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Mercado do livro no Brasil encolhe à metade em oito anos

Faturamento de R$ 2,36 bilhões em 2003, deflacionado, representa uma queda de 48% do apurado em 1995

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

O mercado editorial brasileiro encolheu à metade em oito anos. A constatação é de uma pesquisa feita pelos economistas George Kornis e Fábio Sá Earp a pedido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De 1995 a 2003, o faturamento das editoras diminuiu 48%, o volume de livros comercializados caiu 40%, o número de títulos editados, 13% e o de exemplares impressos, 10%. No mesmo período o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 16%. De acordo com a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), o setor movimentou 2,36 bilhões de reais no ano passado.

"O livro no Brasil está agonizando, mas não existem propostas políticas para superar a crise", afirma Earp, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em termos quantitativos, o Brasil supera a Grã Bretanha em produção editorial, mas o valor do mercado é um quarto do faturado pelos livros britânicos. Analisando proporcionalmente, o Brasil publica dois livros por habitante anualmente, enquanto a Alemanha edita seis. Havia no Brasil, no final do ano passado, 43,75 milhões de livros parados nos estoques (leia reportagem da revista EXAME sobre a editora Sextante, um caso de sucesso em um mercado difícil).

"É uma situação assustadora", diz Samuel Leon, dono da editora Iluminuras. O resultado não é pior porque o governo brasileiro compra entre um terço e metade de todos os exemplares editados no Brasil, afirma o estudo de Kornis e Earp. Em 2004 o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação tem 600 milhões de reais para comprar e distribuir 93 milhões de livros para o ensino fundamental, mais 2,7 milhões para o ensino médio (ante 450 milhões de reais em 2003).

Além disso, programas de aquisição de obras para bibliotecas públicas ainda não decolaram. Um deles é o "Fome de Livro", do Ministério da Cultura, que neste ano ainda responde pela rubrica "Livro Aberto" e vai consumir 5 milhões de reais para a formação de bibliotecas em cidades que ainda não possuem nenhuma. "Claro que o programa já é alguma coisa, mas não deixa de ser extremamente tímido", diz Leon. Para o editor, há 25 anos no ramo, só uma política continuada de formação, atualização e ampliação de bibliotecas públicas poderia dar escala às editoras e permitir o acesso da população aos livros. "Nenhum país importante do mundo gasta tão pouco com suas bibliotecas quanto o Brasil, nem mesmo a Argentina e o México", diz Earp, da UFRJ.

Primeiros passos

"Os editores têm pela primeira vez números para pensar o futuro, um futuro em que não vejo o fortalecimento do mercado", diz Leon. Segundo o economista Earp, ainda falta estruturar um modelo capaz de dar conta do mercado de livros "Este campo do saber está sendo inaugurado. Não sabemos ainda de que dependem a oferta e nem a demanda do livro."

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