Dassault firma novas parcerias mesmo sem definição do governo sobre caças
Francesa que produz o Rafale, tido como preferido por Lula, pretende trazer tecnologia para fabricação das aeronaves no Brasil
Da Redação
Publicado em 9 de fevereiro de 2011 às 18h13.
São Paulo – A decisão do governo brasileiro sobre quem fornecerá os 36 novos caças que equiparão as Forças Armadas ainda está longe de ter um desfecho, mas o consórcio Rafale International - formado pelas companhias francesas Dassault Aviation, Thales e Snecma - promoveu nesta quarta-feira (9/2), em São José dos Campos (SP), um seminário para dar continuidade ao aprimoramento da proposta de transferência de tecnologia para fabricação do caça Rafale no Brasil. A iniciativa é parte dos esforços do consórcio, que participa do Programa F-X2, de dar início à cooperação industrial que integra a proposta feita ao Brasil.
A França é a única concorrente do F-X2, lançado pelo Brasil, que oferece transferência de tecnologia irrestrita ao país e a companhias e entidades locais. “A é ideia que engenheiros brasileiros viagem à França para aprender nossa técnica e que nossa equipe venha ao Brasil para dar continuidade a esse trabalho conjunto. Acredito que esse processo possa demorar um ano, mas depende da assinatura do contrato”, disse a EXAME.com Jean-Marc Merialdo, presidente da Dassault no Brasil. Segundo ele, a empresa também negocia parcerias com universidades como UFRJ e Unicamp.
No evento, cerca de 140 empresários e acadêmicos compareceram para apresentar suas perspectivas e discutir possibilidades de parcerias entre empresas e entidades brasileiras e francesas. Só hoje foram assinadas dez cartas de intenção que complementam ou ampliam o conjunto de acordos já firmados pelo consórcio. Por exemplo, a sede brasileira da ThyssenKrupp ampliou sua parceria com a Dassault Aviation para gerenciamento logístico e produção de peças.
Durante o evento, também foram assinadas parcerias com início imediato. A empresa brasileira Ambra Solutions, especializada no desenvolvimento de projetos de engenharia no segmento aeronáutico e automotivo, firmou acordo com os franceses Grupo Safran e A Systems. O seminário teve apoio da Prefeitura de São José dos Campos, do Parque Tecnológico, do Centro para Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista (CECOMPI) e da Embaixada da França.
O seminário acontece num momento de incertezas para a Dassault. No início do ano surgiram rumores de que presidente Dilma Rousseff teria anunciado a reabertura do processo de escolha com possibilidade de entrada de novos candidatos, em detrimento da francesa, até então a preferida pelo antecessor Lula. O ministro da Defesa Nelson Jobim prontamente negou as especulações. Ele atribuiu essa informação a uma suposta "balbúrdia criada pelos concorrentes já eliminados e que estariam tentando voltar de alguma forma".
A equipe da presidente Dilma afirmou que a decisão deve acontecer em três ou quatro meses. Na disputa pela venda dos caças ao Brasil está a Dassault, com o Rafale; a norte-americana Boeing, com o F-18 Super Hornet; e a sueca Saab, com o Grippen. A russa Sukhoi foi eliminada, mas poderia voltar se a licitação fosse reaberta. Também já demonstrou interesse em entrar no processo a Lockheed, dos Estados Unidos.