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Gol reduz compra de aviões e corta dividendos; ações despencam

Companhia aérea justificou medidas com alta do petróleo e da competição no mercado

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A Gol anunciou nesta quinta-feira que vai reduzir seu plano de aumento da frota e cortar os dividendos pagos aos acionistas como forma de enfrentar a conjuntura desfavorável. A empresa, que tinha 111 aviões ao final do ano passado, prevê fechar 2008 com 104 aeronaves e 2009 com 108. A previsão anterior era de encerrar este ano com 106 aviões e o próximo com 115.

A queda do petróleo tem afetado a lucratividade das empresas aéreas brasileiras e tornado as passagens mais caras - o que afeta o crescimento do setor. A Gol prevê que a aviação doméstica tenha uma expansão de 7% a 8% no número de passageiros transportados em 2009. O mercado brasileiro, no entanto, deve se tornar mais competitivo com a chegada da Azul, empresa aérea que o fundador da americana JetBlue, David Neeleman, promete lançar no próximo ano.

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"O nosso plano de frota permite atendermos a demanda esperada do mercado de transporte aéreo no Brasil e America do Sul", afirma Wilson Maciel Ramos, vice-presidente de Planejamento e Tecnologia da Gol.

A Gol tem anunciado nas últimas semanas uma série de medidas para reduzir os custos e minimizar os efeitos do petróleo caro sobre suas margens. A empresa baixou o consumo de combustíveis desligando as turbinas mais rápido após o pouso e reduzindo a velocidade das aeronaves. Outra medida importante foi a redução na quantidade de rotas de sua controlada Varig. Além disso, a Gol vai terminar de substituir os Boeing 737-300 e 767-300 neste ano por aeronaves 737NG, que também são mais econômicas.

Medidas como essas costumam ser bem recebidas pelo mercado. Às 11h28, no entanto, as ações preferenciais da Gol (GOLL4) registravam queda de 6,47%,  negociadas a 17,35 reais na Bovespa. O que desagradou os investidores foi que a Gol também anunciou o corte dos dividendos pagos aos acionistas neste ano. A justificativa foi a mesma: a conjuntura mais desfavorável para o transporte aéreo, já que 40% dos custos das empresas do setor variam de acordo com o preço do querosene de aviação. No entanto, ao cortar os dividendos, a empresa mexeu no bolso de seus sócios e investidores. A previsão era de pagar dividendos trimestrais de 0,18 real por ação ordinária ou preferencial. Com o corte, a Gol informou que deve distribuir 25% do lucro líquido do exercício aos acionistas. Como a alta do petróleo fez a empresa trabalhar com margens negativas em muitas rotas, não se espera um lucro representativo neste ano - logo, nem substanciais dividendos.

"Em razão do atual ambiente da industria aérea, o Conselho de Administração acredita que a medida anunciada atende aos interesses dos acionistas e da companhia pois possibilita a Gol empregar o caixa para financiar seus investimentos e melhorar os índices financeiros", afirmou em nota.

A Gol costuma ser uma boa pagadora de dividendo - distribuiu 665 milhões de reais desde 2004.  Além da renovação de frota, a Gol afirma que precisará dos recursos neste ano para continuar a integrar suas operações com as da Varig - as empresas podem, inclusive, se tornar uma só - e para implementar um novo sistema de passagens.

"As medidas adotadas são necessárias para que a companhia se prepare para a próxima fase de seu crescimento e estão alinhadas com a nossa estratégia de expansão rentável baseada na estrutura de baixo custo", afirmou Constantino de Oliveira Junior, diretor-presidente da companhia.

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