Nortel investe US$ 10 mi em fábrica de Campinas

São Paulo, 24 de abril (Portal EXAME) A Nortel Networks está investindo 10 milhões de dólares na sua fábrica em Campinas, no interior de São Paulo, para produzir no Brasil estações de radiobase (ERBs) para as tecnologias CDMA e GSM. Atualmente, a empresa produz localmente apenas ERBs para o mercado de TDMA.

Segundo Marco Folegatti, diretor da fábrica em Campinas, as ERBs serão comercializadas em junho. A capacidade de produção será de 200 estações de radiobase, metade CDMA, metade GSM.

A empresa espera, com isso, manter sua participação no mercado brasileiro de ERBs, que hoje é de 25%. De acordo com Hervé Adam, diretor-geral da Nortel no Brasil, cerca de 3 mil estações radiobase devem ser comercializadas neste ano no país.

No ano passado, duas operadoras de telefonia móvel, a Oi e a TIM, passaram a operar no Brasil com a tecnologia GSM. Como os fabricantes mundiais estão deixando de investir no desenvolvimento da tecnologia TDMA, quem trabalha com esse sistema, para continuar a ser competitivo, deverá escolher entre o GSM e o CDMA. É de olho nesse movimento do mercado que a Nortel está trazendo ao país a produção de estações de radiobase para essas tecnologias.

Ao passar a fabricar esses equipamentos no Brasil, a Nortel ganhará competitividade com relação a preço. Isso porque a Lei de Informática oferece benefícios fiscais aos produtos fabricados no país, como redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). A empresa também poderá oferecer aos seus clientes o Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos), linha de crédito do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Finame, que cobra taxas de juros bem abaixo das praticadas pelo mercado, só pode ser usado para a compra de equipamentos produzidos no país com índice de nacionalização de pelo menos 60%.

Nesta quinta-feira (24/4), a Nortel anunciou seus resultados mundiais referentes ao primeiro trimestre ano. A companhia, que vinha registrando saldos negativos consecutivos, apresentou lucro de 54 milhões de dólares, contra um prejuízo de 841 milhões de dólares no mesmo período do ano passado. O resultado surpreendeu analistas, que esperavam o retorno ao lucro apenas no próximo trimestre.

Desde o ano 2000, a empresa vem reduzindo custos e cortando pessoal. Há cerca de dois anos, tinha aproximadamente 90 mil funcionários no mundo. Hoje são 34 mil. No Brasil, o enxugamento seguiu a mesma proporção. Dos cerca de 1.500 empregados no início de 2001, hoje restam cerca de 500. Com a fabricação dos novos modelos de estações radiobase na unidade de Campinas, devem ser criados entre 40 e 60 postos de trabalho na linha de produção.