Brasília, 20 de junho (Portal EXAME) O Brasil tem grande número de projetos sociais em andamento, mas a difusão de seus métodos e resultados ainda é muito pobre. Isso leva a problemas como superposição de esforços e insistência em métodos ineficazes. Foi para tentar mudar a situação que a Fundação Banco do Brasil criou um banco de dados de tecnologia social lá estão cadastradas 128 idéias criativas para combater problemas sociais no Brasil, todas já em aplicação, e que podem ser facilmente reproduzidas. O banco existe desde 2001, mas até este ano só eram aceitas idéias de entidades sem fins lucrativos. Agora, empresas também podem enviar suas propostas contanto que já estejam em aplicação. O banco de dados será uma referência para o investidor social e para o gestor público , Luís Fumio Iwata, diretor de Ciência e Tecnologia da Fundação.

Quando um interessado, seja empresa, governo ou ONG, acessa o banco e encontra a tecnologia que procura, pode reproduzi-la de graça mas tem de seguir o sistema de franquia social . Ou seja, entra em contato com a Fundação, recebe detalhes e orientação do criador da tecnologia, e depois tem de apresentar os resultados obtidos, para realimentar o banco de dados.

Além das 128 já cadastradas, há mais 111 tecnologias sociais em avaliação. Tecnologia social , para a Fundação BB, é qualquer produto ou técnica que possa ser facilmente reproduzido, sem necessidade de adaptação a condições locais. Um exemplo famoso é o soro caseiro para reidratação, feito de água, sal e açúcar. Outros, menos conhecidos, também já são usados com sucesso fora de sua região de origem. É o caso do software do projeto Luz das Letras, criado pela Copel (Companhia Paranaense de Energia). O programa visa alfabetizar e dar instrução digital a adultos, e está em uso no Distrito Federal. Outro é o curso de qualificação profissional Formare, desenvolvido pela Fundação Iochpe, hoje reproduzido em mais de 45 empresas. A Embrapa contribuiu com soluções criativas para a produção de caju no Nordeste.

As melhores tecnologias em oito áreas (água, alimentação, educação, energia, habitação, meio ambiente, renda e saúde) são premiadas pela Fundação BB, a cada dois anos. Isso ocorreu em 2001 e ocorrerá de novo em 2003. Os criadores selecionados recebem 50 mil reais, dinheiro que deverá ser reinvestido na tecnologia social.

Os vencedores da edição 2001 do prêmio foram a prefeitura de Sacramento, em Minas Gerais, com seu tijolo ecológico para construção de casas populares; a Fundação de Pesquisa Tecnológica de Campina Grande, na Paraíba, com o uso de resíduos de dessalinizadores na criação de peixes, camarões e caprinos; e a Fundação Projeto Pescar, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, com seu projeto de ensino profissional dentro das empresas.