A indicação do presidente da Ferrari para a presidência do conselho de administração do grupo Fiat provocou a renúncia do principal executivo das empresas. O pedido de demissão de Giuseppe Morchio surpreendeu o mercado e acarretou a desvalorização das ações do grupo. Nomeado pela família Agnelli, Luca Cordero di Montezemolo assume o comando do conselho quatro dias após a morte de Umberto Agnelli, que ocupava o posto. Para a presidência executiva do grupo, foi nomeado Sergio Marchionne, em substituição a Morchio.

Segundo o jornal britânico Financial Times, a ascensão de Montezemolo assinala que os acionistas optaram por alguém de vínculos estreitos com a família. O executivo atua no grupo há 30 anos e ocupava, atualmente, a presidência da Ferrari. Nele, Montezemolo conseguiu reverter a imagem da marca, tornando-a novamente um ícone entre os carros esportivos. A proximidade com o núcleo de poder da Fiat levava-o a afirmar, por exemplo, que o ex-presidente do grupo, Giovanni Agnelli, irmão de Umberto e morto em janeiro de 2003, era praticamente um "pai" para ele. Na semana passada, Montezemolo tornou-se presidente da Cofindustria, a confederação de indústrias italiana.

Morchio, ao contrário, chegou à Fiat há 16 meses e teve o mérito de implementar um drástico programa de recuperação das empresas, que se refletiu sobretudo na forte redução das perdas registradas pela divisão automotiva do grupo, no primeiro trimestre. Morchio acreditava que a rapidez com que reestruturou as empresas e com que acalmou os sindicatos trabalhistas seriam suficientes para conquistar a confiança da família. Embora a Fiat continuasse perdendo dinheiro, muitos analistas acreditavam que as perdas seriam interrompidas até o final do ano.

Além de comandar o grupo, Montezemolo recebeu outra missão: preparar o neto de Giovanni Agnelli, John Elkann, 28 anos, para os negócios. No domingo, Elkann foi promovido de diretor para vice-presidente do grupo, enquanto dois outros membros dos Agnelli foram nomeados para a diretoria.