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Positivo tem 3 opções após perda de vantagem tributária em SP

Papéis da empresa são uma boa aposta na bolsa, segundo corretoras, mas grau de valorização dependerá da resposta da empresa a uma mudança no ICMS paulista

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Líder brasileira em computadores, a Positivo Informática tem três opções para compensar as mudanças na legislação paulista que acabaram com suas vantagens tributárias no Estado de São Paulo. Segundo corretoras, a velocidade de resposta da empresa ao novo cenário vai interferir diretamente na cotação dos papéis da empresa, que caíram cerca de 30% nas últimas cinco semanas.

Na raiz dessa redução está a aprovação de uma lei pelo governo paulista, em dezembro de 2007, que reduziu de 12% para 7% o crédito em ICMS oferecido ao varejista na compra de computadores fabricados em outros Estados. A medida entrará em vigor a partir de março de 2008 e tem a finalidade de eliminar uma alegada desvantagem dos fabricantes paulistas, que geravam créditos de apenas 7% para os varejista. Ao invés de igualar a competição, entretanto, a medida acabou por favorecer os produtores de São Paulo, uma vez que eles contam também com isenção total do pagamento de ICMS na fabricação, desconto inexistente em muitas unidades federativas.

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No Paraná, por exemplo, onde a Positivo fabrica os computadores que vende em São Paulo, o ICMS incidente sobre a produção de computadores é de 3%, o que fez com que a vantagem dos varejistas paulistas ao comprar produtos da empresa, antes correspondente a 2% se transformasse agora em desvantagem de 3% em relação a um produto feito em São Paulo.

O Estado de São Paulo responde por 32% do volume de computadores vendidos pela empresa em todo o país. Apesar do fim de importante vantagem tributária, em sua primeira avaliação da empresa, analistas da Prosper Corretora optaram pela recomendação de compra dos papéis diante de um potencial máximo de alta de 76,2% ao longo de 2008. A corretora acredita que a empresa ainda vai negociar com o governo do Paraná a possibilidade de redução da alíquota de ICMS a zero.

Além disso, parte desta atratividade deve-se ao fato de a fabricante de computadores encontrar-se "em posição única" por possuir mais que o dobro da participação de mercado da segunda colocada no setor, a CCE, e atuar num segmento com índice de expansão superior a 100% ao ano, desde 2005. Reforça a avaliação positiva o fato de oito entre as outras dez corretoras que cobrem a empresa recomendarem a compra dos papéis, ante apenas dois que indicam posição neutra.

Um outro fator de atração dos papéis da Positivo, porém, é o fato de eles estarem muito baratos, em razão da trajetória radical de queda na cotação da empresa em janeiro.

Com a decisão de São Paulo, a empresa teria três cenários a enfrentar, de acordo com a Prosper. No pior deles, a Positivo teria de absorver o fim da vantagem tributária ou repassar preços ao computador. Nesse caso, o potencial de valorização da empresa ficaria em 59,4%.

Uma segunda hipótese seria a mudança da alíquota paranaense para zero. Isso igualaria a Positivo aos produtores paulistas, em termos de tributação, e aceleraria o aumento no preço das ações a 69,3% neste ano.

Já no terceiro caso, o mais improvável, a companhia fecharia a fábrica do Paraná e transferiria toda sua linha de produção para a fábrica em Manaus, a ser aberta em abril. A isenção do ICMS e de outros impostos (IPI e PIS/Cofins) acabaria por elevar a valorização dos papéis da companhia em 70,86%, porcentagem bastante próxima à do cenário base (76,2%, correspondente a uma situação em que o ICMS no Paraná seja zerado).

Questionada sobre os possíveis cenários para o futuro, a Positivo nega a intenção de transferir suas linhas já existentes para Manaus. A companhia também busca minimizar o impacto de um eventual aumento de preço ou da incorporação do crescimento da carga à própria margem de lucro.

"Ainda não está claro se absorveremos os 5% que foram eliminados por São Paulo, mas em termos de competição, é importante lembrar que os maiores concorrentes da Positivo, nesse segmento de produtos mais acessíveis, estão fora de São Paulo e, por isso, também sentirão a mudança", afirma o diretor de relações com investidores vice-presidente financeiro, Lucas Guimarães.

Além disso, Guimarães ressalta que o preço dos produtos da Positivo continua a ser atraente mesmo com a perda dos créditos fiscais. Ele lembra que nas lojas da varejista Ponto Frio, por exemplo, os produtos da Positivo são bem mais baratos que os de concorrentes como a Dell.

Por isso, ele aponta a possibilidade de um cenário a mais para Positivo, em que a alteração fiscal não interferiria no desempenho da empresa nem exigiria mudanças de local de operações.

Para o analista da Prosper Corretora, Alan Cardoso, o repasse parcial de preços e a absorção da outra parte à margem de lucro podem fazer sentido, como estratégia, desde que não levem a uma situação de perda de participação no mercado.

"É muito mais importante estar bem posicionado na venda a crédito do que no valor à vista. Um repasse de parte do aumento ao preço final não faria grande diferença, desde que os consumidores das classes C, que compram o produto parcelado, pudessem continuar pagando suas prestações", afirma Cardoso.

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