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Polícia Federal prende dona da Daslu

Justiça condenou Eliana Tranchesi pelos crimes de formação de quadrilha, descaminho (fraude em importações) e falsificação de documentos

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A empresária Eliana Tranchesi, dona da butique Daslu, foi presa na manhã desta quinta-feira (26/3) pela Polícia Federal em sua residência, na zona sul de São Paulo. Ela foi levada para o Presídio Feminino do Carandiru, na zona norte da cidade. Seu irmão, Antônio Carlos Piva de Albuquerque, também foi preso.

As prisões foram determinadas pela juíza da 2a Vara Federal de Guarulhos, Maria Isabel do Prado, que condenou ambos pelos crimes de formação de quadrilha, descaminho (fraude em importações) e falsificação de documentos. Eliana e Albuquerque já haviam sido presos em julho de 2005, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Narciso, que apurou crimes de sonegação fiscal e contrabando.

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Segundo as investigações, a Daslu era a responsável pela negociação, compra, escolha e pagamento de mercadorias no exterior. Feito isto, entravam em cena as importadoras (tradings), que eram responsáveis pela falsificação de documentos e faturas destinados a permitir o subfaturamento do valor das mercadorias. O esquema teria sido desvendado após uma fiscalização de rotina da Receita Federal, que reteve uma carga da loja, supostamente encomendada pela trading Multimport. Os auditores abriram a carga e encontraram diferenças entre os valores declarados dos produtos e os valores do material importado, constantes nas notas que estavam dentro das caixas e em bilhetes de controle de saída de estoque.

Celso de Lima, dono da Multimport, também foi preso nesta manhã.

O outro lado

Em comunicado enviado à imprensa, a advogada de Eliana Tranchesi, Joyce Roysen, afirma que "embora ainda não tenhamos tido acesso ao teor da sentença, consideramos absolutamente injusta e desprovida de racionalidade a condenação de Eliana Tranchesi".

A advogada informa que entrará com um pedido de habeas corpus para solicitar a liberdade Eliana Tranchesi. Segundo ela, a sentença foi "acompanhada de uma excêntrica ordem de prisão, providência já declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2003, no julgamento da Reclamação Constitucional 2391, e amparada em legislação que não seria aplicável ao caso nem mesmo em tese".

Joyce classifica a prisão como " ainda mais cruel" ao considerar a situação de saúde de Eliana, que enfrenta um tratamento contra câncer. "No último sábado ela realizou mais uma sessão de quimioterapia, está fragilizada, e deverá se submeter periodicamente a novas sessões", destaca.

Já na prisão, Eliana Tranchesi escreveu um bilhete, que foi divulgado por sua advogada. Segue abaixo na íntegra.

"Não vejo sentido em estar presa novamente. Não represento perigo para a sociedade. Este processo começou há quase três anos. Minha vida foi revirada. Fui presa por um crime tributário cujas multas já haviam sido lavradas e estavam sendo pagas. Vocês acompanharam tudo e viram que enfrentamos muitos problemas, fechamos lojas, demitimos 500 funcionários, mas observaram também que as mesmas lojas estão sendo reabertas e muitas pessoas foram recontratadas.

Devo tudo isso a cada uma das mais de 600 pessoas que trabalham comigo. Sei que podem tocar a Daslu, pois são corajosas, competentes e determinadas e tiveram a força posta à prova durante todo esse período de luta contra as adversidades. Vencemos, crescemos e estamos fazendo sucesso. A Daslu continua a ser uma referência internacional na moda. Um motivo de orgulho para mim e um exemplo do que o Brasil pode dar ao mundo.

Neste momento, meu coração está com meus filhos. Penso neles todo o tempo e me
questiono se era necessário mais um sofrimento em seu coração. Quanto à Daslu, tenho muita esperança, muita determinação e muitos sonhos. Sonhos que a minha equipe comprometida e competente vai ajudar a realizar.

Obrigada.
Eliana Tranchesi"

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