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Foco de estomatite animal no Mato Grosso não preocupa Minerva e Friboi

Exportações para a Rússia podem ser mantidas, desde que a carne processada venha de outros estados

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

O Ministério da Agricultura comunicou, nesta segunda-feira (11/2), a proibição de abate de animais criados no Mato Grosso, com o objetivo de exportação para a Rússia. Os animais do estado poderão ser abatidos para consumo no mercado doméstico. Os frigoríficos também poderão abater, nas plantas mato-grossenses, bois trazidos de outros estados. A medida foi tomada após o surgimento de um foco de estomatite animal no Mato Grosso. O acordo sanitário com a Rússia determina que o estado exportador esteja livre de estomatite animal. Em notas divulgadas nesta terça-feira (12/2), Minerva e Friboi afirmam que não serão prejudicados pela doença.

A JBS Friboi declarou que a pulverização de suas plantas em vários estados e países atenua a medida. A empresa observou que, caso necessário, pode "reordenar para outras fábricas a exportação para a Rússia". Já o Minerva afirmou que "não será impactado de maneira alguma por tal decisão, pelo fato de não possui nenhuma planta em operação no Mato Grosso."

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A Rússia é o principal cliente dos dois frigoríficos. No caso da Friboi, o país respondeu por 13% das exportações acumuladas de janeiro a setembro do ano passado. A receita líquida total de exportações da companhia, no período, foi de 2,113 bilhões de reais. Para o Minerva, a Rússia representou 23,2% dos 831,7 milhões de reais que exportou no mesmo período.

O mercado também reagiu com tranqüilidade à notícia. Por volta das 12h, as ações ordinárias da Friboi (JBSS3) operavam em alta de 0,75%, a 5,31 reais. Os papéis do Minerva (BEEF3) eram negociados a 8,76 reais, com ágio de 1,86%. No mesmo instante, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, subia 2,14%, a 61.943 pontos.

"Doença branda"

A estomatite vesicular animal é causada por um vírus e apresenta os mesmos sintomas que a febre aftosa. Por estar listada na Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) na categoria A, seus casos são de notificação obrigatória. O período de incubação da doença varia de 2 a 8 dias. Já o ciclo de manifestação da doença leva de 2 a 21 dias.

O governo brasileiro considera a estomatite vesicular uma doença "branda", por não afetar humanos e não acarretar risco de morte aos animais doentes. Por isso, deve negociar com a Rússia a retirada dessa zoonose da lista de doenças que podem levar à suspensão das exportações para o país. A conversa pode ocorrer na próxima visita de uma missão sanitária russa ao Brasil, marcada para 25 de fevereiro.

Em junho de 2006, a estomatite já havia levado a Rússia a embargar a carne produzida na Bahia. Na ocasião, foi detectado um foco de estomatite em Sobradinho, o que levou à interdição, por 60 dias, de dez propriedades do município.

Barreiras

Este é mais um episódio de uma série de problemas que os pecuaristas e frigoríficos brasileiros enfrentam há anos. Entre setembro de 2004 e abril de 2005, a Rússia já havia embargado a carne do país, depois do surgimento de um foco de febre aftosa em Careiro do Várzea, no Amazonas. A decisão foi considerada polêmica na época, por o estado não era um exportador para o país.

Seis meses depois, em outubro de 2005, a Rússia voltou a suspender as importações do Brasil. Desta vez, o motivo foram os focos de febre aftosa em Dourados, no Mato Grosso do Sul. Maior importador de carne bovina do país, a Rússia foi seguida por outros compradores, como União Européia, Israel e África do Sul. O caso arrasta-se até hoje. Em novembro de 2007, o governo brasileiro anunciou o fim do embargo, mas a lista divulgada pelos russos, na ocasião, exclui Santa Catarina.

O último capítulo é o embargo europeu à carne brasileira, anunciado em 30 de janeiro deste ano. Os europeus afirmam que as condições sanitárias brasileiras não são adequadas, e querem credenciar apenas 300 fazendas para exportar para o bloco econômico. Em sua primeira versão, os brasileiros apresentaram uma lista com mais de 2.800 propriedades, o que foi rechaçado pela União Européia. Agora, o governo já fala em 600 fazendas, mas enfrenta a resistência de pecuaristas e frigoríficos. Uma missão sanitária vem ao país em 25 de fevereiro para discutir o assunto.

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