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NYT: visita de Ahmadinejad prejudica diplomacia do Brasil

Vinda do presidente iraniano ao país vai de encontro com esforços americanos em frear programa nuclear do Irã

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

As ambições do Brasil em ter uma maior influência na diplomacia global podem ser prejudicadas pela visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ao país nesta segunda-feira (23), de acordo com reportagem do jornal americano "The New York Times". O "NYT" considera a visita uma "cotovelada" aos Estados Unidos, por ir de encontro aos esforços dos americanos e outras potências ocidentais em frear o programa nuclear do Irã.

Por isso mesmo, diplomatas do Brasil e dos EUA consideram que a visita pode esfriar as relações entre os dois países e minar a reputação nacional no cenário estrangeiro, relata a reportagem.

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Um representante democrata de Nova York, Eliot L. Engel, disse ao jornal “essa visita de Estado é um grave erro”. O “NYT” também cita a crítica do Brasil aos EUA na forma como agiu diante da crise de Honduras, como um outro episódio que estremeceu a relação entre os países.

Lula
o presidente, Luiz Inácio lula da Silva, vai reiterar que o Brasil reconhece o direito de o Irã desenvolver a tecnologia nuclear para fins pacíficos. Mas recomendará a Teerã investir na reconquista de sua confiança e indicará que, para isso, será preciso fazer um gesto adicional.

O Brasil acompanha com interesse a evolução do caso do Irã na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Em especial, porque teme que a proibição ao enriquecimento de urânio no Irã, defendida pelas potências nucleares, possa vir a se estender ao Brasil no futuro, mesmo com as garantias do fim pacífico do programa brasileiro. Para o Itamaraty, a única saída para o Irã seria cumprir o acordo de Viena, que está nas mãos de um governo iraniano que ainda impõe condições e resiste em assiná-lo.

O acordo dribla completamente a proibição pretendida pelos EUA, França, Inglaterra, China, Rússia e Alemanha - embora tenha sido negociado por esses mesmos países, sob a mediação da AIEA. Prevê que o Irã possa continuar com o enriquecimento de urânio até o teor de 5%. O produto final seria embarcado para a Rússia, onde seria processado até atingir o teor de 20%. Daí, seguiria para França, onde seria transformado em combustível para a planta nuclear iraniana que fabrica radiofármacos.

O presidente iraniano, entretanto, antecipou que não se deixará levar facilmente pelo argumento de Lula. Em artigo de sua autoria distribuído pela embaixada do Irã em Brasília, na última sexta-feira, Ahmadinejad afirma que há uma "polêmica injusta dos países ocidentais contra o programa nuclear iraniano" e que espera que seu país e o Brasil se aliem para vencê-la.

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