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O carro-chefe da metrópole

Na região onde avança o setor de serviços, quem mais fatura é uma indústria

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

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    Apesar da mudança do perfil econômico da Grande São Paulo, com o setor de serviços ocupando cada vez mais o espaço da atividade industrial, a maior empresa privada da região ainda é uma indústria: a Volkswagen. Suas vendas atingiram 5,7 bilhões de dólares no ano passado. A fábrica de São Bernardo do Campo, inaugurada em 1959, continua como a maior das cinco que a montadora possui no Brasil. Produziu no ano passado 195 000 veículos, 35,6% do total da marca no país. "Contrariando a tendência de evasão de empresas para outras regiões, mantivemos a tradição e permanecemos no ABC", diz o executivo Carlos Alberto Salin, vice-presidente de operações da Volkswagen.

    A fábrica na rodovia Anchieta é um complexo de 1,6 milhão de metros quadrados onde trabalham 16 690 pessoas, 62,5% do quadro de funcionários da montadora no país. Só para receber os empregados, a fábrica conta com um pátio para 187 ônibus, que operam 296 linhas particulares, em cinco horários. Apesar da retração do mercado, o ritmo de produção ainda é considerável: 850 veículos por dia. Em 1997, na efervescência econômica do Plano Real, a fábrica chegou a montar 1 250 veículos por dia. Seu centro tecnológico foi o primeiro a desenvolver automóveis no país. Nele foram criados, por exemplo, a Brasília e toda a família Gol, o modelo mais vendido no país nos últimos 15 anos. O desenho do Polo, carro mundial da Volkswagen lançado em junho, também teve a participação do laboratório de tecnologias avançadas da unidade de São Bernardo.

    Quando se fixou no Brasil, o grupo alemão escolheu a região pela vantagem logística da proximidade do porto de Santos. Na época, como ainda não havia uma base mínima de fabricantes de componentes no país, a Volkswagen montou uma estrutura verticalizada para a produção de inúmeros componentes, de bancos a escapamentos, de parafusos a radiadores. Desde então, o processo produtivo da fábrica de São Bernardo passou por várias mudanças. Em 1997, a direção decidiu acabar com a estrutura verticalizada. Terceirizou a produção das peças e concentrou-se nos veículos. Foi o primeiro passo para o enxugamento e a remodelação da fábrica. O objetivo é aumentar a competitividade da marca e preparar a fábrica para o futuro. "A competição interna impunha essa reestruturação", diz Salin.

    A remodelação incluiu a liberação de áreas para a criação da linha de montagem do Polo. Em outras palavras, isso significou praticamente construir uma nova fábrica dentro de outra. Desde o início das obras, em fevereiro de 1999, foram demolidos 37 prédios com até 5 000 metros quadrados cada um, o equivalente a 15% da área construída. Além disso, hoje estão disponíveis para venda cerca de 300 000 metros quadrados de terrenos ociosos. A meta é reduzir a área construída em 30% e vender 500 000 metros quadrados de terreno.

    É na região metropolitana de São Paulo que se localiza o maior mercado para a marca. Em 2001, absorveu 23,5% dos veículos comercializados no país. Ali, a Volkswagen vende atualmente 5 500 carros por mês. "Passados os abalos provocados pela crise de energia e pelos atentados terroristas em Nova York, houve uma retomada nas vendas", diz o executivo Gustavo Schmidt, gerente regional da Volkswagen em São Paulo. "Mas ainda não conseguimos voltar aos níveis de março do ano passado." Naquele mês, a marca vendeu 8 000 carros na Grande São Paulo.

    Para enfrentar a queda nas vendas e brigar pela retomada da liderança na região metropolitana -- posição ocupada nos últimos dois anos pela General Motors --, a Volkswagen começou a reestruturar sua rede de concessionárias. A estratégia inclui desde o saneamento financeiro de lojas em dificuldades até a busca de novos grupos para cobrir zonas ainda não atendidas na região. A rede Volkswagen já é a maior da Grande São Paulo. Até o ano passado, reunia 46 concessionárias plenas (as que oferecem todos os serviços), controladas por 39 grupos empresariais. A meta neste ano é chegar a 48 revendedoras, administradas por 35 empresas. "Começamos a reestruturação por São Paulo porque é o mercado mais importante no Brasil", diz Schmidt.

    Numa tentativa de deslanchar as vendas, a Volkswagen desenvolve diferentes ações de marketing. É o caso dos feirões nos fins de semana, promovidos na fábrica de São Bernardo e em shopping centers. Neste ano, a montadora deve promover 13 feirões. Em cada evento, vende em média 600 carros. Outra iniciativa bem-sucedida: entre março e junho, a Volkswagen montou um estande na entrada da casa de espetáculos Credicard Hall para divulgar o modelo Golf. Em cada fim de semana, vendeu cerca de 160 carros. "O mercado competitivo exige agilidade", diz Schmidt. "Queremos mostrar ao consumidor que a Volkswagen não está parada e recuperar a liderança na Grande São Paulo."

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