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Gazeta Mercantil dá férias coletivas a funcionários

Empresa ainda busca uma solução para crise; edição desta sexta-feira pode ser a última

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A Gazeta Mercantil pode deixar de circular a partir da próxima segunda-feira. A Editora JB, que pertence à Cia. Brasileira de Multimídia (CBM), do empresário Nelson Tanure, manteve a decisão de suspender o licenciamento e o uso da marca para publicação do jornal a partir de 1º de junho. Ainda sem saber se a edição desta sexta-feira será sua última, a empresa concedeu férias coletivas de 30 dias para os funcionários.

Segundo funcionários do jornal, além do passivo trabalhista herdado com o arrendamento da marca, dívidas tributárias referentes ao não recolhimento de impostos, no valor de R$ 32 milhões que venceram em maio foram a gota d´água para Nelson Tanure desistir do negócio.

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Além das férias, a CBM teria se comprometido a pagar mais 30 dias, em caráter de aviso prévio, caso não haja uma forma de ressuscitar a publicação. Nesta quinta-feira, o grupo terminou de pagar os salários de todos os funcionários referentes ao mês de abril.

A falta de interesse da CBM em não mais editar a Gazeta Mercantil ocorre principalmente porque a intenção da empresa ao arrendar a marca, cujo valor era estimado em 60 milhões de reais em 2003, era arcar apenas com despesas referentes ao pagamentos de royalties pelo licenciamento. Na visão da CBM, as dívidas trabalhistas da Gazeta Mercantil continuariam a ser uma responsabilidade da GZM S.A e GZM Participações Ltda, que ainda pertencem à Levy.

Mas, de lá para cá, as decisões da Justiça seguiram na direção contrária. O próprio grupo confirma que, nos últimos cinco anos, realizou adiantamentos à GZM S.A. superiores a 90 milhões de reais.

Isso comprovaria a tese de funcionários e outras fontes ligadas ao caso de que Tanure perdeu mais do que lucrou ao licenciar a marca do diário econômico. Além disso, Tanure ainda teme que o passivo da Gazeta, estimado em 200 milhões de reais, pudesse contaminar a saúde financeira de seus outros negócios, o que já ocorre.

Na última quarta-feira, a 26ª Vara do Trabalho de São Paulo determinou a penhora de ações que Tanure possui na Intelig para pagar dívidas trabalhistas da Gazeta equivalentes a 200 milhões de reais. Segundo informações divulgadas pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, são mais de 300 ações em fase de execução. A ação foi movida pela empresa Problem Solver e a Associação dos Funcionários e Ex-Funcionários da Gazeta quando seus advogados ficaram sabendo que Tanure vendeu por 650 milhões de reais suas ações na Intelig para a TIM, informa nota divulgada pela entidade sindical em seu site. A decisão judicial ainda pode ser alvo de recurso.

No entanto, também nesta quarta-feira o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade que o novo proprietário de uma empresa em recuperação judicial ou processo de falência não é responsável por suas dívidas, o que pode abrir um precedente favorável para Tanure.

Tropeços já no início

Não é de hoje que Tanure e Levy se desentendem. O primeiro tropeço aconteceu em 2001 quando Levy abortou uma parceria com Tanure logo após o empresário ter injetado algo em torno de R$ 2,5 milhões na Gazeta e optou por fechar acordo com a WorldInvest, de Thompson-Flores, para tocar o diário.

As negociações com Tanure só foram retomadas em 2003 diante do malogro de Levy em tentar vender o controle da Gazeta para outros interessados, entre eles a Marítima Petróleo e Engenharia, de German Efromovich, e o grupo Estado.

Até o fechamento da matéria, a assessoria de imprensa do grupo CBM não havia conseguido contatar o porta-voz encarregado do caso: o diretor-jurídico, Djair de Souza Rosa, para comentar o assunto. Levy, por sua vez, informou que só irá se manifestar por meio de comunicado oficial à imprensa ainda a ser divulgado.

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