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Friboi espera lucrar mais com restrições européias à carne brasileira

Aumento de preço da carne in natura e maior demanda por produtos industrializados compensariam barreiras ao Brasil

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A JBS Friboi espera lucrar mais com as restrições às exportações brasileiras de carne para a União Européia. Ainda em negociação com o governo brasileiro, as novas medidas devem limitar o número de fazendas aptas a remeter o produto para os europeus, o que pode prejudicar os frigoríficos que processam a carne para o embarque. Mas, em vez de ver seus números se deteriorarem com mais uma tentativa de fechamento do mercado europeu, a Friboi aposta que as restrições vão elevar em 0,7% sua margem de ebitda neste ano. A porcentagem equivale a um acréscimo de 177,840 milhões de reais ao caixa da companhia, considerando-se um câmbio de 1,80 reais projetado pela empresa.

A expectativa consta do guidance da Friboi para 2008, divulgado nesta segunda-feira (28/1). O guidance é o conjunto de resultados que a empresa espera alcançar em um determinado período. Segundo o comunicado ao mercado, as restrições deverão conduzir a um forte aumento do preço da carne bovina na Europa. A partir das unidades brasileiras, a Friboi espera exportar 72 milhões de dólares em carne in natura para o continente, o que representaria um incremento adicional de 15% na margem de ebitda - lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização - , ou 10,8 milhões de dólares.

Essa deverá ser a única contribuição positiva das operações brasileiras para a geração de caixa da Friboi, no segmento de carne in natura. Isto porque, ao restringir o volume exportado para a Europa, é possível que o excedente de carne no mercado mundial deprecie os preços em outros países. Por isso, as exportações de carne in natura para outros países devem totalizar 108 milhões de dólares, com um recuo de 10% sobre as margens. O mercado interno também deverá sofrer com o recuo dos preços, o que gerará vendas de 108 milhões de dólares, igualmente, e uma contribuição negativa de 15% sobre o ebitda. No total, a JBS Friboi Brasil espera fatuar 288 milhões de dólares neste ano, mas fechando com uma contribuição negativa de 16,2 milhões de dólares de ebitda.

A distribuição das operações para outros países, no entanto, deve compensar essas perdas. A partir da Argentina, a empresa estima que exportará 200 milhões de dólares para a União Européia. Naquele país, a contribuição para o ebitda será de 20%, ou 40 milhões de dólares. Já as operações australianas devem agregar mais 20 milhões à geração de caixa da Friboi.

A empresa também aposta no aumento do consumo de produtos industrializados pelos europeus. As exportações de carne processada devem chegar a 300 milhões de dólares, com margem de 15%, ou 45 milhões de dólares. No mercado doméstico, a Friboi pretende vender 100 milhões de dólares, com margem de 10%, ou 10 milhões. Com isso, a geração de caixa da companhia poderia chegar a 98,800 milhões de dólares, ou 177,840 milhões de reais, com a taxa de câmbio a 1,80 real.

Outros números

Mesmo não esperando efeitos negativos das restrições européias à carne brasileira, a margem consolidada de ebitda da companhia neste ano deverá ficar bem abaixo da registrada em 2007. O guidance estima uma margem de 5% a 6% para 2008. No acumulado de janeiro a setembro de 2007, a margem estava em 13,8% e, no mesmo período de 2006, em 14,1%.

Os analistas atribuem a queda na capacidade de geração de caixa à compra, em meados do ano passado, da americana Swift. A transação transformou a Friboi na maior processadora de carnes do mundo, mas representou também a aquisição de uma empresa com várias ressalvas. A margem de ebitda da Swift no terceiro trimestre, por exemplo, foi de 0,1%.

Enquanto a Friboi digere a Swift, concorrentes mostram mais fôlego para gerar caixa neste ano. Na semana passada, a Marfrig divulgou suas expectativas para 2008. Entre elas, está uma margem de ebitda de 10% a 11% - praticamente o dobro da Friboi.

A distância entre as escalas das operações, contudo, ainda é grande. A Friboi espera um faturamento líquido consolidado de 25,5 bilhões de reais neste ano, ante 6,5 bilhões da Marfrig. Os investimentos programados pela Friboi somam 600 milhões de reais (sem considerar eventuais aquisições). Já a investirá menos da metade - 250 milhões de reais.

As projeções parecem não ter animado os investidores. Um dos setores mais castigados na Bolsa de Valores de São Paulo no ano passado, os papéis continuam sofrendo perdas no início deste ano. Por volta das 11h20 desta segunda-feira, os papéis da Friboi (JBSS3) operavam com queda de 4,2%, negociados a 4,79 reais. Já os da Marfrig (MRFG3) caíam 1,6%, a 14,75 reais. No mesmo instante, o Ibovespa, principal indicador do pregão, recuava 0,96%. Em 21 de janeiro, quando a Marfrig divulgou seu guidance, suas ações fecharam em baixa de 5,77%, em meio à tormenta que se abateu sobre a Bovespa naquele dia - a bolsa paulista despencou 6,60%.

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