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Nos EUA,;pesquisa revela pressão de bancos por operações casadas

Levantamento mostra que 96% dos dirigentes financeiros de grandes empresas dos EUA já viram seus empréstimos condicionados à;contratação de;uma cesta de serviços

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

É quase unânime. Executivos de finanças americanos reclamam do crescente vinculação de empréstimos bancários à aquisição de outros produtos financeiros. Uma pesquisa sobre a prática de operações casadas, realizada com 370 dirigentes de empresas americanas com receita superior a 1 bilhão de dólares anuais, mostrou que a estratégia, ilegal no Brasil, tornou-se corriqueira nos Estados Unidos.

Dos executivos que responderam à pesquisa, 96% afirmaram que tinham sido pressionados a contratar também serviços de subscrição de ações e de consultoria para fusões. Antes a lei americana determinava uma rígida separação entre o negócio bancário e o de corretagem, barrando o acesso dos bancos comerciais e reservando aqueles serviços às firmas de Wall Street, como a Goldman Sachs, Merrill Lynch e Morgan Stanley. Cerca de dois terços dos entrevistados declararam que um banco havia negado crédito ou encarecido os custos da operação porque eles não haviam aderido ao pacote oferecido pela instituição, segundo a edição de hoje (9/6) do americano The Wall Street Journal.

"Está demonstrado que essas práticas estão se tornando comuns no mercado", disse ao jornal americano Jim Kaitz, presidente da Associação de Profissionais de Finanças dos EUA, responsável pela pesquisa, a terceira sobre o tema realizada nos últimos três anos. "É o momento para que o Federal Reserve [banco central americano] e outras agências reguladoras apresentem uma clara interpretação do que são vinculações ilegais e tomem medidas para aprimorar a supervisão e aplicação de restrições às operações casadas."

Poder de barganha

De acordo com The Wall Street Journal, a "implacável" onda de fusões no setor financeiro das duas últimas décadas concentrou a capacidade de empréstimo em poucas e gigantescas instituições, como Citigroup, J.P. Morgan Chase e Bank of America, os três maiores, que juntos controlam mais da metade das linhas de crédito para pessoas jurídicas de grande porte. Sua fatia no mercado de subscrição de ações, fonte principal de receita para as firmas de Wall Street, cresceu de 12% em 2000 para 22% em 2003.

A lei federal americana impede explicitamente que empréstimos sejam condicionados à contratação de quaisquer outros produtos. Mas, diz o Wall Street Journal, o próprio Departamento de Justiça americano já declarou que as operações casadas podem ser algo positivo, porque permitem que tomadores de empréstimo "bons de negociação" joguem um banco contra o outro na oferta dos melhores pacotes de serviços e extraiam a melhor relação custo/benefício.

Para Beth Climo, dirigente da Associação Americana de Bancos, a prática, que define como relationship banking, "simplesmente faz parte do negócio". "Ninguém encontrou muita evidência de operações casadas ilegais."

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