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Gafisa diz que problemas de financiamento da Tenda estão resolvidos

Com mais caixa e patrimônio líquido maior, novos controladores comparam a nova Tenda a um "canhão" para captar recursos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Com a venda de 60% de seu capital para a Gafisa, a construtora e incorporadora mineira Tenda verá sua capacidade de captar recursos no mercado aumentar bastante (clique aqui e entenda a aquisição da Tenda pela Gafisa). Pelo menos, é o que apontam os novos controladores da companhia. "A Tenda vai ter um canhão para se alavancar [contrair dívidas] financeiramente", afirmou o presidente da Gafisa, Wilson Amaral, nesta terça-feira (02/09), durante teleconferência com analistas de mercado para explicar a operação.

A suposta dificuldade da Tenda de financiar suas obras foi o estopim da forte queda de suas ações, na semana passada, e que desembocou em sua venda para a companhia paulista. Em 26 de agosto, durante seminário do Credit Suisse sobre o setor de construção, a Tenda afirmou que estava mais difícil obter crédito. A reação foi o rebaixamento do preço justo de seus papéis por importantes bancos de investimento, como o Goldman Sachs, que cortou em 53% o valor estimado dos papéis, para 7,40 reais, e o próprio Credit Suisse, que os rebaixou em 67%. A reação agravou a pressão sobre as ações da Tenda, que já vinham caindo desde a divulgação dos números do segundo trimestre.

Nesta terça, os novos controladores procuraram afastar a preocupação dos analistas sobre a situação financeira da Tenda. Quando a operação for concluída, dentro de 60 dias, a empresa contará com um caixa líquido [dinheiro em caixa menos as dívidas] de 398 milhões de reais. A cifra é bastante superior aos 135 milhões de reais com que a MRV, principal concorrente da Tenda no segmento de imóveis para a baixa renda, encerrou o primeiro semestre. A relação dívida líquida sobre patrimônio líquido, que mede a capacidade de a empresa se endividar, ficará negativa em 34%, sinalizando que há mais caixa do que dívidas. Segundo Amaral, mesmo em uma situação conservadora, em que a empresa apresentasse uma relação dívida/patrimônio líquido de 60%, o montante que poderia ser captado seria bastante alto. "Vejam a capacidade da Tenda de se alavancar", afirmou.

Segundo estimativa de EXAME, mantendo-se o caixa de 470,568 milhões de reais da nova empresa e o patrimônio líquido de 1,151 bilhão de reais, a Tenda poderia chegar a uma dívida total (curto e longo prazo) de 690 milhões de reais, a uma taxa de 60% de dívida/patrimônio. Nos resultados pró-forma apresentados nesta terça, a construtora conta com uma dívida total de 73,053 milhões de reais. "Temos caixa para sustentar a operação e, se necessário, temos também linhas de crédito à disposição", disse Amaral. Mas isso não significa que a empresa vai sair contratando todo o crédito que quiser. "A Tenda tem um guidance [estimativas de resultados] formal. Vamos olhar com cuidado", afirmou.

Futuro

O executivo evitou se comprometer com metas para a nova empresa, depois que o mercado demonstrou frustração com alguns números da Tenda no segundo trimestre. De acordo com Amaral, um novo plano de negócios deve ser concluído em 60 dias, abrangendo os próximos cinco anos. Amaral limitou-se a afirmar que, diante da expectativa de crescimento do mercado de baixa renda, o ritmo de expansão deve continuar "forte". "Mas temos que estudar os números", disse.

Na apresentação de resultados do segundo trimestre, a Tenda afirmou que pretende lançar 30.000 unidades neste ano, vender 22.000 e obter receita líquida de 750 a 800 milhões de reais. Na primeira metade do ano, a empresa lançou 15.250 unidades, vendeu 9.741 e faturou 321 milhões de reais.

Após a euforia do mercado nesta segunda-feira, quando os papéis da Tenda subiram 22,7% com a notícia da mudança do controle, as ações operam com forte baixa nesta terça. Por volta das 14h55, as ações ordinárias (TEND3, com direito a voto) recuavam 6,73%, a 4,29 reais, com 2.109 negócios realizados. No mesmo instante, o Ibovespa, principal indicador do pregão, caía 0,57%, a 54.846 pontos. Na contramão, as preferenciais da Gafisa (GFSA3) subiam 2,87%, a 26,13 reais, com 2.327 negócios.

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