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Os desafios do Uber, a empresa temida pelos taxistas

A empresa de cinco anos, avaliada em US$ 41 bilhões e que causa protestos por onde quer que passe, pode estar causando mudanças para o bem


	Uber: a empresa que causa protestos por onde quer que passe pode estar causando mudanças para o bem
 (Divulgação/Uber)

Uber: a empresa que causa protestos por onde quer que passe pode estar causando mudanças para o bem (Divulgação/Uber)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 10 de fevereiro de 2015 às 14h42.

São Paulo - O Uber, a companhia de tecnologia mais popular da atualidade, causa reviravoltas por onde quer que passe. A cada nova cidade em que desembarca, causa levantes de taxistas ou prefeituras contra o serviço, que oferece motoristas particulares por um aplicativo. Ainda assim, continua crescendo e se expandindo e pode mudar o trânsito para melhor.

A empresa de cinco anos, avaliada em US$ 41 bilhões, é “uma empresa de tecnologia que conecta motoristas a passageiros focada em mobilidade urbana”, segundo Guilherme Telles, diretor geral da empresa no Brasil.

Ao pedir um carro pelo aplicativo, o usuário deve ter uma experiência com pompa. Tanto carro quanto serviço são superiores e mais luxuosos. Em São Paulo, o serviço Uberblack é 5% mais caro que um taxi comum na bandeira 1. Em fins de semana ou à noite, é até mais barato.

Motoristas

O preço competitivo ficou ainda mais baixo. Nos Estados Unidos, o preço do serviço UberX caiu 20% - uma tentativa de aumentar a popularidade da empresa.

Muitos motoristas reclamaram da medida e, em 2014, protestos tomaram diversas cidades, como Nova York, Santa Monica, San Francisco e até Londres. Segundo eles, a porcentagem do pagamento que vai para a Uber – 20% - é muito alta.

A escolha e valiação dos motoristas parceiros também foi motivo de discórdia. Como o Uber não tem nenhum carro ou motorista contratado, trabalha com parceiros cadastrados no serviço. Mas não é qualquer um que será aceito pela empresa. Os candidatos precisam ter uma carteira de habilitação especial, atestado de antecedentes criminais e passam por horas de entrevistas até serem aceitos.

O processo não acaba aí. Os motoristas são avaliados pelos passageiros – e vice-versa. Só continuam com a parceria aqueles que tiverem uma avaliação superior a 4,6 estrelas, em uma medição de 0 a 5. No Brasil, a média dos motoristas é 4,85 estrelas.

Essa rigidez é importante para deixar “passageiros felizes e motoristas felizes”, afirma Telles, além de assegurar a segurança e qualidade do serviço.

O processo também foi um dos motivos para os protestos nos Estados Unidos. Segundo os motoristas, apenas uma avaliação negativa poderia retirá-los do sistema para sempre.

Denúncias

Com a rápida expansão do serviço pelo mundo, o serviço também recebeu algumas denúncias de assédios ou violências. O caso que ficou mais conhecido ocorreu na Índia, onde uma passageira disse ter sido estuprada pelo motorista.

Segundo o diretor, esses casos são “estatisticamente nada, mas na prática somos muito preocupados com isso”. Como milhões de viagens são feitas por dia, não é incomum que essas denúncias aconteçam. Ainda assim, garante Telles, a empresa lamenta profundamente os casos e se transforma para evitá-los. 

No caso da Índia, o motorista foi preso em menos de 24h com ajuda do Uber e da polícia e o serviço ganhou um “botão de pânico” para evitar casos futuros. 

Taxistas

Um grupo que não está feliz com a chegada do Uber são os taxistas. A cada nova expansão, associações se unem para protestar contra o serviço. Quando o aplicativo chegou em maio de 2014 ao Rio de Janeiro, taxistas pararam o trânsito.

Um dos argumentos que usaram para tentar barrar o serviço é que, segundo uma lei federal, apenas taxistas poderiam exercer "a utilização de veículo automotor, próprio ou de terceiros, para o transporte público individual remunerado de passageiros, cuja capacidade será de, no máximo, sete passageiros". O Uber seria, segundo esse argumento, ilegal.

“O Uber é legal”, afirma Telles. Ele apenas não se encaixa na definição de “transporte público individual”, segundo ele. No caso do taxi, qualquer pessoa pode estender a mão e pegar. No caso do Uber, é preciso ter um aplicativo, internet e um cartão de crédito. Não é público, diz ele.

Crescimento

Apesar das polêmicas, o Uber avança no Brasil com um “crescimento elevado”, diz Telles. “Cresce muito mais do que esperávamos”. Por isso, os planos de expansão e desenvolvimento são semanais, e não semestrais ou anuais. A cada semana, as metas aumentam.

Atualmente, o serviço está disponível em quatro cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Telles afirma que já há interesse de outras cidades em receber o serviço, mas que os cinco escritórios já existentes ainda precisam se estabelecer plenamente.

Os planos globais da Uber são ambiciosos. Há oito meses, estava em 100 cidades. Hoje, está em mais de 270.

Segundo Telles, a Uber gerou 50 mil “empregos” por mês em 2014 para seus motoristas cadastrados. Para 2015, o plano é gerar um milhão de vagas no mundo todo. Além disso, o objetivo é transformar a mobilidade urbana nas cidades em que está disponível, ao dar outra opção aos consumidores.

Melhorias

A empresa polêmica também pode estar causando mudanças para o bem. Uma pesquisa da empresa em parceria com em parceria com a Mothers Against Drunk Driving (MADD) (Mães contra a bebida e a direção, em português) constatou queda nos acidentes de trânsito. 

Na Califórnia, estado onde nasceu o Uber, acidentes relacionados ao uso de álcool caíram em 6.5% entre motoristas com menos de 30 anos. São 1800 acidentes evitados desde junho de 2012.

Em Seattle, desde a chegada de serviços como o Uber, houve uma redução de 10% das prisões de motoristas que consumiram álcool.

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