto.

A implantação do Programa de Valorização do Jovem em outros estados já está em negociação e envolve a busca por parceiros que se encarreguem do bônus. Além do Brasil, o projeto já foi implantado nos Estados Unidos, na Inglaterra e em Porto Rico.