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Plano indiano de armazenar dados no país pode afetar Amazon e Microsoft

Autoridades querem que as informações sejam armazenadas localmente para que possam ter acesso a elas com mais facilidade na condução de investigações

Amazon: gigante já realiza vendas por aqui desde 2012, começando pelos seus icônicos livros (Mike Segar/Reuters)

Amazon: gigante já realiza vendas por aqui desde 2012, começando pelos seus icônicos livros (Mike Segar/Reuters)

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Reuters

Publicado em 4 de agosto de 2018 às 17h10.

Nova Délhi - Um painel que trabalha com a política de computação em nuvem do governo indiano quer que dados gerados na Índia sejam armazenados dentro do país, segundo relatório preliminar ao qual a Reuters teve acesso, proposta que pode desferir um golpe contra gigantes globais como a Amazon e a Microsoft, que oferecem esses serviços.

Isso não só aumentaria seus custos, pois elas precisariam elevar o número e o tamanho dos centros de armazenamento de dados na Índia - onde os custos de energia continuam altos -, como também seriam repassados para os clientes que incluem desde pequenas startups a grandes corporações indianas.

A medida será a mais recente de uma série de propostas que buscam estimular a localização de dados na Índia, conforme o governo finaliza uma lei abrangente de proteção de dados. Os requisitos de armazenamento de dados locais para pagamentos digitais e setores de e-commerce também estão sendo planejados.

As autoridades querem que as informações sejam armazenadas localmente para que possam ter acesso a elas com mais facilidade na condução de investigações.

O relatório preliminar do painel de políticas da nuvem, liderado pelo co-fundador da gigante de tecnologia indiana Infosys Kris Gopalakrishnan afirma que um regime de proteção de dados "prospectivo" é necessário, já que a estrutura de leis de TI da Índia "não é suficiente" para computação em nuvem.

"Recomendamos que dados em nuvem e quaisquer dados armazenados sobre entidades indianas ou dados gerados estejam na Índia", afirmou, acrescentando que esses dados "devem estar disponíveis para agências de investigação e agências de segurança nacional".

O movimento da Índia ocorre em um momento de maior escrutínio global sobre como as empresas armazenam dados de usuários. Em julho, a Índia afirmou que a polícia federal iniciou uma investigação sobre o uso indevido dos dados de usuários do Facebook pela Cambridge Analytica, que Nova Délhi suspeita que estejam incluídas informações sobre usuários indianos.

O mercado indiano de serviços em nuvem pública deverá aumentar para mais de 7 bilhões de dólares até 2022, segundo o relatório preliminar. Os gastos das empresas com software de infraestrutura de data center subirão 10 por cento neste ano, para 3,6 bilhões de dólares, estima a empresa de pesquisas Gartner.

De acordo com o documento, Amazon, IBM e Microsoft estão entre as principais empresas já registradas sob uma iniciativa do governo para computação em nuvem. Ele também destaca a Google, Oracle e Salesforce.com, da Alphabet Inc, como aqueles com "presença significativa".

O relatório, no entanto, destacou os desafios de infraestrutura e conectividade enfrentados pelos provedores de serviços em nuvem na Índia - como os altos custos de energia e a necessidade de obter várias permissões - que aumentam o custo da operação de data centers.

De acordo com o painel, mais de 80 por cento da oferta de data center na Índia estava concentrada em cinco cidades. Ele recomenda a realização de um estudo para identificar 20 locais propícios para essa infraestrutura, além de buscar incentivos e uma estrutura tributária simplificada para o crescimento da indústria.

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