Negócios

Petrobras vai investir US$ 34 bilhões em cinco anos

Investimento em GLP, volta para o mercado petroquímico, internacionalização, redução de investimentos e troca de equipe. Leia a íntegra da entrevista do presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra à EXAME. "Nosso planejamento estratégico para os próximos cinco anos, que pretendemos investir 34 bilhões de dólares, 85% desse valor é em projetos no Brasil", afirma Dutra. […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Investimento em GLP, volta para o mercado petroquímico, internacionalização, redução de investimentos e troca de equipe. Leia a íntegra da entrevista do presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra à EXAME. "Nosso planejamento estratégico para os próximos cinco anos, que pretendemos investir 34 bilhões de dólares, 85% desse valor é em projetos no Brasil", afirma Dutra.

Qual a estratégia de internacionalização da Petrobras. Houve mudanças em relação ao que foi traçado pelo plano estratégico da companhia, desenhado em 2001?

Dutra -
Em relação a isso não há grandes mudanças. Nós vamos continuar trabalhando para aumento da participação da Petrobras no mercado internacional. Isso é decorrência natural da mudança da legislação de petróleo no Brasil. A medida que se acabou com o monopólio e se possibilita a vinda de outras empresas de petróleo para o Brasil a Petrobras tem que buscar mercado externo. Mas isso não significa que vamos deixar de investir no Brasil. Mesmo com essa mudança o nosso principal mercado é o no Brasil. No nosso planejamento estratégico para os próximos cinco anos, pretendemos investir 34 bilhões de dólares, 85% desse valor são em projetos no Brasil.

Quais as áreas onde a internacionalização será mais intensa?

Dutra -
Nosso foco é a América Latina, mesmo porque, a compra da Perez Companc, na Argentina, vai fortalecer nossa expansão pelo continente. Também vamos expandir para o Golfo do México e África para aproveitar a nossa vantagem competitiva de exploração em águas profundas.

O que mudou em relação ao plano estratégico apresentado agora por sua gestão e o que já havia sido aprovado pela gestão passada?

Dutra -
As mudanças foram muito poucas. A direção anterior já havia iniciado o processo de revisão do plano. Nós tínhamos duas alternativas ou começar do zero ou a partir do que já havia sido feito. Nós decidimos pela continuidade para não atrasar os planos da companhia. Partimos do trabalho iniciado e estabelecemos algumas modificações enfatizando a questão da segurança dos funcionários que trabalham nas plataformas e também da responsabilidade social da companhia. Fizemos também alguns ajustes pela própria situação do mercado mundial que não estava tão favorável quanto quando o plano foi feito. Os investimentos previstos para 2003 eram de 9 bilhões de dólares e nós reduzimos para 7 bilhões de dólares. A diferença será distribuída pelos próximos anos.

A Petrobras vai voltar para a petroquímica?

Dutra -
Nós decidimos que a empresa vai voltar para a petroquímica. Isso é um processo natural em todas as grandes empresas de petróleo. Cada vez mais, em função das pressões ambientais, de novas fontes de energia, têm havido questionamentos cada vez maiores em relação a utilização do petróleo como fonte de energia. O caminho natural que as empresas de petróleo têm é buscar outros elos da cadeia. E esses elos são a cadeia petroquímica. A Petrobras já atuou nessa área de forma monopolista, houve o processo de privatização e ela passou a atuar de forma minoritária. Ficou com um portfólio caótico nessa área porque tem participação em uma série de centrais mas não participa da gestão de nenhuma delas. Então decidimos que a petroquímica vai voltar a ser uma área estratégica.

Qual será o caminho dessa volta?

Dutra -
Isso ainda está em estudo. Temos que otimizar nosso portfólio. Vamos sair de algumas empresas e escolher as áreas que vamos atuar. Queremos atuar em parceria. A própria compra da Perez Companc força essa decisão da Petrobras porque a empresa argentina tem uma forte participação na petroquímica. Tem inclusive uma empresa no Rio Grande do Sul a Inova.

Há interesse em comprar alguma empresa nesse setor?

Dutra -
Nós pretendemos trabalhar em parceria. Isso tem de ser feito com muito cuidado. Hoje tem a Brasken, a Copesul, e a Petrobras participa de todas elas. Só que quem participa de todas acaba não participando de nenhuma. Queremos ter participação na gestão de algumas delas. Mas sabemos que, para onde se move, a Petrobras provoca uma série de cataclismas. Vamos ver com muito cuidado a forma de aumentar essa participação.

