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Parmalat tem prejuízo dez vezes maior no segundo trimestre

Aumentos do custo do leite e da estrutura administrativa pesaram sobre o resultado da empresa, que promete cortar gastos até dezembro

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A Laep, dona da Parmalat e de outras marcas famosas no setor lácteo, como a Paulista, encerrou o segundo trimestre com prejuízo consolidado de 73,3 milhões de reais. As perdas são mais de dez vezes superiores ao prejuízo de 7,2 milhões de reais do mesmo período do ano passado. Os aumentos do custo da matéria-prima e das despesas com uma estrutura maior - fruto das aquisições realizadas - foram o que mais prejudicou a companhia. Os investidores não gostaram da notícia e os papéis da Laep operam com forte queda na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

A receita líquida trimestral aumentou 49%, passando de 217,3 milhões de reais para 405,1 milhões. Mas os custos operacionais, sobretudo a compra de leite, subiram em ritmo muito mais forte: 70%, de 209,1 milhões para 355,8 milhões de reais. Os gastos para aquisição de leite subiram ainda mais: 88%, de 125,6 milhões para 236,7 milhões. Segundo a empresa, trata-se de uma alta "atípica". A Laep também não conseguiu repassar o aumento para os varejistas, o que pressionou ainda mais suas margens. Com isso, o lucro bruto da Laep caiu para 49,4 milhões de reais, ante 62,2 milhões do período comparado.

Desde que comprou o controle da Parmalat no Brasil, em 2006, a Laep iniciou uma série de aquisições no mercado de lácteos, com o objetivo de ganhar escala de produção. Mas a contrapartida foi o aumento das despesas operacionais, o que também atrapalhou a empresa neste trimestre. Essa rubrica saltou 61%, de 76,2 milhões para 122,5 milhões de reais do segundo trimestre de 2007 para o mesmo período deste ano. Dentro desta conta, as despesas com vendas, gerais e administrativas foram as que mais subiram: 114,7 milhões ante 61,9 milhões de reais. O resultado operacional terminou negativo em 73,1 milhões de reais, cinco vezes maior que as perdas de 14 milhões do trimestre comparado.

O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em 39,8 milhões de reais. No segundo trimestre de 2007, a empresa havia conseguido um saldo positivo de 18 milhões.

Pé no freio

O mau desempenho levou a Laep a anunciar uma série de medidas para conter os prejuízos. Ao lado dos números trimestrais, a empresa também anunciou que pretende gerar economias de 15,8 milhões de reais no segundo semestre. A maior parcela, 5 milhões, virá da revisão de fretes pagos, seguida por 4,8 milhões na renegociação de produtos industrializados por terceiros. A empresa também pretende fechar algumas fábricas.

As demissões previstas devem custar à empresa 1 milhão de reais em indenizações, mas também renderão uma economia de 800.000 reais depois de concluídas.

A empresa também afirma que, se as medidas anunciadas não forem suficientes para reverter a situação, outras poderão ser adotadas. Uma delas seria um corte de 8 milhões de reais com despesas de marketing, além de cortes adicionais de estoque e de recebíveis.

Os números da empresa desagradaram os investidores. A Laep mantém BDRs na Bovespa (certificados de depósitos de ações de empresas estrangeiras negociados na bolsa). Por volta das 12h50, os papéis da Laep (MILK11) apresentavam queda de 3,35%, negociados a 1,73 reais. No mesmo instante, o Ibovespa, principal indicador da bolsa, apresentava alta de 0,12%, a 54.308 pontos.

Esta não é a primeira demonstração de descontentamento dos investidores com a Laep. Entre o primeiro pregão do ano, quando os papéis fecharam cotados a 7,69 reais, e o de sexta-feira (15/8), quando encerraram em 1,79 real, a Laep perdeu 77% de seu valor em bolsa. Segundo detalha reportagem de EXAME, os acionistas estão insatisfeitos com a direção da companhia, que aplicou os recursos captados no IPO de modo diferente do prometido no prospecto de abertura de capital. Os investidores também ressentem-se de outra promessa descumprida - a de mudar rapidamente a estrutura de capital da empresa.

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