Nestlé fatura R$ 9,6 bilhões no Brasil em 2003

Às voltas com mais uma tentativa de consolidar a compra da Chocolates Garoto, a Nestlé não parou de crescer em 2003. A companhia registrou faturamento bruto de 9,6 bilhões de reais e praticamente antecipou em um ano a meta de dobrar a receita num prazo de quatro anos, entre 2001 e 2004. O objetivo foi anunciado no final de 2000, quando a empresa faturou 4,9 bilhões. "Enquanto o Brasil cresceu cerca de 1,6% ao ano nesse período, a Nestlé aumentou 30% ao ano", disse o presidente da empresa no Brasil, Ivan Fábio Zurita.

Segundo o executivo, cerca de 30% da expansão deveu-se ao lançamento e à remodelação de produtos. O restante veio do incremento de negócios em linhas já existentes. Embora a companhia foque sobretudo o mercado interno, já que outras unidades do grupo cobrem o restante dos países, as exportações a partir do Brasil também aumentaram. Em 2001, foram de 60 milhões de dólares. No ano passado, chegaram a 300 milhões de dólares. Alguns produtos, como o café solúvel, encontram grande espaço em mercados como a Rússia e Ucrânia. "Isso mostra a competitividade de nossa linha", afirmou Zurita.

O desempenho, conforme ele, foi suficiente para manter a subsidiária brasileira como a segunda mais importante da Nestlé, em todo o mundo, em termos de volume de vendas e a quinta em faturamento. "Temos uma penetração de 94% dos domicílios brasileiros", disse. Para isso, a empresa consegue colocar seus produtos em 250 mil pontos de venda no país.

Expectativas e Cade

Zurita afirmou que, para 2004, a unidade brasileira espera crescer o dobro do Produto Interno Bruto (PIB). "Se o Brasil crescer 3,5%, por exemplo, queremos chegar em 7%", disse. O início do ano, contudo, não foi muito forte. O presidente da empresa conta que, em janeiro, o estoque médio dos clientes equivalia a um mês de vendas. Em maio, a média já havia baixado para 15 dias. Zurita atribuiu os altos estoques do início do ano à queda do poder aquisitivo da população.

A Nestlé também continua empenhada em consolidar a aquisição da Garoto. "Em momento algum, alguém me viu dizer que vou desistir", afirmou. O próximo capítulo da novela acontecerá, conforme Zurita, até meados de julho, quando os conselheiros do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) julgarão a nova proposta da empresa para ficar com a Garoto. Apresentada em abril, ela mostra a disposição da Nestlé de vender algumas de suas marcas próprias e outras da Garoto, reduzindo assim de 53,7% para, aproximadamente, 43,7% a participação conjunta das empresas no mercado de chocolates.

Zurita evitou, ainda, comentar possíveis conversas que estaria mantendo com a Masterfoods South America, subsidiária que representa a americana Mars no Brasil. No início de maio, a Mars - fabricante dos confeitos M&M - formalizou sua intenção de comprar a Garoto ao entregar, ao Cade, documento justificando suas intenções. O negócio representaria um grande avanço para os americanos, já que a Mars detém menos de 20% do segmento de chocolates no país.

Nova campanha

Dentro da estratégia de investir cerca de 360 milhões de reais por ano em iniciativas de marketing, a Nestlé também definiu o tom de suas campanhas publicitárias para 2004. A empresa desembolsou 80 milhões de reais para desenvolver uma campanha com ninguém menos que o cantor Roberto Carlos. A intenção é vincular a imagem dos produtos mais importantes da companhia, como o leite em pó Ninho e o chocolate Sem Parar, à idéia de uma alimentação saudável e equilibrada.

Durante a turnê de lançamento do novo CD de Roberto Carlos, "Para Sempre", a Nestlé promoverá a troca de produtos por ingressos promocionais. Os consumidores poderão trocar os ingressos por três produtos da Nestlé, mais 10 reais. Os produtos trocados pelos ingressos serão doados a entidades assistenciais. Estão previstos 25 shows. O primeiro acontecerá no início de julho, em Porto Alegre.