Está se falando que a Petrobras poderia comprar a petroquímica Ipiranga.

Dutra -
Não há nada decidido sobre isso. Nós não definimos qual vai ser nossa estratégia. Podemos, por exemplo, aumentar nossa participação na Brasken de 8% para 32%. Mas não há definição ainda de qual será o rumo que vamos tomar. Estamos fazendo estudos sobre isso.

A Petrobras teria interesse de participar na distribuição de GLP?

Dutra -
Estamos estudando isso também, dentro da lógica de participar de toda a cadeia. Não decidimos qual será o caminho. Se vamos comprar ou entrar no mercado crescendo vegetativamente.

Há duas visões do mercado em relação à Petrobras. Uma bastante positiva de que a empresa está investindo e mantendo os planos de crescimento e obtendo bons resultados. A outra, é muito negativa e se refere a questão das escolhas dos funcionários para assumir funções chaves na empresa. No caso da área de exploração e produção estão, por exemplo, sendo colocadas pessoas sem experiência, vindas de sindicatos. Como o senhor vê essa questão?

Dutra
Essa crítica surgiu na época em que houve a substituição. A origem disso é de quem sai. Mas não procedem as afirmações de que são indicados pelo sindicato e de que sejam pessoas sem experiência. A Petrobras tem uma tradição dos gerentes mudarem de posição, de irem de uma gerência para outra. Até porque os gerentes que saíram assumiram também funções gerenciais. Algumas do mesmo nível, outras de nível inferior. Mas mantiveram as funções gerenciais. As pessoas que assumiram também já tinham experiência anterior. Outros vinham de gerência equivalente. Todos estavam trabalhando da empresa.

EXAME teve acesso a alguns currículos desses novos gerentes. Pelo que se vê ali, contudo, é que muitos não têm experiência gerencial.

Dutra -
Todos eles tinham cargos de gerentes. Há casos de que eles tinham cargos inferiores, isso é verdade. Mas eles foram promovidos. Mas isso é natural em uma empresa como a Petrobras. Sempre se têm ascensão gerencial. Essas pessoas não causaram qualquer cataclisma na empresa. Pelo contário, a Petrobras continuou dando lucro e tendo bom desempnho.

O temor é que os resultados de uma má gestão apareçam a mais longo prazo.

Dutra
Essa crítica não tem embasamento. Essas pessoas já tinham experiência anterior e estão emc argos que vão torná-las mais eficientes. Foi assim com os gerentes anteriores. Parece até que as pessoas nasceram gerente da Petrobras.

Outra preocupação do mercado é em relação ao diretor de exploração e produção da Petrobras, Guilherme Estrella, que têm posições contrárias à quebra do monopólio e à abertura do mercado. Isso pode ter alguma influência no caminho que a empresa pretende tomar no futuro.

Dutra
O Estrella sempre deixou claro que essas são opiniões pessoais dele. E temos que levar em consideração que o corpo gerencial da Petobras vai conduzir a empresa à luz do arcabouço legal que existe hoje. Não terá influência se vai voltar o monopólio ou não. Se for por aí eu também votei contra a quebra do monopólio quando era senador. Mas nem por isso estou propondo sua volta. Mesmo porque, não fazia parte do programa do governo Lula restabelecer o monopólio. O Estrella tem a liberdade para ter opinião sobre a legislação brasileira. Ele é diretor da Petrobras mas continua sendo cidadão. Sua ação, enquanto diretor da Petrobras, será à luz da legislação brasileira e, na gestão, à luz do seu conselho administrativo que é quem aprova os planos da empresa.

Na nova assessoria de gás foram colocados também sindicalistas.

Dutra -
O que me surpreende quando se fala na Petrobras são as críticas de que estamos colocando sindicalistas. Ora, o presidente da República é ex-sindicalista, não sei quantos ministros são ex-sindicalistas. Eu sou ex-sindicalista. Alguns desses novos gerentes, além de engenheiros e geólogos tiveram a função de sindicalistas. Eu não entendo porque a pessoa tem que colocar esse carimbo de que é sindicalista. Ele está lá porque é engenheiro, é geólogo. Ninguém foi promovido por ser sindicalista, ou por ser do PT. São técnicos da Petrobras e foram colocados lá por sua competência.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

Sentimentos em dados: como a IA pode ajudar a entender e atender clientes?

Como formar líderes orientados ao propósito

Em Nova York, um musical que já faturou R$ 1 bilhão é a chave para retomada da Broadway

Empreendedor produz 2,5 mil garrafas de vinho por ano na cidade

Mais na Exame